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domingo, janeiro 31, 2016

Bernie Sanders cresce nas pesquisas e ameaça Clinton

Crescimento do candidato que se declara socialista e é contra as guerras feitas pelos EUA compromete tranquilidade da eleição de Hillary Clinton

 Bernie Sanders se aproxima de Hillary Clinton nas pesquisas de opinião.
O favoritismo de Hillary Clinton nas eleições primárias do Partido Democrata está ameaçado pelo crescimento da popularidade do pré-candidato Bernie Sanders, conhecido por ter um programa à esquerda dos demais concorrentes do partido. Nos próximos meses ocorrerão assembleias populares nos estados em que ocorrerão as eleições primárias. A decisão final acontecerá em julho, na convenção nacional do Partido Democrata.
O primeiro estado a realizar estas assembleias será Iowa e dará uma base mais concreta para analisar quem de fato está na disputa nas pesquisas de opinião feitas até o momento. Na última pesquisa feita em Iowa, feita na quinta-feira (14), Hillary e Sanders aparecem quase empatados com, respectivamente, 42% e 40%. Em terceiro lugar está o ex-governador de Maryland, Martin O’Malley, com chances praticamente nulas de se tornar candidato.
O senador de Virgínia, Bernie Sanders se considera “socialista democrático” e foi por muito tempo parlamentar independente, sendo o primeiro a se eleger sem um partido para o Senado norte-americano. Sanders entrou para o Partido Democrata apenas para participar com chances reais da eleição presidencial que ocorrerá em novembro. O pré-candidato se destaca por sua política contra a intervenção dos Estados Unidos em outros países, principalmente nas guerras que tem se envolvido.
Hillary Clinton, ex-secretária de Estado de Obama era a candidata preferida e acreditava-se que as primárias serviriam apenas para sancionar sua candidatura à presidência. Clinton também é da ala direita dos Democratas e sua política externa não é muito diferente da política dos Republicanos.
Em 2008, quando também participou das primárias Democratas, Hillary Clinton aparecia igualmente como favorita, sendo ultrapassada por Obama principalmente por este se opor à Guerra do Iraque, a qual ela apoiou.
O apoio a Sanders dos eleitores do Partido Democrata representa, em suma, uma oposição à política levada até o momento pelo governo Obama e da política ainda mais direitista de Clinton. Apesar disso, as chances do candidato são pequenas, devido à falta de apoio de superdelegados, que possuem direito de voto na Convenção Nacional. Enquanto a ex-secretária de Estado possui o apoio de 331 superdelegados, contra 11 do senador de Virgínia.
Devido ao agravamento da crise, está aumentando a divisão dentro dos dois principais partidos dos EUA. Enquanto a extrema-direita se fortalece e apresenta tendências de racha dentro do Partido Republicano, no Democrata, aparece uma ala esquerda, em oposição à política mais direitista levada pelos últimos governos liderados pelo partido.
Fonte: Site do PCO

sábado, janeiro 30, 2016

Gilles Deleuze - O que é ser de esquerda

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Gilles Deleuze foi um filósofo francês, Nascimento: 18 de janeiro de 1925, Paris, França,Falecimento: 4 de novembro de 1995,Paris, França., Educação: Universidade de Paris (1944–1948), Obras: Mil Platôs, Esquizoanálise,Sacher-Masoch: o frio e o cruel, mais, Influências: Félix Guattari, Michel Foucault, Friedrich Nietzsche, mais, Filhos: Émilie Deleuze, Julien Deleuze



GD: Vou lhe dizer. Acho que não existe governo de esquerda. Não se espantem com isso. O governo francês, que deveria ser de esquerda, não é um governo de esquerda. Não é que não existam diferenças nos governos. O que pode existir é um governo favorável a algumas exigências da esquerda. Mas não existe governo de esquerda, pois a esquerda não tem nada a ver com governo. Se me pedissem para definir o que é ser de esquerda ou definir a esquerda, eu o faria de duas formas. Primeiro, é uma questão de percepção. A questão de percepção é a seguinte: o que é não ser de esquerda? Não ser de esquerda é como um endereço postal. Parte-se primeiro de si próprio, depois vem a rua em que se está, depois a cidade, o país, os outros países e, assim, cada vez mais longe. Começa-se por si mesmo e, na medida em que se é privilegiado, em que se vive em um país rico, costuma-se pensar em como fazer para que esta situação perdure. Sabe-se que há perigos, que isso não vai durar e que é muita loucura. Como fazer para que isso dure? As pessoas pensam: “Os chineses estão longe, mas como fazer para que a Europa dure ainda mais?” E ser de esquerda é o contrário. É perceber... Dizem que os japoneses percebem assim. Não vêem como nós. Percebem de outra forma. Primeiro, eles percebem o contorno. Começam pelo mundo, depois, o continente... europeu, por exemplo... depois a França, até chegarmos à Rue de Bizerte e a mim. É um fenômeno de percepção. Primeiro, percebe-se o horizonte.
CP: Mas os japoneses não são um povo de esquerda...GD: Mas isso não importa. Estão à esquerda em seu endereço postal. Estão à esquerda. Primeiro, vê-se o horizonte e sabe-se que não pode durar, não é possível que milhares de pessoas morram de fome. Isso não pode mais durar. Não é possível esta injustiça absoluta. Não em nome da moral, mas em nome da própria percepção. Ser de esquerda é começar pela ponta. Começar pela ponta e considerar que estes problemas devem ser resolvidos. Não é simplesmente achar que a natalidade deve ser reduzida, pois é uma maneira de preservar os privilégios europeus. Deve-se encontrar os arranjos, os agenciamentos mundiais que farão com que o Terceiro Mundo... Ser de esquerda é saber que os problemas do Terceiro Mundo estão mais próximos de nós do que os de nosso bairro. É de fato uma questão de percepção. Não tem nada a ver com a boa alma. Para mim, ser de esquerda é isso. E, segundo, ser de esquerda é ser, ou melhor, é devir-minoria, pois é sempre uma questão de devir. Não parar de devir-minoritário. A esquerda nunca é maioria enquanto esquerda por uma razão muito simples: a maioria é algo que supõe – até quando se vota, não se trata apenas da maior quantidade que vota em favor de determinada coisa – a existência de um padrão. No Ocidente, o padrão de qualquer maioria é: homem, adulto, macho, cidadão. Ezra Pound e Joyce disseram coisas assim. O padrão é esse. Portanto, irá obter a maioria aquele que, em determinado momento, realizar este padrão. Ou seja, a imagem sensata do homem adulto, macho, cidadão. Mas posso dizer que a maioria nunca é ninguém. É um padrão vazio. Só que muitas pessoas se reconhecem neste padrão vazio. Mas, em si, o padrão é vazio. O homem macho, etc. As mulheres vão contar e intervir nesta maioria ou em minorias secundárias a partir de seu grupo relacionado a este padrão. Mas, ao lado disso, o que há? Há todos os devires que são minoria. As mulheres não adquiriram o ser mulher por natureza. Elas têm um devir-mulher. Se elas têm um devir mulher, os homens também o têm. Falamos do devir-animal. As crianças também têm um devir-criança. Não são crianças por natureza. Todos os devires são minoritários. CP: Só os homens não têm devir homem.GD: Não, pois é um padrão majoritário. É vazio. O homem macho, adulto não tem devir. Pode devir mulher e vira minoria. A esquerda é o conjunto dos processos de devir minoritário. Eu afirmo: amaioria é ninguém e a minoria é todo mundo. Ser de esquerda é isso: saber que a minoria é todo mundo e que é aí que acontece o fenômeno do devir. É por isso que todos os pensadores tiveram dúvidas em relação à democracia, dúvidas sobre o que chamamos de eleições. Mas são coisas bem conhecidas.

