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segunda-feira, maio 30, 2022

RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO

 Esta unidade tem por objetivos:

• compreender a Pedagogia como ciência da educação;

• compreender a Didática como a disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto;

• relacionar a evolução da Pedagogia e a Didática com a evolução da própria educação;

• conhecer as principais contribuições da história grega, romana, do período do cristianismo, e na atualidade com relação à Pedagogia e a Didática;

• conhecer as contribuições de Comenius, Pestalozzi, Rousseau, Herbart, Froebel, Dewey para a construção da disciplina de Didática;

• identificar as duas grandes fases da Didática no Brasil;

• reconhecer as tendências pedagógicas e seus pensadores com seus métodos;

• conhecer as contribuições de Piaget e Vygotsky para a Didática;

• conhecer a identidade do professor;

• reconhecer a necessidade da interação professor e aluno no processo ensino e aprendizagem;

• reconhecer que motivação e incentivação são elementos essenciais para uma aprendizagem eficaz.


RETROSPECTIVA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico! Estamos iniciando mais um Caderno de Estudos, e nele vamos realizar uma viagem dentro da História da Educação, para melhor compreendermos a Pedagogia e a Didática, através de recortes históricos, que nos remeterá à Grécia, passando por Roma, chegando ao Brasil.

Este recorte histórico nos dará subsídios para abarcarmos conhecimentos que nos farão perceber o surgimento e quais as mudanças ocorridas até hoje dentro da Pedagogia e da Didática.

Afinal, quais são seus interesses e objetivos e qual é sua funcionalidade? Questões como estas podem soar como de fácil compreensão, mas deixarei para você, acadêmico, dar as respostas.

A cada linha deste caderno, você é convidado(a) a viajar, questionando e construindo seus conceitos em relação à Pedagogia e à Didática. Será que elas estão entrelaçadas?

Para isso vamos buscar, na História da Educação, contribuições para as respostas.

Preparado? Então vamos iniciar.

2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA NUMA RETROSPECTIVA

Para compreendermos a Pedagogia e a Didática, faz-se necessário uma retomada na História da Educação, e compreendermos inicialmente o que a História da Educação tem a ver com a História da Pedagogia.

Conforme Luzuriaga (1985, p. 1):

A história da educação é parte da história da cultura, tal como esta, por sua vez, é parte da história geral. [...] Para nós, a história é o estudo da realidade humana ao longo do tempo. Não é, pois, matéria apenas do passado, senão que o presente também lhe pertence, como corte, ou secção, no desenvolvimento da vida humana. Por outro lado, a história da cultura se refere antes aos produtos da mente do homem, tais como se manifestam na arte, na técnica, na ciência, na moral ou na religião e em suas instituições correspondentes. A educação é uma dessas manifestações culturais; e também tem sua história.

Por este motivo, estaremos apresentando neste início de estudos, o significado da Educação e da Pedagogia. Assim, conseguiremos vislumbrar dentro da linha do tempo a construção destes conceitos.

Buscamos em Luzuriaga, (1985, p. 1-2) o significado destas duas palavras:

Por educação entendemos, antes do mais, a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre as gerações jovens, com o fim de conservar a transmitir a existência coletiva. A educação é, assim parte integrante, essencial, da vida do homem e da sociedade, e existe desde quando há seres humanos sobre a terra. Por outro lado, a educação é componente tão fundamental da cultura quanto à ciência, a arte ou a literatura. Sem a educação não seria possível aquisição e transmissão da cultura, pois pela educação é que cultura sobrevive no espírito humano. Cultura sem educação seria cultura morta. E esta é também uma das funções essenciais da educação: fazer sobreviver a cultura através dos séculos.

Como se pode observar, a educação visa à formação integral do ser humano que está relacionada a cultura, já a Pedagogia, ainda conforme Luzuriaga (1985, p. 2):

Chamamos pedagogia à reflexão sistemática sobre educação. Pedagogia é a ciência da educação: por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação sem pedagogia, sem reflexão metódica, seria pura atividade mecânica, mera rotina. Pedagogia é ciência do espírito e está intimamente relacionada com filosofia, psicologia, sociologia e outras disciplinas, posto não dependa delas, eis que é uma ciência autônoma.

Educação e pedagogia estão como prática para teoria, realidade para ideal, experiência para pensamento, não como entidades independentes, mas fundidas em unidade indivisível, como o anverso e o reverso da moeda.

Desse modo, a pedagogia é vista como uma prática educativa, uma reflexão sobre a práxis pedagógica, ou seja, “a ciência pedagógica não visa apenas a pesquisar e conhecer a realidade educativa, mas a agir sobre ela, fecundando-a, transformando-a”. (ARANHA, 2006, p. 34).

Podemos observar que a História da Educação e a História da Pedagogia estão conectadas. Percebe-se isso claramente com a fala de Luzuriaga (1985, p. 3-4), que, ao tratar da existência das duas, aponta o fato de “[...] a história da educação principia com a vida do homem e da sociedade, a da pedagogia só começa com a reflexão filosófica, isto é, com o pensamento helênico, principalmente com SÓCRATES e PLATÃO”.

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HELENISMO:

Em um sentido amplo, Helenismo refere-se à influência que a cultura grega (helênica, de Hellas, ou Grécia) passou a ter no Oriente Próximo (Mediterrâneo oriental: Síria, Egito, Palestina, chegando até a Pérsia e Mesopotâmia) após a morte de Alexandre (323 a.C.) e em consequência de suas conquistas.

Como um dos períodos em que se divide tradicionalmente a História da Filosofia, o Helenismo vai da morte de Aristóteles (322 a.C.), ao fechamento das escolas pagãs de filosofia no Império do Oriente pelo imperador Justiniano (525 d.C.).

O período do Helenismo é marcado na Filosofia pelo desenvolvimento das escolas vinculadas a uma determinada tradição, destacando-se a Academia de Platão, a Escola Aristotélica, a Escola Epicurista, a Escola Estoica, o Ceticismo e o Pitagorismo. Nessa época houve uma tendência predominante ao Ecletismo e muitos filósofos sofreram a influência de diferentes escolas. O principal centro de cultura do Helenismo foi Alexandria, no Egito. (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001, p. 91).

SÓCRATES:

O pensamento do filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) marca uma reviravolta na história humana. Até então, a Filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Como diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu para a terra" e concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.

FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mestre-busca-verdade-423245.shtml>. Acesso em: 18 fev. 2016.

PLATÃO:

Na história das ideias, o grego Platão (427-347 a.C.), foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu tempo, mas principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo. [...]. Para Platão, "toda virtude é conhecimento". Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira – portanto, a educação não pode se restringir aos anos de juventude. Educar é tão importante para uma ordem política baseada na justiça – como Platão preconizava – que deveria ser tarefa de toda a sociedade.

FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/primeiro-pedagogo-423209.shtml>. Acesso em: 18 fev. 2016.

Outro fator importante a ser salientado nesta influência grega é a palavra pedagogo, que, na Grécia Antiga, seria o escravo que conduzia a criança à escola e conforme Saviani (2008, p. 4):

É interessante observar que a passagem do grego para a língua latina deu origem a “paedagogatus”, substantivo masculino da quarta declinação que significa educação, instrução; “paedagogus” e “paedagoga”, com o sentido de pedagogo, preceptor, mestre, guia, aquele que conduz; [...]

Reconhecendo o sentido da palavra pedagogo, que nos remete a história da Grécia Antiga, vamos buscar um recorte na História da Educação e conhecer um pouco mais dos caminhos para a construção desta história Educacional e Pedagógica.

2.1 PEDAGOGIA GREGA

A Pedagogia teve sua raiz na Grécia “onde se começou primeiro a meditar sobre educação”. (LUZURIAGA, 1985, p. 44). Podemos perceber que as ideias pedagógicas também possuem sua base na Grécia.

Conforme Luzuriaga (1985, p. 44): “Não se trata ainda, é claro, de ciência propriamente dita, mas de teoria de educação, valiosa em nossos dias”.

