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domingo, maio 15, 2016

VINTE ANOS DE TRAIÇÃO PEQUENO-BURGUESA EM DUQUE DE CAXIAS

«No papel é fácil escrever e ao microfone é fácil gritar: “chegou a hora do assalto final!” Para o assalto final, não basta escrever ou gritar. É preciso, além de condições objectivas, que exista uma força material, a força organizada, para se lançar ao assalto, ou seja, um exército político ligado às massas e as massas radicalizadas, dispostas e preparadas para a luta pelo poder, para a insurreição (…) Os radicais pequeno-burgueses são incapazes de compreender que os objectivos fundamentais da revolução não se alcançam reclamando-os, mas conquistando-os.»
Álvaro Cunhal, «O Radicalismo Pequeno-Burguês de Fachada Socialista», 1970.

O ano é 1995, faz nove anos que toda a imprensa brasileira havia denunciado a máfia da saúde de Duque de Caxias e sua liderança maior, Alexandre Cardoso.

O dossiê da saúde  entregue a Polícia Federal em 1986, foi resultado da luta dos movimentos sociais, dentre eles o MUB, Conselho Comunitário de Saúde, Sindicato dos Médicos, Pastorais Sociais da Igreja Católica e Igreja Metodista. Neste movimento contra a máfia da saúde as lideranças eram filiadas ao PT, PCB, PC do B e setores do PDT e MDB.

Voltando a 1995, o campo democrático-popular estava em crescimento na cidade de Duque de Caxias, o PT, PCB, PDT e movimentos sociais estavam na vanguarda das lutas sociais e lideranças populares se destacavam.

Contudo, ao final de 1995 chega ao PT de Duque de Caxias a informação que José Dirceu está articulando com Alexandre Cardoso, recém-saído do PFL (ARENA), uma aliança com o denunciado como chefe da máfia da saúde, Alexandre Cardoso, visando incluir nesta todos os partidos do campo democrático popular.

Os setores das Pastorais Sociais e Movimentos Sociais, organicamente militante do PT se negam a esta aliança estapafúrdia e traidora de toda trajetória de Lutas dos movimentos de Duque de Caxias.

O ano de 1996 inicia-se com tensão interna no PT e os conflitos entre os parasitários que deram origem a alcunha de “PT da Boquinha” apoiando José Dirceu e os setores orgânicos do movimento social e que estiveram na luta contra a máfia da saúde lutando contra esta que seria a rendição e derrocada da esquerda, como a História veio a comprovar.

Em abril de 1996, o setor ligado a Igreja Católica que militava no PT, sofre um racha, o candidato à vereador José Zumba e parte de seus apoiadores capitulam e deixam a bandeira da candidatura própria e fecham com José Dirceu. Neste mesmo período, a tendência interna ao PT denominada Força Socialista que tinha como candidata Soneli Arldt, também capitula e fecha questão com Alexandre Cardoso, aliando-se aos setores parasitários do PT formam um bloco interno para sacramentar a aliança.

No entanto, mesmo com as capitulações setores orgânicos e ligados as lutas sociais, mantiveram a política de Candidatura Própria e lançaram a Pré-Candidatura de Nilson Viana Cesário (Presidente do SINDIPETRO-Caxias).

A Convenção que decidiu pela aliança com Alexandre Cardoso, foi marcada pelo mais profundo fisiologismo, na conquista de votos para esta política de aliança com os setores burgueses e oligarcas. Os que se posicionaram contrário a esta aliança, contra os trabalhadores, foram perseguidos e caluniados, inclusive o autor deste artigo.
José Dirceu, com o apoio da pequena-burguesia do PT, ajudou a alugar as legendas para Alexandre Cardoso

Com o PT cooptado para a candidatura oligarca e burguesa, os demais partidos foram obrigados pelas suas direções estaduais e nacionais a seguirem a capitulação e entrarem na aliança, coube ao PDT indicar o vice na chapa e o escolhido foi Gutemberg Cardoso.

Com a capitulação e entrega das legendas a um membro da oligarquia burguesa de Duque de Caxias, além da derrota eleitoral, inclusive o PT não elegendo vereador, sendo feito um acordo posterior com Alexandre Cardoso que convenceu o vereador Paulo da Silva do seu novo Partido, o PSB, assumir a cadeira de Deputado Estadual na ALERJ, sendo Ele primeiro suplente e o titular fora eleito prefeito em cidade do interior do Estado, para que o primeiro suplente da coligação da chapa de vereadores, na coligação que apoiou o candidato burguês, no caso Zumba do PT, viesse a assumir a cadeira de vereador o que veio a ocorrer posteriormente.

A política apoiada, na capitulação dos setores pequenos burgueses do PT em 1996, trouxe como herança maldita, o atraso e quebra no Ascenso das forças do campo-democrático popular.

As mesmas forças que capitularam em 1996, foram trabalhar para Alexandre Cardoso no PSB ou com discurso UDNista, característica da pequena burguesia, foram para o PSOL.


Tudo que envolve o déficit de cidadania, falta de unidade e de uma frente de esquerda na cidade de Duque de Caxias, deveu-se ao vacilo e capitulação da pequena burguesia encostada na esquerda, para as forças oligarcas de Duque de Caxias em 1996 e fazem vinte anos.

Samuel Maia
Mestre em História Social 

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