sexta-feira, janeiro 29, 2016

Por que Dilma não faz um governo de esquerda? A economia política dos governos do PT

Marcelo Dias Carcanholo 
Muitos se assustam com o caráter ortodoxo da política econômica aplicada pelo governo nestes primeiros meses do segundo mandato de Dilma Rousseff. Outros tantos chegam a se mobilizar para tentar resgatar um mandato que, presumivelmente, teria que ser de esquerda e, portanto, não deveria implementar um ajuste ortodoxo recessivo para combater os efeitos da crise da economia mundial, algo tipicamente de direita.
Várias questões emergem deste tipo de percepção. O que é uma política econômica de direita, ou esquerda? Qual a relação disso com a ortodoxia/heterodoxia em sua formulação? Por que o segundo governo Dilma teria guinado à direita? Comecemos respondendo o último, e de maneira provocativa. Dilma não faz um governo de esquerda porque essa nunca foi a proposta. E essa nunca foi a proposta  porque não se adéqua à estratégia de desenvolvimento dos governos do PT desde 2003!
Lula se elege em 2002 por conta da crise da estratégia neoliberal de desenvolvimento que havia levado a economia brasileira a pífias taxas de crescimento econômico, crescentes déficits e vulnerabilidades externas e concentração de renda e riqueza nos governos anteriores. Dever-se-ia, portanto, reverter essa estratégia. Mas, o que é uma estratégia neoliberal de desenvolvimento? Aqui reside o centro da incompreensão que leva aqueles muitos a se assustarem com a ortodoxia econômica dos governos do PT.
Ao contrário do que se imagina a estratégia neoliberal de desenvolvimento não é sinônimo de uma política econômica (monetária, fiscal e cambial) ortodoxa e, de alguma forma, é até independente. O neoliberalismo, segundo seus formuladores, se define em um maior nível de abstração, o da estratégia de desenvolvimento. Segundo seus defensores, duas seriam suas características: (i) é necessário obter a estabilização macroeconômica (inflacionária e das contas públicas), como uma pré-condição, e; (ii) dado (i), são necessárias reformas estruturais (liberalização, desregulamenteção e abertura de mercados, junto com amplos processos de privatização) que elevem o papel do mercado na determinação dos preços e quantidades de equilíbrio, retirando as  possíveis distorções introduzidas por mecanismos populistas. Com os corretos sinais fornecidos pelo mercado e a elevação do ambiente competitivo, a promessa sempre é a de que crescerá a produtividade e, portanto, a economia, assim como ocorrerá uma redistribuição da renda que for produzida.
A estratégia neoliberal de desenvolvimento se define, portanto, no âmbito dos marcos estruturais da economia. E como se obtém a estabilização macroeconômica (i), pré-requisito para a retomada do crescimento? Com uma política ortodoxa ou heterodoxa? A resposta é direta: pouco importa. Tudo dependerá do ambiente conjuntural. Daí entende-se como a mais pura ortodoxia econômica tinha poucos  problemas nos anos 90 do século passado para defender o controle de um preço-chave em qualquer economia, a taxa de câmbio, desde que ela servisse como âncora para a estabilização dos preços. Nesse momento, a economia brasileira convivia com uma política econômica de bandas cambiais, política monetária restritiva de combate à inflação e política fiscal também restritiva, no intuito de obter superávits primários necessários para garantir o pagamento do serviço da dívida pública.
A crise de janeiro de 1999, ainda nos marcos do governo FHC, modificou a conjuntura e, portanto, o caráter da política econômica (regime de câmbio flutuante, com intervenção do Banco Central, regime de metas inflacionárias, manutenção / aprofundamento da política de superávits primários), mas ainda dentro da mesma agenda neoliberal de desenvolvimento.
Quando Lula assume o governo em 2003, o que se modifica? Nada. A política econômica – sob o discurso de manutenção da credibilidade – mantém o mesmo caráter do segundo FHC e as reformas estruturais pró-mercado são ampliadas.