A educação grega tem sua fonte no que os gregos chamavam de Paidéia. Para Jaeger (2001), Paideia era o:

Processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana” na Grécia antiga. O termo também significa a própria cultura construída a partir da educação. Era este o ideal que os gregos cultivavam do mundo, para si e para sua juventude. Uma vez que o governo próprio era muito valorizado pelos gregos, a Paideia combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e bom tanto para o governante quanto para o governado. Não tinha como objetivo ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza. Paideia também pode ser encarada como o legado deixado de uma geração para outra na sociedade.

Outra definição para Paideia seria de uma educação integral, que consistia na integração entre a cultura da sociedade e a criação individual de outra cultura numa influência recíproca. “Os gregos criaram uma pedagogia da eficiência individual e, concomitantemente, da liberdade e da convivência social e política” (GADOTTI, 2001, p. 30).

Uma educação tão rica também estava permeada por divergências. A sociedade grega era dominada por espartanos e atenienses. Para os espartanos, predominava a educação moral, a ginástica, ambas submetidas ao poder do Estado, já para os atenienses, “embora dessem enorme valor ao esporte, insistiam mais na preparação teórica para o exercício da política. Platão chegou mesmo a desenvolver um currículo para preparar seus alunos a serem reis”. (GADOTTI, 2001, p. 30). O mundo grego foi muito rico em algumas tendências pedagógicas:

1 A de Pitágoras pretendia realizar na vida humana a ordem que se via no universo, a harmonia que a matemática demostrava.

2 A de Isócrates centrava no ato educativo não tanto na reflexão, como queria Platão, mas na linguagem e na retórica.

3 A de Xenofontes foi a primeira a pensar na educação da mulher embora restrita aos conhecimentos caseiros e de interesse do esposo. Partia da ideia da dignidade humana, conforme ensinara Sócrates.

Mas, de longe, Sócrates, Platão, e Aristóteles exerceram a maior influência no mundo grego.

Os gregos eram educados através dos textos de Homero, que ensinavam as virtudes guerreiras, o cavalheirismo, o amor à glória, à honra, à força, à destreza e à valentia. O ideal homérico era ser sempre o melhor e conservar-se superior aos outros (GADOTTI, 2001, p. 30-31).

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ARISTÓTELES:

De todos os grandes pensadores da Grécia antiga, Aristóteles (384-322 a.C.) foi o que mais influenciou a civilização ocidental. Até hoje o modo de pensar e produzir conhecimento deve muito ao filósofo. Foi ele o fundador da ciência que ficaria conhecida como lógica e suas conclusões nessa área não tiveram contestação alguma até o século 17. Sua importância no campo da educação também é grande, mas de modo indireto. Poucos de seus textos específicos sobre o assunto chegaram a nossos dias. A contribuição de Aristóteles para o ensino está principalmente em escritos sobre outros temas.

FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/aristoteles-428110.shtml>. Acesso em: 18 fev. 2016.

Nesse contexto, percebemos que a Paideia se refere também à cultura, a qual determina os costumes, a maneira de pensar e de tratar os valores. Para isso, buscamos em Abbagnano (2000, p. 225) mais informações relacionadas a este conceito:

Esse termo tem dois significados básicos. No primeiro e mais antigo, significa a formação do homem, sua melhoria e seu refinamento. No segundo significado, indica o produto dessa formação, ou seja, o conjunto dos modos de viver e de pensar cultivados, civilizados, polidos, que também costumam ser indicados pelo nome de civilização.

Ainda relacionado a esta definição, Paideia, temos através de Abbagnano (2000, p. 225) as seguintes palavras:

No significado referente à formação da pessoa humana individual, essa palavra corresponde, ainda hoje, ao que os gregos chamavam de Paideia e que os latinos, na época de Cícero e Varrão, indicavam com a palavra humanitas: educação do homem como tal, ou seja, educação devida às “boas artes” peculiares do homem, que o distinguem de todos os outros animais.

Quando nos referimos a “boas artes”, adentramos na poesia, na eloquência, na filosofia: “as quais se atribuía valor essencial para aquilo que o homem é e deve ser, portanto para a capacidade de formar o homem verdadeiro, na sua forma genuína e perfeita. Para os gregos, nesse sentido foi a busca e a realização que o homem faz de si” (ABBAGNANO, 2000, p. 225).

Cabe ressaltar que os sofistas são os principais representantes da Pedagogia grega. Conforme Luzuriaga (1985, p. 44):

A principal característica dessa nascente pedagogia é claridade e transparência, como sucede com quaisquer correntes tomadas na fonte. As ideias aparecem expostas de forma essencial, elementar, isto é, em seus fundamentos. Daí seu valor pedagógico, didático, clássico. Nela não existe, sem embargo, tratado sistemático, unitário, como há na filosofia e na política. As ideias pedagógicas dos gregos aparecem intimamente unidas com essas ciências: mas delas se distinguem claramente.

FIGURA 1 - PAIDEIA

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FONTE: Disponível em: <http://atelierdeducadores.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html>. Acesso em: 28 dez. 2015.

Na Grécia Antiga, muitas foram as mudanças relacionadas à educação, as quais influenciaram os países do ocidente através da organização dos estudos, tendo como base, níveis de ensino, que iam do elementar ao superior. Não nos parece familiar caro acadêmico?

Vejamos em Gadotti (2001, p. 31):

A escola primária destinava-se a ensinar os rudimentos: leitura do alfabeto, escrita e cômputo. Os estudos secundários compreendiam a educação física, a artística, os estudos literários e científicos. A educação física compreendia principalmente a corrida a pé, o salto em distância, o lançamento do disco e do dardo, a luta, o boxe, o pancrácio e a ginástica. A educação artística incluía o desenho, o domínio instrumental da lira, o canto e o coral, a música e a dança. Os estudos literários compreendiam o estudo das obras clássicas, principalmente de Homero, a filologia (leitura, recitação e interpretação do texto), a gramática e os exercícios práticos de redação. Os estudos científicos apresentavam a matemática, a geometria, a aritmética, a astronomia. No ensino superior prevalecia o estudo da retórica e da filosófica. A retórica estudava as leis do bem falar, baseadas numa tríplice operação:

a) Procurar o que se vai dizer ou escrever.

b) Pôr em certa ordem as ideias assim encontradas.

c) Procurar os termos mais apropriados para exprimir essas ideias.

Observe que a cada momento nos deparamos com muitas de nossas vivências, experiências e buscas educacionais.

Partiremos agora para Roma! A educação romana também é de extremo interesse para nossos estudos. Você perceberá por que motivo.

2.2 PEDAGOGIA ROMANA

Dentro da educação romana, observa-se que seu desenvolvimento ocorreu mais tarde que a grega, mas as duas possuíam elementos semelhantes.

Para Luzuriaga (1985, p. 58): “Embora a cultura e a educação romanas se desenvolvessem mais tarde que as gregas, ambas seguiram marchas semelhantes, como parte do mesmo todo, que Toynbee e outros historiadores chamaram “civilização helênica””.

Perceba, caro acadêmico, que a Grécia se encontrava em um estágio avançado nas questões culturais e educacionais em relação a Roma.

Sendo assim, os romanos buscaram incorporar alguns elementos da cultura grega, que não foi de maneira pacífica, pois os romanos tinham como preocupação os interesses voltados a questões políticas e militares.

No que diz respeito à educação na civilização romana, podemos salientar que a presença feminina era forte, dando a ela o papel da educação dos filhos até os sete anos de idade para o menino, que após esta idade passava aos cuidados do pai. À mãe cabia o cuidado com a educação das meninas, voltadas para os serviços domésticos. Observa-se aqui, uma educação totalmente doméstica.

FIGURA 2 - A EDUCAÇÃO ROMANA

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FONTE: Disponível em: <http://blocs.xtec.cat/ecologiaisostenibilitat/2014/05/31/lescola-romana/>. Acesso em: 29 dez. 2015.

É interessante observarmos que os meninos eram preparados para servir Roma, eram trabalhados, nestes jovens, suas habilidades para guerrear, eram desenvolvidas através da educação, a necessidade de conhecer os grandes nomes da história romana, tendo como exemplo seus grandes personagens e criando nesses jovens o respeito e o amor a sua pátria.

