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quarta-feira, fevereiro 03, 2016

FSM: “Saímos com mais força, mais seguros e mais conscientes”

Por Marina Baldoni Amaral
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Assembleia dos Movimentos Sociais encerra FSMT. Foto: Marina Baldoni
Movimentos sociais das mais diversas matrizes se reuniram na manhã de sábado (23) no auditório Araújo Viana, em Porto Alegre, para aprovar aCarta do Fórum Social Temático 2016, que aconteceu durante toda a semana. Os movimentos destacaram a importância da articulação entre as diversas pautas como principal estratégia de resistência e transformação social.
Na assembleia foram pontuados temas abordados ao longo do fórum, como economia solidária, educação popular, luta anti-manicomial, direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, das mulheres, dos negros e negras, da população LGBT, indígenas, quilombolas, luta do povo palestino, luta pela democratização da comunicação, mobilidade urbana, direito à moradia, entre outros. Foi lembrada também a tragédia ocorrida em Marina (MG) com o rompimento da barragem da mineradora Samarco (Vale e BHP).
Outro ponto reforçado nas falas foi e necessidade de defesa da manutenção dos mantatos de governantes eleitos democraticamente no Brasil e na América Latina. “Não vai ter golpe, vai ter luta”, disseram muitos dos presentes que usaram o microfone para fazer contribuições à carta do fórum. O documento é construído de forma coletiva e todas as propostas e moções foram encaminhadas para a equipe de sistematização, que irá incluí-los na versão final. A Carta do Fórum Social Temático 2016 estará disponível a partir de terça-feira (26) no site do evento.
O sociólogo e professor Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra e da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (Upms), avalia que foi importante a realização deste fórum diante da atual conjuntura global: “saímos daqui com muito mais força, mais seguros dessa força e mais conscientes dos perigos e das dificuldades, dos obstáculos e dos inimigos contra quem temos que lutar”.
Boaventura, que participa ativamente do fórum desde sua primeira edição, em 2001, fez um balanço desses 15 anos. Para ele, o FSM surgiu em um tempo de esperança. “Estávamos no único continente onde era possível se falar em socialismo do século 21”, disse, se referindo a onda de eleições de governos progressistas que ocorreu na América Latina no início do século. E destacou que uma das vitórias do FSM foi sustentar e articular os movimentos sociais que foram a base das políticas sociais desses países.
Ele avalia também que em 2001 “fazíamos lutas ofensivas”, um contraponto ao Fórum de Davos, buscando construir uma simetria de forças entre o mundo real, neoliberal, o “outro mundo possível”. Essa simetria não se sustentou: “Em 2016 fazemos lutas defensivas”, disse. Ele avalia que, depois que os movimentos populares chegaram ao poder, “concluíram que tinham um amigo no governo e descansaram”. “É preciso defender, mas a melhor maneira de defender é atacar”, disse. E concluiu: “Não podemos deixar que nos esqueçam. Nós não podemos esquecer de nos próprios”.
O próximo Fórum Social Mundial vai ser no Canadá, em agosto de 2016. É a primeira edição que ocorre em um país do norte global.

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