Por que os resultados foram diferentes? Por que a economia passou a crescer mais e houve algum tipo de redistribuição desse crescimento? Porque a política econômica mudou? Não. Porque a estratégia de desenvolvimento guinou à esquerda? Tampouco. Simplesmente o que se modificou foi o cenário conjuntural externo, com grande crescimento das economias paras as quais a economia brasileira exportava, e com um favorável comportamento dos mercados internacionais de crédito. Isso permitiu ao governo, mesmo sem nenhuma modificação de estratégia, elevação das taxas de crescimento, sem pressões inflacionárias, maiores arrecadações do governo, que  permitiram algum tipo de política social compensatória.
Mesmo durante esse período do cenário externo favorável (2002-2007) é preciso ressaltar que: (i) a economia brasileira cresceu mais do que em períodos anteriores, mas se comparados com nossos pares da América Latina, só crescemos mais do que a economia haitiana; (ii) por conta do aprofundamento das reformas liberais, os problemas estruturais de nossa economia se agravaram (a reprimarização das exportações, relativa desindustrialização e forte crescimento do passivo externo). Assim, qualquer reversão do cenário conjuntural externo e esses problemas estruturais crescentes se manifestariam de forma agravada.
Esse cenário externo favorável se modifica radicalmente com a crise da economia mundial em 2007/2008. A partir desse momento, desconsiderando alguns vacilos iniciais, o governo tentou conter os impactos da crise com desoneração tributária de alguns setores, expansão do crédito para financiar o consumo das famílias e, com isso, garantir mercado para a produção que procurava ser mantida. Tratou-se de uma tímida política econômica anticíclica, não-ortodoxa, mas ainda dentro da mesma estratégia liberal de desenvolvimento.
Com a longa duração da crise econômica mundial, essa política mostrou seus limites: (i) ampliação dos déficits fiscais; (ii) superendividamento das famílias, que restringe o avanço do consumo e compromete grande parcela de suas rendas com mero  pagamento de serviços de dívida. Já em 2014, mesmo antes da campanha eleitoral, estava claro que, independente de quem ganhasse a eleição e dos discursos proferidos na campanha, a resposta aos efeitos da crise seria um ajuste ortodoxo, retirando aquele leve ar de heterodoxia que a política econômica anticíclica tinha sustentado até aquele momento.
A razão disso não é – como alguns podem imaginar – que, no final das contas, a teoria econômica ortodoxa tem razão e, portanto, a forma correta de responder aos efeitos de uma crise é aplicando um ajuste recessivo, como, aliás, o atual governo – em outras palavras – quer nos fazer crer. A resposta para isso é que o ajuste recessivo, uma resposta ortodoxa de política econômica para a atual crise, é a única forma conjuntural de garantir os compromissos necessários e assumidos pela atual estratégia de desenvolvimento. Portanto, só é possível entender porque o governo Dilma não faz um governo de esquerda se entendermos a economia política de seu governo que, aliás, mantém a economia política de seu mentor político. Nesta conjuntura, outra política  pressupõe outra estratégia de desenvolvimento que, por sua vez, pressupõe outra conformação do poder econômico e político.
Um governo realmente de esquerda seria aquele que rompesse – de fato – com a estratégia neoliberal de desenvolvimento e, por conta disso, ao reduzir a vulnerabilidade externa estrutural de sua economia, promovesse uma verdadeira modificação estrutural da concentração de renda e riqueza, que ampliasse os mercados internos – que ainda  poderiam ser expandidos com uma verdadeira integração regional, para além dos acordos de livre-comércio. Políticas sociais e públicas muito além do mero compensatório dos problemas estruturais que decorrem, justamente, da ampliação das reformas estruturais liberalizantes.
Por que não se faz isso? Porque isso seria alterar os marcos estruturais do desenvolvimento e, portanto, as classes e/ou frações de classe que são beneficiadas pela atual estratégia. Sendo assim, as conclusões não poderiam ser outras. Por um lado, Dilma não faz um governo verdadeiramente de esquerda porque essa nunca foi a  proposta. Por outro lado, essa nunca foi a proposta porque, dada a aliança política e de classes que os governos do PT construíram, nunca poderia ter sido diferente.

[1] Este texto foi publicado originalmente no Jornal dos Economistas (Corecon-RJ / Sindecon-RJ).

quinta-feira, janeiro 28, 2016

Confira a lista dos deputados do Rio de Janeiro que traíram os trabalhadores, aprovando a tramitação urgente do PL da terceirização