A educação romana, assim como a grega, passou por várias fases, e podemos salientar que após a presença da educação familiar na educação romana, sentiu-se a necessidade de sair deste espaço com interesses meramente locais e passar a ver em nível universal.

Neste momento, a educação passa a ter uma visão mais humanista – lembra o que vimos anteriormente como conceito de Paideia? Assim, surge neste período, a ideia de um homem voltado como ser humano, com o caráter como base de sua formação. Surgem também a partir desta ideia, através de pensadores da época exemplos de Pedagogia.

Dentro da Pedagogia romana, há pensadores que buscavam através da oratória, elevar e levar orientações relacionadas à ética e a visão espiritual.

Vamos ver alguns destes pensadores? É interessante as formas como eles viam a Pedagogia.

Varrão (116-27 a.C.): este pensador tratou de assuntos relacionados à gramática, dando ênfase à formação culta. Além deste movimento, adentrou na medicina, música, direito e na área matemática.

Conforme Luzuriaga (1985, p. 65): “Este representa a transição da educação antiga para a nova, helenística. Autor de obra famosa, “Disciplina em nove livros”, espécie de enciclopédia didática, tratou especialmente da gramática e de seu ensino de modo científico”.

Cícero, Marco Túlio (106 -43 a.C.): foi o maior dos oradores e pensadores políticos de sua época. Sua fonte era a filosofia. Construiu também os alicerces do processo educativo romano.

Luzuriaga, (1985, p. 65) afirma que:

Representa o tipo mais ouro da humanitas, da Paideia, da cultura espiritual. Sua finalidade é, nesse sentido, a formação do estadista-orador, que não só deve conhecer retórica, mas ainda filosofia. O ideal está compreendido no Estado, mas o estado não apenas nacional, senão também mundial.

Quintiliano, Marco Fábio (35-96 d.C.): foi famoso crítico literário e retórico. Elaborou escritos que tratavam da formação cultural dos romanos da infância à maturidade. Trata, nestes volumes, a educação fundamental, a alfabetização e não utilização de castigos físicos às crianças.

Segundo Luzuriaga (1985, p. 66 - 67):

Para Quintiliano a educação começa na primeira infância, no seio da família. Nesta educação doméstica deve-se pôr o máximo de cuidado no ambiente que rodeia a criança aias e companhias ‘por que naturalmente conservamos o que aprendemos nos primeiros anos, como as vasilhas novas o primeiro perfume do licor que receberam’. Nesta primeira idade o menino há de aprender em forma de jogo “para que não aborreça o estudo quem ainda não lhe tem afeição.

Sêneca, Lucius Annaeus (4 a.C. – 65 d.C.): sua preocupação estava voltada à mente humana, a qual, para ele, era frágil e complexa. Sendo necessária a educação com a presença de um mestre (professor ou pedagogo) para auxiliar esta criança ou jovem a alcançar seus objetivos. Sêneca via a escola como um espaço que deveria ensinar para a vida. A ética foi um de seus fundamentos.

Conforme Luzuriaga (1985, p. 65):

A educação tem um caráter ativo. [...] Sêneca realça também a necessidade de conhecer a individualidade do educando e, portanto, o valor da psicologia para a educação. Diz também que a educação retórica deve reduzir-se, em compensação, ampliar-se a educação filosófica. Finalmente, exalta a importância do educador, ‘a quem devemos apreciar como um dos nossos mais queridos e próximos familiares’.

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Para maior aprofundamento de seus estudos, com relação aos pensadores, indicamos os sites abaixo:

<http://www.arqnet.pt/portal/biografias/cicero.html>

<http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MarcuTeV.html>

<http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Quintili.html>

<http://www.filosofia.com.br/bio_popup.php?id=66>.

Caro acadêmico! Podemos observar até o momento, que a educação vem sendo modificada e adaptada às necessidades de cada povo. Podemos perceber que a forma como a educação veio sendo desenvolvida, tanto gregos, como romanos, nos deixaram um legado que cabe salientar alguns pontos. São eles: a democracia, a cidadania, respeito às leis e ao Estado de direito, a coletividade, o patriotismo, a educação, a ética e a presença da Pedagogia.

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Alguns filmes que podem auxiliar você no entendimento deste período greco-romano:

FARAÓ 1964: Produção polonesa, com uma reconstituição belíssima da época. Trata das disputas pelo poder entre as classes militares e religiosas, 120 min.

BEN-HUR 1959: História ambientada no início da Era Cristã, que conta com as lutas de Ben-Hur para libertar Jerusalém do domínio romano, 211 min.

Você poderá encontrar estes filmes no YouTube.

Seguindo nossa linha do tempo, vamos agora para a educação cristã, que nos remeterá a alguns padres que buscaram através da doutrina da Igreja, criar novas formas de educação.

2.3 O CRISTIANISMO E O IDEAL EDUCACIONAL

O ponto de partida para os trabalhos da educação junto aos povos europeus na Idade Média teve seu desenvolvimento com a presença da Igreja Cristã, pois “por ocasião da invasão dos bárbaros, a cultura greco-romana esteve a ponto de ser destruída, o que não aconteceu graças, em grande parte, à atuação da Igreja Cristã, pois somente através da religião foi possível educar os novos povos” (PILETTI, 1987, p. 82).

É importante salientar que durante o domínio da Igreja, a concepção de educação que predominava era a que “se opunha ao conceito liberal e individualista dos gregos e ao conceito de educação prática e social dos romanos” (PILETTI, 1987, p. 82). Neste período do domínio da Igreja, o que predominou como educação foi o apego aos aspectos morais e não intelectuais do homem.

Podemos apresentar dentro deste período os primeiros educadores e pedagogistas cristãos, sendo que quase todos os padres eram educadores. Entre os primeiros educadores podemos citar um dos maiores, Santo Agostinho. (354-430).

Santo Agostinho: esse foi o “maior dos Padres da Igreja e um dos pensadores mais importantes de todos os tempos” (LUZURIAGA, 1985, p. 75).

FIGURA 3 - SANTO AGOSTINHO

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FONTE: Disponível em: <http://www.fabricadeimagemsjt.com.br/tag/santo-agostinho/>. Acesso em: 5 jan. 2016.

Ele escreveu muitas obras, das quais se destacam, de acordo com Luzuriaga (1985, p. 76):

“Confissões”, autobiografia da juventude, de grande valor psicológico; “A Cidade de Deus”, a primeira filosofia da história e que teria enorme repercussão no futuro; e o pequeno tratado “O Mestre” no qual expõe ao filho suas ideias sobre educação. Deve-se também contar entre suas obras didáticas, o tratado “Da Ordem”, em que explica sua concepção da educação integral humanística.

Saviani (2008, p. 5) nos apresenta que Santo Agostinho em sua obra “De magistro”, escrita em 389, retrata um diálogo com seu filho Adeodato, no qual, dava ao filho as coordenadas ou uma educação não voltada somente às verdades divinas, mas também humanas.

Para Saviani, (2008, p. 5), “Evidencia-se, portanto, que, mesmo não lançando mão, em momento algum, do termo “pedagogia”, a problemática pedagógica está no centro da análise empreendida por Santo Agostinho”.

Outra personalidade, já no período da Pedagogia medieval, era São Tomás de Aquino, que conforme Saviani (2008, p. 5-6) diz que:

Essa mesma problemática é retomada por Santo Tomás de Aquino, quase nove séculos mais, igualmente sem recorrer, em momento algum, ao termo “pedagogia”. Em obra homônima, Santo Tomás parte exatamente da reflexão de Santo Agostinho para concluir que o ensino comporta uma ‘dupla matéria, cujo sinal é o duplo ato cumulado pelo ensino. Pois, uma das suas matérias é aquilo mesmo que se ensina; outra, a pessoa a quem se comunica a ciência’.

Passando por Santo Tomás de Aquino, nos encontramos no período renascentista. A Renascença, conforme Luzuriaga (1985, p. 93):

A Renascença não é apenas movimento erudito ou literário, antes é nova forma de vida, nova concepção do homem e do mundo, baseada na personalidade humana livre e na realidade presente. A Renascença rompe com a visão ascética e triste da vida, característica da Idade Média, e dá lugar a uma nova concepção humana, risonha e prazenteira da existência.

Podemos dizer que a pedagogia dentro da Renascença, significou, conforme Luzuriaga (1985), o descobrimento de um novo homem, livre e com personalidade, respeitando suas concepções políticas ou religiosas; a escola humanista foi criada através dos conhecimentos gregos e romanos; os estudos passaram a ser mais leves, voltados ao espírito de liberdade e de crítica, buscando a aquisição de conhecimentos voltados às áreas literárias, linguísticas, realistas e científicas.

Dentro ainda do período Renascentista encontramos a Reforma Religiosa, conhecida como período REFORMA ou REFORMA PROTESTANTE. Na Pedagogia da religião reformada encontramos muitos educadores e pedagogistas. Entre eles, temos um de grande destaque:

Lutero, Martinho (1483-1546): para ele, a educação estaria sendo melhor aproveitada fosse desvencilhada dos dogmas da igreja e passassem a ser dependentes do Estado. Assim sendo: “o ensino poderia atingir todo o povo, nobres e plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas” (PILETTI, 1987, p. 106).

FIGURA 4 - MARTINHO LUTERO

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FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/biografia-de-martinho-lutero/>. Acesso em: 5 jan. 2016.

Cabe ressaltar, caro acadêmico, que Lutero buscava informar que ao Estado “caberia tornar a frequência “a escola obrigatória” e cuidar para que todos os seus súditos cumprissem a obrigatoriedade de enviar seus filhos à escola” (PILETTI, 1987, p. 106).

A principal obra de Lutero, porém, “foi à tradução da Bíblia para o alemão, idioma que por isso se impôs pouco a pouco a todas as escolas” (LUZURIAGA, 1985, p. 115).

A Igreja Católica vendo todo este movimento, relacionado também às reformas educacionais, e com a perda de fiéis, busca ações dentro da própria igreja com a CONTRARREFORMA, que foi a convocação do Concílio de Trento, no ano de 1546.

Conforme Santiago (2016), no site Info-escola:

Concílio de Trento é o nome de uma reunião de cunho religioso (tecnicamente denominado concílio ecumênico) convocada pelo papa Paulo III em 1546 na cidade de Trento, na área do Tirol italiano. Com o surgimento e consequente expansão do protestantismo profundas modificações atingiram a Igreja Católica. Uma reação a tal expansão, vulgarmente denominada "Contrarreforma" foi guiada pelos papas Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, buscando combater a expansão da Reforma Protestante. Além da reorganização de várias comunidades religiosas já existentes, outras foram criadas, dentre as quais a Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, tendo como fundador Santo Inácio de Loyola.

Caro acadêmico! Até o momento tomamos conhecimento de parte da caminhada realizada pela educação e pela Pedagogia. Podemos perceber que adentramos pela Filosofia, é verdade, mas tornou-se necessário para entendimento do conceito de Pedagogia.

Dentro desta linha do tempo, nos deparamos com muitas situações que ocorrem ainda hoje, que nos dão base ao que buscamos dentro da educação e da Pedagogia. Algumas delas podemos citar: a necessidade e cuidado com a educação dos filhos; dar a alfabetização, o amparo necessário para o desenvolvimento da criança.

Além da educação humanista, a ciência passa a ter presença fundamental nesta caminhada, principalmente com a presença do pensamento positivista dos filósofos Francis Bacon, Galileu Galilei e René Descartes. Os três pensadores que contribuíram para o incremento da ciência moderna.

Para melhor compreensão, logo abaixo se encontra breve histórico dos conhecimentos deixados por estes três pensadores.

Francis Bacon (1561-1626), Galileu Galilei (1564-1642) e René Descartes foram os três pensadores que contribuíram de maneira toda especial para o desenvolvimento da ciência moderna, independente da autoridade eclesiástica e construída a partir da observação e do estudo experimental da natureza. Ao método dedutivo, em que todos os conhecimentos particulares são derivados dedutivamente, a partir das verdades universais e absolutas, pré-estabelecidas pela autoridade, Bacon opôs o método indutivo, através do qual, pela observação e estudo de fatos particulares, podemos chegar a conhecimentos e verdades mais gerais. O método indutivo tornou-se a mola mestra da ciência moderna.

Para Galileu, o verdadeiro cientista é aquele que observa diretamente o mundo da natureza, ao invés de limitar-se a consultar os textos aristotélicos e bíblicos. É próprio de mentes vulgares, tímidas e servis preferir dirigir os olhos a um mundo de papel em lugar de orientá-los para o verdadeiro e real mundo da natureza, fabricado por Deus. Só a experiência permite-nos ler e interpretar o livro da natureza. E a experiência não engana. A ordem do Universo é uma ordem matemática, expressa através de triângulos, círculos e outras figuras geométricas.

A contribuição de Descartes para a mudança de atitude frente ao conhecimento também é grande. Basta observarmos as quatro regras que estabeleceu em seu Discurso do Método, para que tenhamos uma ideia de sua contribuição para o desenvolvimento da ciência:

1º Nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que não se conheça como evidente, e só admitir juízos compostos de ideias claras e distintas.

2º Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas for possível e necessário para sua mais fácil solução.

3º Conduzir por ordem os conhecimentos, começando pelos mais simples e fáceis para chegar, depois, pouco a pouco, aos mais complexos.

4º Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que se possa ter segurança de nada haver omitido.

Embora mais orientadas ao desenvolvimento da ciência, as contribuições de Bacon, Galileu e Descartes tiveram repercussões na educação. Esta, a partir de então, passou a dar mais ênfase ao método indutivo, através do qual o próprio aluno chega à descoberta do conhecimento, ao estudo da natureza e a preocupar-se com a sistematização dos procedimentos didáticos. Seria preciso estudar e aprender de forma científica, segundo métodos bem planejados.

FONTE: Piletti e Piletti (1987)

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Para que você, acadêmico, tenha um maior entendimento deste período, deixamos a sugestão do filme:

As profecias de Nostradamus: ele foi médico, pesquisador e é retratado neste filme o conflito existente entre a tradição e o novo modelo de ciência e de pesquisa apresentada por Nostradamus.

Caro acadêmico, observamos, até o momento, os caminhos seguidos pela Educação e a Pedagogia. Cabe salientar que conforme Saviani (2008, p. 6):

Foi a partir do século XIX que tendeu a se generalizar a utilização do termo “pedagogia” para designar a conexão entre a elaboração consciente da ideia da educação e o fazer consciente do processo educativo, o que ocorreu mais fortemente nas línguas germânicas e latinas do que nas línguas anglo-saxônicas. E esse fenômeno esteve fortemente associado ao problema da formação de professores. A necessidade da formação docente já fora preconizada por Comenius, no século XVII, e o primeiro estabelecimento de ensino destinado à formação de professores teria sido instituído por São João Batista de La Salle, em 1684, em Reims, com o nome de “Seminário dos Mestres”.

Com esta fala de Saviani (2008) podemos perceber que surge entre os grandes educadores e pedagogistas, no século XVII, João Amós Comenius. Esse educador e pedagogista, conheceremos melhor nas próximas páginas, tratando diretamente da Didática.

Tratando-se de Pedagogia, é a partir de século XIX que se viu a “necessidade de universalizar a instrução elementar e desta forma, buscou-se a organização dos sistemas nacionais de ensino” (SAVIANI, 2008, p. 8). Nesta busca pela organização dos sistemas de ensino, vamos nos ater à pedagogia na atualidade.

2.4 CONCEITO DE PEDAGOGIA NA ATUALIDADE

Com o passar dos anos, já no século XX, nos deparamos com diversas perguntas, muitas respondidas, outras que ainda hoje nos deixam com dúvidas relacionadas ao que é Pedagogia.

Relacionado a esta pergunta, podemos buscar na fala de Saviani (2008, p.135) prováveis respostas.