Paulinho e Eduardo CunhaPaulo Pereira da Silva, o Paulinho do Solidariedade e da Força Sindical, e Eduardo Cunha Cunha, presidente da Câmara.  Foto: Luís Macedo/Agência Câmara
Confira os deputados que votam contra os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras
Lista mostra quais parlamentares aprovaram a tramitação em regime de urgência do PL 4330, da terceirização total que acabará com a CLT.
Acompanhe na relação a seguir quais os deputados que votaram contra ou a favor do regime de urgência para a tramitação do PL 4330, o projeto da terceirização total e indiscriminada que reduzirá direitos dos trabalhadores.
Quem votou sim é, portanto, contra os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Esta lista foi elaborada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara
Rio de Janeiro (RJ)
Alessandro MolonPTNão
Alexandre SerfiotisPSDSim
Alexandre VallePRPSim
Altineu CôrtesPRSim
AureoSolidariedSim
Benedita da SilvaPTNão
Cabo DacioloPSOLNão
Celso JacobPMDBSim
Celso PanseraPMDBNão
Chico AlencarPSOLNão
Chico D’ AngeloPTNão
Clarissa GarotinhoPRNão
Cristiane BrasilPTBSim
DeleyPTBNão
Dr. JoãoPRSim
Eduardo CunhaPMDBArt. 17
Ezequiel TeixeiraSolidariedSim
Fabiano HortaPTNão
Felipe BornierPSDSim
Fernando JordãoPMDBSim
Francisco FlorianoPRNão
Glauber BragaPSBNão
Hugo LealPROSNão
Indio da CostaPSDSim
Jair BolsonaroPPSim
Jandira FeghaliPCdoBNão
Jean WyllysPSOLNão
Julio LopesPPSim
Leonardo PiccianiPMDBSim
Luiz Carlos RamosPSDCNão
Luiz SérgioPTNão
Marcelo MatosPDTNão
Marcos SoaresPRSim
Marquinho MendesPMDBSim
Miro TeixeiraPROSNão
Otavio LeitePSDBSim
Paulo FeijóPRSim
Roberto SalesPRBNão
Rodrigo MaiaDEMSim
Rosangela GomesPRBNão
Sergio ZveiterPSDSim
Simão SessimPPSim
Soraya SantosPMDBSim
Sóstenes CavalcantePSDSim
Walney RochaPTBSim
Washington ReisPMDBSim
Total Rio de Janeiro: 46
Fonte: VIOMUNDO

quarta-feira, janeiro 27, 2016

Dinheiro dos Profissionais da Educação Pública vai para Empresas que financiam tucanos e aliados


Estado deve implantar OSs na área da Educação aos moldes das charter schools americanas. Tirando dinheiro da valorização dos Profissionais e irrigar empresas que apoiam PSDB e Aliados

Governador Marconi Perillo pretende repassar a administração de unidades educacionais estaduais para às organizações sociais. Modelo a ser adotado obteve grande sucesso nos Estados Unidos

Governador Marconi (PSDB) pretende tirar dinheiro das escolas estaduais goianas para empresas que financiam campanhas eleitorais / Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Pelo que tudo indica, o governo de Goiás está empenhado em levar a cabo o projeto tucano e da direita brasileira que visa tirar dinheiro público e repassá-las as empresas ligadas à políticos, disfarças com o pomposo nome de organizações sociais (OSs) dentro da estrutura do Estado. Depois da Saúde, no qual em 2011 as principais unidades hospitalares foram repassadas para a administração das OSs, a Educação será a próxima área a ser submetida ao novo modo administrativo. Importante lembrarmos que no Estado do Rio de Janeiro,bem como em diversos Estados e Municípios do Brasil, pipocam escândalos de roubos bilionários com a utilização destas organizações. Por enquanto, não há informações oficiais de como este plano será implementado, porém fontes indicam que o modelo a ser implantado vai seguir o padrão de Charter Schools americanas, ou seja, colégio estadual com maior autonomia, cuja gestão é compartilhada entre os setores públicos e privado. Ou seja, o dinheiro que tem para ser gasto pagando empresários, não existe para pagar o salário digno aos profissionais da educação.
O governo tucano de Marconi Perillo (PSDB) é o laboratório do PSDB Nacional e seus aliados, nas experiências de retirada de direitos dos trabalhadores e entrega do dinheiro público, para a iniciativa privada. O fracasso da experiência de Marconi Perillo (PSDB) em entregar as diretorias de Escolas Estaduais à Coronéis da PM, faz com que agora, ao invés de democratizar a gestão escolar com a escolha das direções escolares, através de eleições diretas, prefere seguir o receituário de entrega do que foi construído com dinheiro do trabalhador à empresas que visam apenas o lucro e não a educação integral.
O tucano, afirma que os funcionários do Estado contratados pelo regime celetista rendem mais pelo simples fato de serem substituídos por profissionais no mercado se não corresponderem as expectativas da sociedade em desempenhar um trabalho de qualidade. Esculachando os servidores concursados, o governador do PSDB, afirma que os estatutários são preguiçosos. Ele segue a linha do PSDB e seus aliados e defende a terceirização geral e irrestrita e precarização das mão-de-obra
A legislação brasileira permite a gestão compartilhada há mais de uma década. As OSs, desde que legalmente constituídas, podem firmar convênios para exercer atividades típicas do Estado, recebendo para isso repasse de recursos públicos em forma de valores orçamentários, material, bens imóveis e pessoais. A legislação também é específica quanto aos critérios de gestão compartilhada. O corpo diretivo deve necessariamente ser composto, entre 20% e 40%, de representantes do Poder Público. Além disso, na área em que atua as OSs deverão ter sua qualificação devidamente autorizada pelo ministério ou secretaria correspondente, que também se encarrega dos repasses de recursos.
Áreas como a da saúde têm utilizado mais amplamente a legislação que rege as OSs nas parcerias público-privadas. Na educação, essa é uma iniciativa ainda pouco disseminada, em parte porque a Lei das Diretrizes Básicas da Educação (LDB), de 1996, estabelece que recursos públicos da educação só podem financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas em forma de bolsas de estudo, o que torna instável a regulamentação das escolas charter no Brasil. Em todas as experiências de utilização de OSs há corrupção, superfaturamento, roubo de direitos dos trabalhadores e financiamento de campanhas dos responsáveis pela contratação destas.
Os educadores brasileiros,mal remunerados, muitos com seus décimo terceiro não pagos, ou parcelados, não recebem a valorização esperada, enquanto a direita visa a transferência do dinheiro público para manutenção dos seus privilégios.