Se, para responder à questão formulada sobre o que devemos entender por pedagogia, recorrermos aos livros que tratam do assunto, é possível que nossa perplexidade aumente ainda mais. As conceituações multiplicam-se, o pedagógico desdobra-se em múltiplos enfoques e a esperada unificação das perspectivas se desfaz. Há os que definem a pedagogia como sendo a ciência da educação. Outros negam-lhe caráter científico, considerando-a predominantemente como arte de educar. Para alguns ela é antes técnica do que arte, enquanto outros a assimilam à filosofia ou à história da educação, não deixando de haver, até mesmo, quem a considere como teologia da educação.

Segue Saviani (2008, p. 135):

Outra forma de entender a pedagogia é dada pelo termo “teoria”, definindo-a como teoria da educação. Mas, há, também, definições combinadas como ciência de arte de educar, ciência de caráter filosófico que estuda a educação apoiada em ciências auxiliares, e teoria e prática da educação.

No entanto, um exame mesmo que superficial das diversas e, múltiplas caracterizações do termo “pedagogia” permite perceber que, para lá da diversidade, há um ponto comum: todas elas trazem uma referência explícita à educação.

Perante as apresentações de Saviani, percebe-se que a pedagogia está em sua caminhada sendo observada, analisada e estruturada de diversas maneiras. Não podemos afirmar que exista um consenso entre os estudiosos, mas abrem-se possibilidades de a cada momento, surgirem novas conceituações.

Definir Pedagogia acreditamos que seja difícil, pois assim, estaríamos engessando todo um processo educativo, e não é essa a intenção.

Tendo isso em vista, Saviani (2008, p. 141) compreendeu pedagogia como:

De qualquer modo, não deixa de ser auspicioso constatar um claro reconhecimento, pelo menos em algumas esferas, como flui do livro de Genovesi, de que o caráter da pedagogia como ciência da educação tende a se definir de forma mais precisa, obtendo em consequência, aceitação no universo científico.

Com efeito, mesmo nos casos em que se procura articular a educação e a pedagogia no contexto dos chamados novos paradigmas que vieram a obter grande circulação a partir da década de 90 do século XX, o estatuto científico da pedagogia é admitido sem restrições. É o que se pode constatar na obra Manuale di pedagogia generale, de Franco Frabboni e Franca Pinto Minerva. Frabboni chega mesmo a considerar, em outro livro denominado Manual de Didática Geral, que o século XX foi o século da pedagogia, em que esta se constitui em ciência. E, na esteira dessa constatação animadora, acaba por prognosticar que o século XXI será o século da didática que atingirá, também, o próprio estatuto de cientificidade.

Frente a estas colocações, compreende-se que a Pedagogia possui um caráter científico, fazendo com que ela possua ligação direta com a educação e tendo uma posição importante dentro do processo da História da Educação. Podemos abarcar que a Pedagogia é considerada uma ciência, que está articulada com a História da Educação, a Sociologia, a Psicologia, a Filosofia, e demais ciências da educação.

Caro acadêmico! Esperamos que tenha obtido uma resposta a nosso questionamento, percebendo perante tudo o que foi estudado até o momento, dentro desta linha do tempo, que a História da Educação está contida na Pedagogia, como a Pedagogia está contida na História da Educação e nas demais ciências da educação. Estamos dentro deste recorte histórico, construindo mais etapas para que a Pedagogia continue transformando-se e buscando novas possibilidades de mudança dentro da sociedade e do mundo globalizado em que estamos inseridos.

Cabe a cada um de nós, o posicionamento nesta caminhada e o desenvolvimento de novas alternativas educativas, pois Imbernón (2000, p. 17) diz:

[...] quando se buscam alternativas para o futuro, não há outra saída a não ser relembrar um passado que, embora seja objeto de interpretação pessoal, em parte podemos afirmar que é um ato constatável, sobretudo nos aspectos que continuam vigentes e que se podem recuperar, modificar ou refutar. Não esqueçamos que o nosso passado foi o futuro (incerto e sempre diferente de como o imaginamos) de outras pessoas. O futuro vai sendo construído com peças do passado e do presente.

Desta forma, é preciso buscar no passado possíveis caminhos para que em nosso futuro tenhamos maiores oportunidades, e estando no presente, fazer com que cada atitude, ação, busca, nos remeta a passos que no futuro serão responsáveis pela implementação e desenvolvimento da educação num todo.

Seguindo nossa caminhada histórica, vamos dar segmento aos nossos estudos, tratando sobre as tendências pedagógicas.

3 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

Quando falamos em Pedagogia, a temos com o status de ciência da educação. Nesta perspectiva, vamos adentrar neste espaço e conhecer as tendências pedagógicas que perpassaram e perpassam a educação, enquanto futuros professores e professoras.

É sabido que com a evolução da humanidade, tudo evolui, seja econômica e socialmente e não seria diferente com a educação.

Na Pedagogia, encontramos várias tendências pedagógicas, as quais estão envolvidas com as práticas escolares. Quando falamos em prática escolar, podemos considerar como:

[...] na concretização das condições que asseguram a realização do trabalho docente. Tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagógico”, já que a escola cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade concreta que, por sua vez, apresenta-se como constituída por classes com interesses antagônicos (LIBÂNEO, 1990, p. 19)

Desta forma podemos compreender que a prática escolar está envolta por diversos mecanismos que fomentam a formação do homem, sociedade e da educação como um todo. Conforme Libâneo (1990, p. 19):

A prática escolar, assim, tem atrás de si condicionantes sociopolíticos que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relação professor-aluno, técnicas pedagógicas etc.

Para tanto, as tendências pedagógicas vêm carregadas destes pressupostos, cada qual trazendo sua concepção com relação a cada figura relacionada à educação.

Traremos a partir deste momento uma classificação pedagógica, a qual possui uma relação sociopolítica. Para Libâneo (1990, p. 21) as tendências pedagógicas foram classificadas em liberais e progressistas. Segue um diagrama para melhor entendimento:

FIGURA 5 - DIAGRAMA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

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FONTE: As autoras

Cada uma destas tendências será apresentada a seguir, dando assim uma ideia a você, acadêmico, de como cada uma delas se posiciona com relação ao professor, ao aluno, aos métodos e o papel da escola.

Você poderá realizar uma reflexão, durante a leitura, sobre como foi sua preparação enquanto aluno das séries iniciais e finais e como você se vê dentro destas tendências.

Estaremos nos utilizando das ideias de Libâneo para melhor entendimento de cada tendência pedagógica.

3.1 PEDAGOGIA LIBERAL

A Pedagogia Liberal tem como doutrina:

[...] defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais na sociedade, estabeleceu uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada “sociedade de classes”. A pedagogia Liberal, portanto, é uma manifestação própria desse tipo de sociedade (LIBÂNEO, 1990. p. 21)

Cabe ressaltar que a Pedagogia Liberal possui como base o sistema capitalista, repassando à escola o papel de “preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais” (LIBÂNEO, 1990, p. 21). O indivíduo precisa adaptar-se às normas vigentes da sociedade.

Junto à Pedagogia Liberal está inserida a Tendência Tradicional.

3.1.1 Tendência Tradicional

A Tendência Tradicional possui grande influência ainda na atualidade, pois consiste em preparar os alunos para terem uma posição junto à sociedade. Para a escola fica a função do repasse dos conteúdos, e ao aluno fica a obrigatoriedade de se esforçarem para obter o conhecimento necessário para seu crescimento.

Cabe salientar que se o aluno não conseguir acompanhar os estudos, esse deve ir em busca de uma escola onde tenha ensino profissionalizante.

Observa-se que todos recebem o conhecimento, mas não existe a preocupação em reconhecer que cada um possui seu momento de aprender. Nessa tendência, os conteúdos de ensino estão abarcados “nos conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações adultas e repassadas ao aluno como verdades” (LIBÂNEO, 1990, p. 23-24).

No que tange ao relacionamento professor e aluno, ocorre a predominância da autoridade do professor, o qual “ exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula” (LIBÂNEO, 1990, p. 24). A atenção e o silêncio são a base para que o aluno seja disciplinado e obtenha êxito na absorção dos conhecimentos.

O método utilizado pelo professor é verbal, a “ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos” (LIBÂNEO, 1990, p. 24). A “decoreba” faz-se presente nessa tendência pedagógica, em muitos casos, ainda hoje. A preocupação com a construção do conhecimento não é levada como base, estuda-se para a prova e para tirar boas notas.