A noção de nova classe média é ilusória

2015 . Ano 12 . Edição 85 - 20/01/2016
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Jessé Souza

Desde abril de 2015, Jessé Souza, professor de Ciência Política na Universidade Federal Fluminense (UFF), preside o Ipea. Seus trabalhos sobre estratificação social se tornaram referência acadêmica. Eles desfazem o mito da existência de uma “nova classe média” brasileira, conceito repetido até pouco tempo atrás. Para ele, “o que há é a velha classe trabalhadora, que teve acesso maior ao consumo, sem mudanças significativas em sua inserção social”, diz. E classifica esses brasileiros em agrupamentos como ralé e batalhadores.
Jessé busca consolidar o Ipea como celeiro de pesquisas variadas e plurais e como gerador de projetos interdisciplinares que ajudem na compreensão global da sociedade brasileira. Nesta entrevista, ele toca nesses assuntos e avalia que desigualdade social não é apenas fenômeno econômico. “Há toda uma série de questões simbólicas e culturais em jogo nas classes sociais em nosso país”.
Gilberto Maringoni

Desenvolvimento
 – O senhor é uma referência na área de pesquisa social no Brasil e possui carreira acadêmica consolidada. Com que expectativa e com que projeto chega ao Ipea?
Jessé – Essa vinda tem a ver com a minha carreira de pesquisador. Eu havia feito uma investigação – entre 2008 e 2010 – que serviu como uma primeira contraposição à noção de nova classe média. Resultou no livro Batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora?. Foi um trabalho interessante por várias razões. Ele permitiu que agente depurasse tudo o que havíamos examinado sobre a ralé, a partir de um estudo anterior sobre os excluídos, a classe mais importante entre nós, e que dá singularidade ao Brasil. Nossos problemas econômicos e sociais, em alguma medida, têm a ver com essa classe e com o fato de serviços públicos, como segurança, educação e saúde, serem de má qualidade para os pobres. O fato é: esta não é uma classe condenada para sempre. Politicamente, é importante a gente perceber isto.
Desenvolvimento – Mas não houve uma mudança, nos últimos anos?
Jessé – O que está em jogo é a construção de uma nova classe trabalhadora precária para o capitalismo financeiro. É fenômeno mundial e não apenas nacional. É assim na China, Tailândia, Turquia, Índia etc. Ocorre em todos os países de grande contingente populacional, com gente disposta a fazer quase tudo por muito pouco. Essa é a grande característica dessa classe.
Desenvolvimento – Por que o termo ralé?
Jessé – Sabe por que eu comecei a usar esse conceito? Porque meus colegas começaram a dizer que era um negócio horrível, que eu deveria chamar de pobre. Pensei assim: se tem uma palavra que incomoda, é porque tem um pouco de verdade nela.
Desenvolvimento – Como foi realizada a pesquisa?
Jessé – Essa noção de nova classe média é ilusória, por eliminar todos os dados de privilégio de nascimento que estão envolvidos no pertencimento à classe média. Os pobres não têm privilégios de nascimento. Aliás, não têm nenhum. Nosso livro foi somente uma primeira aproximação do problema. Está acontecendo aqui o principal fato econômico, político e social do Brasil dos últimos cinquenta anos. Está se criando um movimento de massa entre nós. Não houve, nos últimos anos, só estímulo econômico, houve estímulo religioso, que foi extremamente importante. Não à toa, dois ou três milhões de brasileiros pobres se tornam evangélicos a cada ano. Esse era um espaço que me interessou bastante estudar e qualificar. Enviamos gente para o Brasil todo. Foram 20 pesquisadores, no total. Isso me deu dados muito distintos daqueles que estavam sendo veiculados pela imprensa. O cotidiano dessas pessoas é constituído pela combinação de penúria e trabalho. Algumas delas trabalham 14, 15 horas por dia, inclusive nos finais de semana, estudando à noite etc. Batalhadores. Desenvolvem um extraordinário esforço de ascensão social, de sair da miséria. Isso me tocou e eu passei a achar que a grande questão brasileira envolvia a compreensão dessa classe e suas consequências econômicas, políticas e sociais.
Desenvolvimento – Isso tem a ver com aquilo que chamam de precariado, no lugar de proletariado?
Jessé – Eu não gosto desse nome, precariado, porque vem de uma associação com um fenômeno europeu. O precário se forma a partir da quebra das condições da classe trabalhadora clássica, industrial, que vem do compromisso social‑democrata. Quem sai disso aí passa a ter relações precárias e passa a se chamar precariado. Não gosto deste conceito do Guy Standing [economista inglês, que estuda mundo do trabalho], por não ser um conceito de classe que pega o aspecto simbólico da classe que, para mim, é o essencial. O aspecto econômico é uma decorrência de aspectos morais simbólicos, emocionais. O precariado é mais uma daquelas importações ad hoc que você precisa transformar, aqui, em uma situação totalmente distinta. Essa situação do capitalismo mundial é completamente nova. Ela não existia no capitalismo competitivo do tempo de Marx. Não se pode falar em exército de reserva [parcela dos trabalhadores estruturalmente desempregada, cuja função é reduzir pressões salariais de quem está na ativa], por exemplo, para essa ralé. Ela não vai para o processo produtivo em época de grande produtividade, como aconteceu no Brasil. Havia pleno emprego e a gente teve que importar mão de obra, em 2009 e 2010. No caso brasileiro e de outros países periféricos, a situação é outra. É uma classe trabalhadora que estava fora do mercado inclusive, que obtém vínculo formal. Por isso acho que não se deve usar o mesmo nome.
Desenvolvimento – Tivemos que importar engenheiros e alguns quadros técnicos. Não era tanto na base da sociedade.
Jessé – É verdade. Trabalhadores técnicos, qualificados, mas no nível da classe trabalhadora.
Desenvolvimento – E onde entramos com a questão da nova classe média?
Jessé – A classe média é privilegiada. Quando se usa a palavra classe, a noção principal é de que há uma luta. Embora eu não veja como o marxismo vê, concordo que o ponto para compreender nossa sociedade é perceber que há uma luta de classes. Todas as mentiras que existem, sejam científicas, ou do senso comum da grande imprensa, têm a ver com luta de classes. A atual crise brasileira e essa contraposição entre mercado e Estado têm a ver com o quê? Têm a ver com um mecanismo de encobrir a luta de classes. O que é luta de classes? É a apropriação monopolizada ou oligopolizada dos recursos escassos. Os recursos não são apenas materiais, como normalmente a gente pensa. Recursos como charme, beleza, prestígio, conhecimento, autoconfiança são atributos que alguns têm, outros não. Algumas camadas da sociedade têm acesso privilegiado a isso. Têm todo o poder político, de financiamento, via eleições. E o mais importante de todos, eu acho, o atributo da informação.
Desenvolvimento – Como o senhor vê a questão da meritocracia?