FIGURA 6 - TENDÊNCIA TRADICIONAL

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FONTE: Disponível em: <http://blogtresalunas.blogspot.com.br/2011/10/caracteristicas-educacao-traficional.html>. Acesso em: 28 fev. 2016.

Conforme Libâneo (1990 p. 24-25):

A aprendizagem é receptiva e mecânica, para o que se recorre frequentemente à coação. A retenção do material ensinado é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e recapitulação da matéria. A transferência da aprendizagem depende do treino. [...]

É interessante observar que a preocupação com as avaliações está restrita aos exercícios, provas, e trabalhos de casa. E se não obtiver êxito nestas avaliações, o aluno é punido com notas baixas, em muitos casos, o professor verbaliza perante os demais alunos a fragilidade no que tange à construção do conhecimento do aluno. E quando positiva, classifica-o, dando ênfase ao fator numérico e não à construção de conhecimento.

Na atualidade, a Tendência Tradicional ainda persiste. Está atuante na sociedade através de algumas “escolas religiosas ou leigas que adotam uma orientação clássico-humanista ou uma orientação humano-científica, sendo que esta se aproxima mais do modelo de escola predominante em nossa história educacional” (LIBÂNEO, 1990, p. 25).

3.1.2 Tendência Liberal Renovada Progressista

Na Tendência Liberal Renovada Progressista, o papel da escola fica compreendido em “adequar as necessidades individuais ao meio social, e para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto é possível, a vida” (LIBÂNEO, 1990, p. 25)

Aqui o interesse dos alunos está em primeiro lugar, ocorrendo a integração através de experiências cotidianas.

Para a escola fica a responsabilidade de “permitir ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente” (LIBÂNEO, 1990, p. 25).

Com relação aos conteúdos de ensino, nesta tendência, observa-se uma inversão com relação à Tendência Tradicional. Conforme Libâneo (1990, p. 25):

Como o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são estabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente a desafios cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de “aprender a aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito.

Passaremos a compreender melhor com os educadores que buscaram através de seus métodos aprimorarem essa tendência. Entre eles encontramos Maria Montessori. Seu método é assim apresentado:

FIGURA 7 - MARIA MONTESSORI

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FONTE: Disponível em: <http://www.ecole-montessori-internationale-rueil.com/en/maria-montessori-2/>. Acesso em: 11 jan. 2016.

O QUE É O MÉTODO MONTESSORI DE ENSINO?

Método Montessori é o nome que se dá ao conjunto de teorias, práticas e materiais didáticos, criado ou idealizado inicialmente por Maria Montessori. De acordo com sua criadora, o ponto mais importante do método é, não tanto seu material ou sua prática, mas a possibilidade criada pela utilização dele de se libertar a verdadeira natureza do indivíduo, para que esta possa ser observada, compreendida, e para que a educação se desenvolva com base na evolução da criança, e não o contrário.

Montessori escreveu que o desenvolvimento se dá em “períodos sensíveis”, de forma que em cada época da vida predominam certas características e sensibilidades específicas. Sem deixar de considerar o que há de individual em cada criança, Montessori pode traçar perfis gerais de comportamento e de possibilidades de aprendizado para cada faixa etária, com base em anos de observação.

A compreensão mais completa do desenvolvimento permite a utilização dos recursos mais adequados a cada fase e, claro, a cada criança em seu momento, já que as fases não são estanques e nem têm datas exatas para começar e terminar.

Dando suporte a todo o resto, os seis pilares educacionais de Montessori são:

• Autoeducação.

• Educação como Ciência.

• Educação Cósmica.

• Ambiente Preparado.

• Adulto Preparado.

• Criança Equilibrada.

Autoeducação é a capacidade inata da criança para aprender. Por desejar absorver todo o mundo à sua volta e compreendê-lo, a criança o explora, investiga e pesquisa. O método Montessori proporciona o ambiente adequado e os materiais mais interessantes para que a criança possa se desenvolver por seus próprios esforços, no seu ritmo e seguindo seus interesses.

Educação Cósmica é a melhor forma de auxiliar a criança a compreender o mundo. De acordo com este princípio, o educador deve levar o conhecimento à criança de forma organizada – cosmos significa ordem, em oposição a caos –, estimulando sua imaginação e evidenciando que tudo no universo tem sua tarefa e que o ser humano deve ser consciente de seu papel na manutenção e melhora do mundo.

Educação como ciência é a maneira de compreender a criança e o fenômeno educativo de acordo com Montessori, e defendida pela ciência de hoje. Em Montessori, o professor utiliza o método científico de observações, hipóteses e teorias para entender a melhor forma de ensinar cada criança e para verificar a eficácia de seu trabalho no dia a dia.

Ambiente preparado é o local onde a criança desenvolve sua autonomia e compreende sua liberdade em escolas e lares montessorianos. O ambiente preparado é construído para a criança, atendendo às suas necessidades biológicas e psicológicas. Em ambientes preparados encontram-se mobília de tamanho adequado e materiais de desenvolvimento para a livre utilização da criança.

Adulto Preparado é o nome que damos, em Montessori, para o profissional que auxilia a criança em seu desenvolvimento completo. Esse adulto deve conhecer cientificamente as fases do desenvolvimento infantil e, por meio da observação e do domínio de ferramentas educativas de eficiência comprovada, guiar a criança em seu desabrochar, de forma que este se dê nas melhores condições possíveis.

Criança equilibrada é qualquer criança em seu desenvolvimento natural. Por meio da utilização correta do ambiente e da ajuda do adulto preparado, as crianças expressam características que lhes são inatas. Entre outras, encontram-se o amor pelo silêncio, pelo trabalho e pela ordem. Todas as crianças nascem com estas características e as desenvolvem melhor entre zero e seis anos.

Todos os princípios do método Montessori devem funcionar em união, para que a criança se desenvolva de forma completa e equilibrada. É necessário compreender a criança para identificar nela os sinais da eficiência daquilo que lhe está sendo oferecido. De acordo com Montessori, “uma das provas da correção do processo educacional é a felicidade da criança”.

O método Montessori tem sido utilizado em escolas por todo o mundo, desde o berçário até o Ensino Médio. Além disso, aplica-se Montessori em escolas especiais, clínicas de psicopedagogia e lares mundo afora. Clínicas de repouso aproveitam características do método montessoriano para o tratamento de demência e Alzheimer e iniciativas empresariais aplicam princípios do método para o melhor desenvolvimento de seus negócios.

FONTE: Disponível em: <http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/05/o-que-e-o-metodo-montessori-de-ensino>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Decroly traz seu método do centro de interesses. Veja como é interessante este método. Depois discutiremos sobre ele.

FIGURA 8 – OVIDE DECROLY

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FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-decroly-307894.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.

OVIDE DECROLY

Decroly foi um dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na possibilidade de o aluno conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender a aprender. Alguns de seus pensamentos estão bem vivos nas salas de aula e coincidem com propostas pedagógicas difundidas atualmente. É o caso da ideia de globalização de conhecimentos – que inclui o chamado método global de alfabetização e dos centros de interesse. 

O princípio de globalização de Decroly se baseia na ideia de que as crianças apreendem o mundo com base em uma visão do todo, que posteriormente pode se organizar em partes, ou seja, que vai do caos à ordem. O modo mais adequado de aprender a ler, portanto, teria seu início nas atividades de associação de significados, de discursos completos, e não do conhecimento isolado de sílabas e letras. "Decroly lança a ideia do caráter global da vida intelectual, o princípio de que um conhecimento evoca outro e assim sucessivamente", diz Marisa Del Cioppo Elias, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 

Os centros de interesse são grupos de aprendizado organizados segundo faixas de idade dos estudantes. Eles também foram concebidos com base nas etapas da evolução neurológica infantil e na convicção de que as crianças entram na escola dotadas de condições biológicas suficientes para procurar e desenvolver os conhecimentos de seu interesse. "A criança tem espírito de observação; basta não o matar", escreveu Decroly. 