Jessé – A meritocracia é a grande farsa, a grande justificativa moral do capitalismo. As pessoas veem o capitalismo como se fosse um sistema de trocas econômicas. O capitalismo não diz somente o seguinte: “eu sou a forma mais eficiente de se produzir bens”. Ele diz também: “eu sou a sociedade mais justa”. Essa é sua dimensão simbólica. Não estou dizendo nada nas nuvens. Estou falando de algo que gera humilhação, degradação, depressão, doenças e morte para quem está abaixo de uma linha invisível de distinção social. A meritocracia é uma mentira moral porque ela faz crer que a sociedade é composta de indivíduos. Como se fosse uma trajetória individual, enquanto é possível provar que todo mérito individual é socialmente construído. Ele é fruto de reprodução de privilégios, de injustiças que são construídas historicamente, além do tempo. Tem a ver com reprodução de injustiça, portanto.
PERFIL
Jessé Souza é professor de Ciência Política na Universidade Federal Fluminense (UFF). Nos últimos anos, construiu obra que se tornou referência nos estudos sociais da sociedade brasileira. Natural do Rio Grande do Norte, Jessé é graduado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e mestrado em Sociologia pela mesma instituição. Doutorou‑se também em Sociologia pela Karl Ruprecht Universität Heidelberg e realizou sua livre docência na Universität Flensburg, ambas na Alemanha. Teoria social, pensamento social brasileiro e estudos sobre desigualdade e classes sociais são suas principais áreas de atuação acadêmica.
Entre seus 22 livros publicados estão Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora? e A ralé brasileira: quem é e como vive. No final de 2015 lançou A tolice da inteligência brasileira, análise crítica de alguns dos cânones do pensamento social em nosso país. 
Desenvolvimento – Como isso acontece na vida cotidiana?
Jessé – Volta e meia a mídia propaga questões de bom gosto. Um vinho cuja garrafa custa R$ 20 mil, por exemplo, prova que seu consumidor tem bom gosto. Não se coloca em questão quem na sociedade pode pagar esse preço por um vinho. O decisivo aqui é mostrar que a pessoa tem bom gosto, que nenhum dos supostos imbecis que gostam de cerveja barata tem. A noção que está posta aí – e que não é percebida – é de homem sensível. É a obra de Pierre Bourdieu [1930‑2002, sociólogo francês], que evidenciou isso. Ele mostrou como as regras de distinção se assentam sobre a assimetria subjacente à sociedade francesa, que dizia ter vencido a desigualdade. Propagava‑se que la république française fora montada na escola pública para todos. O que Bourdieu disse? Uma ova. Isso é reproduzido de outras formas, que vão além do nível econômico. É isso que tentamos esmiuçar no estudo sobre os batalhadores e sobre a ralé.
Desenvolvimento – Voltemos à sua vinda para o Ipea.
Jessé – O Ipea é uma instituição de pesquisa aplicada e a crise fiscal entra cobrando urgências. A gente foi logo obrigado a montar o que chamamos de agenda estratégica. E aí desenvolvemos estudos em várias áreas e unimos à capacidade do Ipea para cumprir essa agenda.
Desenvolvimento – O senhor propõe uma pesquisa mais ampla sobre esses temas?
Jessé – Temos de fazer uma investigação qualitativa em várias áreas. O que você vai ouvir de uma pessoa não é a verdade sobre ela. É a legitimação dela. Essa é a necessidade. Mas você pode fazer uma pesquisa que poderia chamar de hermenêutica. Ou seja, sabendo disso, ao mesmo tempo em que só ela pode dizer quem ela é, você pode dispor de técnicas para acessar isso. O principal é: que tipo de disposições essa pessoa tem? Pertencimento familiar vai dizer se ela vai ser ou não ser bem‑sucedida na escola, sua propensão ao pensamento abstrato, ligado sempre a situações concretas. Ao invés de ser estimuladapela fantasia, estará no carrinho de mão do pai, que é pedreiro. Vai ser montada para ser um trabalhador manual. Isso é extremamente importante. Não é um número. Os seres humanos são montados assim. Se a pessoa tem ou não estímulo para ter capacidade de concentração. Capacidade de concentração, alguém da classe média com cinco anos tem. As condições de vida de quem é muito pobre muitas vezes não permitem que se adquira isso.
Desenvolvimento – Essa é uma agenda para o Ipea?
Jessé – Sim. Nós montamos esta pesquisa, que nós chamamos de Radiografia do Brasil Moderno, com duas dimensões. Uma tem a ver, no fundo, com o conhecimento de todas as classes. Nossa ideia era ter um apanhado geral para depois fazermos o que vai magnificamente se casar com o que o Ministério do Planejamento está fazendo. A ideia é tornar o Ipea uma instituição para avaliar as políticas públicas mais importantes do governo, junto ao Ministério do Planejamento. E o Ipea tem uma enorme base de dados quantitativos. Vamos usar esse conhecimento para que a gente possa utilizar tanto dados qualitativos quanto quantitativos desta pesquisa no acompanhamento de políticas públicas para melhorar sua eficiência. Você só pode ter eficácia institucional se você conhecer seu público.
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Desenvolvimento – Que áreas do conhecimento essa pesquisa, de caráter interdisciplinar, envolve?
Jessé – Economia, sociologia, cultura, ciência política, psicologia, pedagogia, direito etc. Não consigo prever uma área das ciências humanas em que ela não esteja presente. Tem outra ponta desse projeto que é uma radiografia das instituições. Por exemplo, a instituição das agências de controle. A gente quer ter um primeiro olhar sobre essas instituições. Como podemos melhorar a gestão? Como essas instituições se comportam no jogo político?
Desenvolvimento – O Ipea tem cinco diretorias. Cada uma delas tem suas pesquisas autônomas. Como a agenda que o senhor propõe se articula com sua estrutura?
Jessé – A gente tem de evitar uma feudalização na instituição, com cada diretoria seguindo uma diretriz própria. Tem de haver um plano conjunto, com as pesquisas específicas de cada uma das diretorias. Os técnicos qualificados do Ipea só são quem são pela possibilidade de realizarem pesquisas aprofundadas, de longo prazo. Não se monta nenhum think tank sem disso. É preciso, de algum modo, dialogar com essas duas necessidades, um projeto geral e as demandas específicas. As dinâmicas das diretorias devem estar inseridas em um projeto comum.
Desenvolvimento – Falemos de seu último livro, A tolice da inteligência brasileira. Trata‑se de uma polêmica no terreno da cultura e das ciências sociais. O que é esse trabalho, exatamente?
Jessé – A ciência política sempre foi uma trincheira política. Max Weber (1864‑1920), autor extremamente político, nos deixou uma grande lição, a de que as ideias constroem o mundo. Claro, elas não constroem a seu bel‑prazer, precisam estar ligadas a interesses poderosos. As pessoas acham que o que constrói o mundo é o dinheiro. Eu não acho isso. O dinheiro, em si, não tem nenhum poder. Eu aprendi que as ideias é que montam o mundo, que os seres humanos não são só produtores de mercadorias, como dizia Marx, mas eles são seres que se autointerpretam. Precisam, para qualquer coisa, mesmo que seja produzir mercadoria, de uma interpretação do que estão fazendo.
Desenvolvimento – E isso se aplica ao Brasil?
Jessé – Claro! A pergunta aqui é: como o Brasil chegou a ser uma das sociedades mais perversas, desiguais e absurdas do planeta? Eu olho para o país com olhos assustados. A realidade cada dia triplica este efeito. Eu quero mostrar como esta mentira, esta violência simbólica, dizendo em termos técnicos, foi construída, de tal modo que ela agora ganhou corações e mentes de todos os brasileiros. Para mim, isso tem uma significação política óbvia.
Desenvolvimento – O senhor critica, no livro, alguns autores importantes das ciências sociais. Por favor, comente um pouco sobre isso.
Jessé – Na minha formação intelectual, desde jovem, comecei a estudar grandes pensadores de forma sistemática. Em seguida, li os brasileiros. Gilberto Freyre [1900‑87], apesar de muito conservador, me despertou viva admiração. O mesmo se deu com Florestan Fernandes [1920‑85]. Ele foi o único a superar o paradigma de perceber que o capitalismo não é apenas troca de mercadorias e fluxo de capitais. Tem um componente simbólico e uma forma de classificar as pessoas. Caio Prado Jr. (1907‑90) é outra referência notável e eu o colocaria até como fundador de um tipo de interpretação do Brasil. Celso Furtado (1920‑2004) é outro pensador decisivo. Mas a maior parte do que li achei muito inconsistente. Por exemplo, Raimundo Faoro [1925‑2003] é de uma fragilidade risível, assim como Sérgio Buarque [1902‑82] e Fernando Henrique Cardoso. Sempre me perguntei: como adquiriram respeitabilidade?
Desenvolvimento – Esses intelectuais são canônicos e estão consolidados na academia. Que tipos de ataque o senhor tem sofrido por força disso?
Jessé – Minha vida inteira na universidade foi uma luta para sobreviver. Eu já sofri todo tipo de ataque que você possa imaginar. A única estratégia de você montar uma vida que vai ser contra os cânones é uma estratégia de longo prazo.
Desenvolvimento – Devem existir críticas como “Quem é o senhor para criticar Sérgio Buarque”?
Jessé – Claro. Eu sou um ser humano com as mesmas capacidades físicas e intelectuais de qualquer outro. E meus argumentos em relação a isso são produto de uma vida. E as ideias estão aí para serem contrapostas. Eu penso que o Brasil obedece a esquemas de classificação muito semelhantes aos da Alemanha, da França etc. Eu fiz uma pesquisa empírica para mostrar isso. Avalio que, por conta disso, faço uma interpretação nova e ousada. Em minha visão, estou aí para receber as críticas que vierem
Fonte: Site do IPEA de 24/02/2016