Necessidade e interesse

O conceito de interesse é fundamental no pensamento de Decroly. Segundo ele, a necessidade gera o interesse e só este leva ao conhecimento. Fortemente influenciado pelas ideias sobre a natureza intrínseca do ser humano preconizadas por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Decroly atribuía às necessidades básicas a determinação da vida intelectual. Para ele, as quatro necessidades humanas principais são comer, abrigar-se, defender-se e produzir. 

A trajetória intelectual e profissional de Decroly se assemelha a da contemporânea Maria Montessori (1870-1952). Como a italiana, o educador belga se formou em medicina. Encaminhando- se para a neurologia, também como ela trabalhou com deficientes mentais, criou métodos baseados na observação e aplicou-os à educação de crianças consideradas "normais". Ambos acreditavam que o ensino deveria se aproveitar das aptidões naturais de cada faixa etária. 

Mas, ao contrário de Montessori, cujo método previa o atendimento individual na sala de aula, Decroly preferia o trabalho em grupos, uma vez que a escola, para ele, deveria preparar para o convívio em sociedade. Outra diferença é que a escola montessoriana recebe as crianças em ambientes preparados para tornar produtivos os impulsos naturais dos alunos, enquanto a escola oficina de Decroly trabalha com elementos reais, saídos do dia a dia. 

Os métodos e as atividades propostos pelo educador têm por objetivo, fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a expressão. A observação é compreendida como uma atitude constante no processo educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela observação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz com que a criança externe e compartilhe o que aprendeu.

Linguagens múltiplas

No campo da expressão, Decroly dedicou cuidadosa atenção à questão da linguagem. Para ele, não só a palavra é meio de expressão, mas também, entre outros, o corpo, o desenho, a construção e a arte. 

Com a ampliação do conceito de linguagem, que a linguística viria a corroborar, Decroly pretendia dissociar a ideia de inteligência da capacidade de dominar a linguagem convencional, valorizando expressões "concretas" como os trabalhos manuais, os esportes e os desenhos.

Escolas que são oficinas

A marca principal da escola decroliana são os centros de interesse, nos quais os alunos escolhem o que querem aprender. São eles também que constroem o próprio currículo, segundo sua curiosidade e sem a separação tradicional entre as disciplinas. "Hoje se fala tanto em interdisciplinaridade e projetos didáticos. Isso nada mais é do que os centros de interesse", diz a professora Marisa del Cioppo Elias. Os planos de estudo dos centros de interesse podem surgir, entre as crianças menores, das questões mais corriqueiras.

FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-decroly-307894.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Outro educador que permeia esta tendência é John Dewey, o qual apresenta o método de projetos. Esse método é muito utilizado na atualidade. Verifique sua aplicabilidade.

FIGURA 9 – JOHN DEWEY

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FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-dewey-307892.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.

JOHN DEWEY

Quantas vezes você já ouviu falar na necessidade de valorizar a capacidade de pensar dos alunos? De prepará-los para questionar a realidade? De unir teoria e prática? De problematizar? Se você se preocupa com essas questões, já esbarrou, mesmo sem saber, em algumas das concepções de John Dewey, filósofo norte-americano que influenciou educadores de várias partes do mundo. No Brasil inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira, ao colocar a atividade prática e a democracia como importantes ingredientes da educação. 

Dewey é o nome mais célebre da corrente filosófica que ficou conhecida como pragmatismo, embora ele preferisse o nome instrumentalismo - uma vez que, para essa escola de pensamento, as ideias só têm importância desde que sirvam de instrumento para a resolução de problemas reais. No campo específico da pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na chamada educação progressiva. Um de seus principais objetivos é educar a criança como um todo. O que importa é o crescimento – físico, emocional e intelectual. 

O princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só no campo institucional, mas também no interior das escolas.

Estímulo à cooperação

Influenciado pelo empirismo, Dewey criou uma escola-laboratório ligada à universidade onde lecionava para testar métodos pedagógicos. Ele insistia na necessidade de estreitar a relação entre teoria e prática, pois acreditava que as hipóteses teóricas só têm sentido no dia a dia. Outro ponto-chave de sua teoria é a crença de que o conhecimento é construído de consensos, que por sua vez resultam de discussões coletivas. "O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de pensamento", escreveu. Por isso, a escola deve proporcionar práticas conjuntas e promover situações de cooperação, em vez de lidar com as crianças de forma isolada.

Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos. Dewey acreditava que, para o sucesso do processo educativo, bastava um grupo de pessoas se comunicando e trocando ideias, sentimentos e experiências sobre as situações práticas do dia a dia. Ao mesmo tempo, reconhecia que, à medida que as sociedades foram ficando complexas, a distância entre adultos e crianças se ampliou demais. Daí a necessidade da escola, um espaço onde as pessoas se encontram para educar e ser educadas.

O papel dessa instituição, segundo ele, é reproduzir a comunidade em miniatura, apresentar o mundo de um modo simplificado e organizado e, aos poucos, conduzir as crianças ao sentido e à compreensão das coisas mais complexas. Em outras palavras, o objetivo da escola deveria ser ensinar a criança a viver no mundo.

"Afinal, as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo", ensinou, argumentando que o aprendizado se dá justamente quando os alunos são colocados diante de problemas reais. A Educação, na visão deweyana, é "uma constante reconstrução da experiência, de forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas gerações a responder aos desafios da sociedade". Educar, portanto, é mais do que reproduzir conhecimentos. É incentivar o desejo de desenvolvimento contínuo, preparar pessoas para transformar algo.

A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que haja um problema a resolver, que ele possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a chance de testar suas ideias. Reflexão e ação devem estar ligadas, são parte de um todo indivisível. Dewey acreditava que só a inteligência dá ao homem a capacidade de modificar o ambiente a seu redor.

Liberdade intelectual para os alunos

A filosofia deweyana remete a uma prática docente baseada na liberdade do aluno para elaborar as próprias certezas, os próprios conhecimentos, as próprias regras morais. Isso não significa reduzir a importância do currículo ou dos saberes do educador. Para Dewey, o professor deve apresentar os conteúdos escolares na forma de questões ou problemas e jamais dar de antemão respostas ou soluções prontas. Em lugar de começar com definições ou conceitos já elaborados, deve usar procedimentos que façam o aluno raciocinar e elaborar os próprios conceitos para depois confrontar com o conhecimento sistematizado. Pode-se afirmar que as teorias mais modernas da didática, como o construtivismo e as bases teóricas dos Parâmetros Curriculares Nacionais, têm inspiração nas ideias do educador.

FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-dewey-307892.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Cabe aqui ressaltar a presença de Piaget, baseado em sua psicologia genética. Conforme Libâneo (1990, p. 26-27): “O ensino baseado na psicologia genética de Piaget tem larga aceitação na educação pré-escolar. Pertencem, também, à tendência progressista muitas das escolas denominadas “experimentais” [...]”.

3.1.3 Tendência Liberal Renovada não diretiva (Escola Nova)

Compete compreendermos ainda, sobre a Tendência Liberal Renovada não diretiva, denominada como Escola Nova. Nessa tendência, o papel da escola volta-se mais para as questões psicológicas do que as pedagógicas e sociais. Para Libâneo (1990, p. 27):

Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente. Rogers considera que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os procedimentos didáticos, a competência na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito pouca importância, face ao propósito de favorecer a pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar bem consigo próprio e com seus semelhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao de uma boa terapia.

Os métodos antes utilizados passam a ser considerados desnecessários, dando ênfase “ao esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem do aluno” (LIBÂNEO, 1990, p. 27)

O professor passa a ser neste método um “especialista”. Cabe ressaltar, que este método foi elaborado por Carl Rogers, sendo mais um psicólogo clínico do que educador.

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Carl Rogers, foi o inspirador da pedagogia não diretiva, psicólogo-clínico e educador. Suas ideias influenciaram um número expressivo de educadores e professores.

O relacionamento entre professor e aluno passa a ser visto como o aluno o centro das atenções e o professor um especialista, pois conforme Libâneo (1990, p. 28):

[...] propõe uma educação centrada no aluno, visando formar sua personalidade através da vivência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver características inerentes à sua natureza. O professor é o especialista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal e autêntico.