terça-feira, janeiro 26, 2016

Quem são as 62 pessoas cuja riqueza equivale à de metade do mundo

Nesta semana, a organização não governamental britânica Oxfam divulgou os resultados de um estudo no qual afirma que o 1% mais rico do mundo já detém tanta riqueza quanto o resto dos habitantes do planeta.



 

Além disso, a ONG destacou que as 62 pessoas mais ricas têm tanto dinheiro e bens quanto metade da população global.
A lista tem dois brasileiros: o empresário Jorge Paulo Lemann, que atua em uma série de setores – como de cervejarias e o de varejo –, e o banqueiro Joseph Safra.
A Oxfam se baseou no ranking anual de bilionários compilado pela revista americana Forbes. Confira quem faz parte da lista:

 

1 Bill Gates (EUA) US$ 79,2 bilhões Microsoft;

2 Carlos Slim (México) US$ 77,1 bilhões Setor de telecomunicações

3  Warren Buffett (EUA) US$ 72,7 bilhões Berkshire Hathaway
4 Amancio Ortega (Espanha) US$ 64, 5 bilhões Zara
5 Larry Ellison (EUA) US$ 54,3 bilhões Oracle
6 Charles Koch (EUA) US$ 42,9 bilhões Diversos setores
7 David Koch (EUA) US$ 42,9 bilhões Diversos setores
8 Christy Walton (EUA) US$ 41,7 bilhões Wal-Mart
9 Jim Walton (EUA) US$ 40,6 bilhões Wal-Mart
10 Liliane Bettencourt (França) US$ 40,1 bilhões L’Oreal


Posição
Nome
Patrimônio
Setor/empresa
País
11
Alice Walton
US$ 39,4 bi
Wal-Mart
EUA
12
S. Robson Walton
US$ 39,1 bi
Wal-Mart
EUA
13
Bernard Arnault
US$ 37,2 bi
LVMH
França
14
Michael Bloomberg
US$ 35,5 bi
Bloomberg LP
EUA
15
Jeff Bezos
US$ 34,8 bi
Amazon.com
EUA
16
Mark Zuckerberg
US$ 33,4 bi
Facebook
EUA
17
Li Ka-shing
US$ 33,3 bi
diversos
Hong Kong
18
Sheldon Adelson
US$ 31,4 bi
cassinos
EUA
19
Larry Page
US$ 29,7 bi
Google
EUA
20
Sergey Brin
US$ 29,2 bi
Google
EUA
21
Georg Schaeffler
US$ 26,9 bi
rolamentos
Alemanha
22
Forrest Mars Jr.
US$ 26,6 bi
doces
EUA
22
Jacqueline Mars
US$ 26,6 bi
doces
EUA
22
John Mars
US$ 26,6 bi
doces
EUA
25
David Thomson
US$ 25,5 bi
mídia
Canadá
26
Jorge Paulo Lemann
US$ 25 bi
bebidas
Brasil
27
Lee Shau Kee
US$ 24,8 bi
imóveis
Hong Kong
28
Stefan Persson
US$ 24,5 bi
H&M
Suécia
29
George Soros
US$ 24,2 bi
hedge funds
EUA
29
Wang Jianlin
US$ 24,2 bi
imóveis
China
31
Carl Icahn
US$ 23,5 bi
investimentos
EUA
32
Maria Franca Fissolo
US$ 23,4 bi
Nutella, chocolates
Itália
33
Jack Ma
US$ 22,7 bi
comércio digital
China
34
Prince Alwaleed bin Talal Alsaud
US$ 22,6 bi
investimentos
Arábia Saudita
35
Steve Ballmer
US$ 21,5 bi
Microsoft
EUA
35
Phil Knight
US$ 21,5 bi
Nike
EUA
37
Beate Heister & Karl Albrecht Jr.
US$ 21,3 bi
supermercados
Alemanha
38
Li Hejun
US$ 21,1 bi
equipamento de energia solar
China
39
Mukesh Ambani
US$ 21 bi
petroquímicos, óleo e gás
Índia
40
Leonardo Del Vecchio
US$ 20,4 bi
óculos
Itália
41
Len Blavatnik
US$ 20,2 bi
diversos
EUA
41
Tadashi Yanai
US$ 20,2 bi
varejo
Japão
43
Charles Ergen
US$ 20,1 bi
Dish Network
EUA
44
Dilip Shanghvi
US$ 20 bi
farmacêuticos
Índia
45
Laurene Powell Jobs
US$ 19,5 bi
Apple, Disney
EUA
46
Dieter Schwarz
US$ 19,4 bi
varejo
Alemanha
47
Michael Dell
US$ 19,2 bi
Dell
EUA
48
Azim Premji
US$ 19,1 bi
software
Índia
49
Theo Albrecht Jr.
US$ 19 bi
Aldi, Trader Joe's
Alemanha
50
Michael Otto
US$ 18,1 bi
varejo, imóveis
Alemanha
51
Paul Allen
US$ 17,5 bi
Microsoft, investimentos
EUA
52
Joseph Safra
US$ 17,3 bi
financeiro
Brasil
53
Anne Cox Chambers
US$ 17 bi
mídia
EUA
54
Susanne Klatten
US$ 16,8 bi
BMW, farmacêuticos
Alemanha
55
Pallonji Mistry
US$ 16,3 bi
construção
Irlanda
56
Ma Huateng
US$ 16,1 bi
mídia
China
57
Patrick Drahi
US$ 16 bi
Telecom
França
58
Thomas & Raymond Kwok
US$ 15,9 bi
imóveis
Hong Kong
59
Stefan Quandt
US$ 15,6 bi
BMW
Alemanha
60
Ray Dalio
US$ 15,4 bi
Hedge funds
EUA
60
Vladimir Potanin
US$ 15,4 bi
metais
Rússia
62
Serge Dassault
US$ 15,3 bi
aviação
França

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