Quanto à avaliação, nessa tendência ela não possui grande significado, o que é levado em conta é a autoavaliação, onde o aluno busca refletir sobre o que aprendeu neste processo.

3.1.4 Tendência Liberal Tecnicista

A Tendência Liberal Tecnicista atua:

[...] no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista) articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas (LIBÂNEO, 1990, p. 29).

No que diz respeito aos conteúdos de ensino, esses estão sistematizados em materiais como: livros didáticos, vídeos etc.

O relacionamento entre professor e aluno nessa tendência é algo meramente técnico. Conforme Libâneo (1990, p. 30):

O professor é apenas um elo entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é o indivíduo responsivo, não participa da elaboração do programa educacional. Ambos são espectadores frente a verdade objetiva. A comunicação professor-aluno tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates, discussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco importam as relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

Cabe salientar, que dentro dos pressupostos de aprendizagem, na Tendência Tecnicista, “dizem que aprender é uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino depende de organizar eficientemente as condições estimuladoras, de modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de como entrou” (LIBÂNEO, 1990, p. 30). Seguindo esse pensamento, podemos compreender que o condicionamento faz parte dessa tendência, sendo que podemos considerar Skinner, Gagné, Bloom e Mager como autores que contribuem para esses estudos.

No que diz respeito também a prática escolar, essa Tendência Tecnicista toma o lugar da Escolanovista “pelo menos no nível de política oficial; os marcos de implantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que reorganizam o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus” (LIBÂNEO, 1990, p. 31).

Caro acadêmico! Até o momento verificamos as tendências pertencentes a Pedagogia Liberal.

3.2 PEDAGOGIA PROGRESSISTA

A Pedagogia Progressista, como a própria palavra já diz, refere-se “para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação” (LIBÂNEO, 1990, p. 32).

Cabe ressaltar que dentro de um sistema capitalista, instituir uma nova tendência pedagógica, tornou possível ser essa tendência “um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais” (LIBÂNEO, 1990, p. 32).

Libâneo (1990) apresenta a Pedagogia Progressista em três tendências: libertadora, libertária e a crítico-social dos conteúdos. Cada uma delas traz suas necessidades e verdades (se assim podemos dizer).

3.2.1 Tendência Progressista Libertadora

A Tendência Libertadora tem como base Paulo Freire, grande educador brasileiro, que apresenta uma educação “não formal”. Cabe aqui salientar que:

Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar vêm adotando pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem num sentido de transformação social (LIBÂNEO, 1990, p. 33).

Com relação à ideia de cada uma das tendências já apresentadas, ainda diz Libâneo (1990, p. 33):

Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” – que visa apenas depositar informações sobre o aluno –, quanto a educação renovada – que pretenderia uma libertação psicológica individual – são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade social de opressão. A educação libertadora, ao contrário, questiona concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação – daí ser uma educação crítica. (Grifos nossos).

Com relação aos conteúdos de ensino, podemos então perceber que nada se compara ao que foi aprendido até o momento. O que antes era visto como conteúdos tradicionais passam a dar lugar ao denominados “temas geradores”. Os temas geradores são retirados do cotidiano dos alunos, as leituras são elaboradas a partir do próprio aluno com a orientação do professor.

No que diz respeito ao método de ensino, baseia-se nos grupos de discussão, dando assim a liberdade de voz e vez. O professor “é um animador que, por princípio deve “descer” ao nível dos alunos, adaptando-se as suas características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo” (LIBÂNEO, 1990, p. 34). Ainda afirma que o professor “deve caminhar “junto”, intervir no momento indispensável, embora não se furte, quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada”.

Observa-se que a relação professor-aluno se dá através do diálogo, sendo que “a relação é horizontal, onde educador e educandos se posicionam como sujeitos do ato de conhecimento. O critério de bom relacionamento é a total identificação com o povo, sem o que, a relação pedagógica perde consistência” (LIBÂNEO, 1990, p. 34).

Importante salientar que o professor, não perde em momento algum seu lugar enquanto educador, ele não se ausenta do processo ensino-aprendizagem, “mas que permanece vigilante para assegurar ao grupo um espaço humano para “dizer sua palavra”, para se exprimir sem se neutralizar” (LIBÂEO, 1990, p. 35).

Para que exista este movimento, é necessário que existam passos da aprendizagem: codificação-decodificação e problematização da situação. Pois conforme Libâneo (1990, p. 34): “[...] permitirão aos educandos um esforço de compreensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de conhecimento da sua realidade, sempre através da troca de experiências em torno da prática social”.

Pode-se compreender que a força motivadora da aprendizagem é a “educação problematizadora”. Pois conforme Libâneo, (1990, p. 35):

A motivação se dá a partir da codificação de uma situação-problema, da qual se toma distância para analisá-la criticamente. ‘Esta análise envolve o exercício de abstração, através da qual procuramos alcançar, por meio e representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos’.

Cabe salientar que esta Tendência Libertadora, tem como seu precursor, Paulo Freire, (1921-1997), que se utilizou da realidade do educando para construir seu conhecimento, a partir de sua realidade, de sua vivência diária. Este foi o mais célebre educador de nosso país, Brasil, ganhando reconhecimento internacional através de sua pedagogia.

FIGURA 10 - PAULO FREIRE

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FONTE: Disponível em: <http://professoressolidarios.blogspot.com.br/2015/01/frases-de-paulo-freire.html>. Acesso em: 22 jan. 2016.

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Repassamos a você, caro(a) acadêmico(a), possibilidades de aprofundamento com relação a Paulo Freire. Busque em: <https://www.youtube.com/watch?v=hJmOCNgl7WU>.

Intitulado: Paulo Freire: Educação para um Brasil melhor. Este e outros vídeos estarão auxiliando você em seu conhecimento.

3.2.2 Tendência Progressista Libertária

Na Tendência Progressista Libertária, o papel da escola é de que a:

[...] escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. A ideia básica é introduzir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão “contaminando” todos os sistemas. A escola instituirá, com base na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança (assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.) (LIBÂNEO, 1990, p. 36).

A Tendência Libertária traz em sua filosofia sua “resistência contra a burocracia como instrumento da ação dominadora do estado, que tudo controla (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia” (LIBÂNEO, 1990, p. 36).

Com relação aos conteúdos de ensino apresentados nessa tendência, observa-se que “as matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. É um instrumento a mais, porque importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo [...]” (LIBÂNEO, 1990, p. 36). Os conteúdos não são cobrados, sendo primordial que os alunos tenham uma maior participação nos interesses dos grupos em nível social.

A vivência em grupo, como forma de autogestão é à base do método de ensino desta tendência. Nesta perspectiva conforme Libâneo (1990, p. 37):

Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos tudo o que for possível: o conjunto de vida, as atividades e a organização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos programas e a decisão dos exames que não dependem nem dos docentes, nem dos alunos)”. Os alunos têm a liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo.

A relação professor-aluno fica caracterizada como o professor sendo um “orientador e um catalizador” (LIBÂNEO, 1990, p. 37), onde o aluno não é compreendido como objeto, e sim como um ser livre e em relação aos demais colegas. Tanto professor, como aluno tornam-se livres para vivenciar cada momento. Tendo o professor e o aluno o direito de responder, ou não, determinada pergunta. É compreendido assim, que nessa tendência não é aceita nenhuma forma de autoritarismo.

Para melhor entendimento, observamos que existem outras tendências que se utilizam desta filosofia. Podemos citar o trabalho de Celestin Freinet “que tem sido muito estudado entre nós, existindo inclusive algumas escolas aplicando seu método” (LIBÂNEO, 1990, p. 38). Além desse, temos outros estudiosos, entre eles, Miguel Gonzales Arroyo.

3.2.3 Tendência Progressista Crítico-social dos conteúdos

Já na Tendência Progressista “Crítico-social dos conteúdos”, encontramos como papel da escola o de transformar, ou melhor, garantir um bom ensino. A escola passa a ser vista como “um instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática” (LIBÂNEO, 1990, p. 39).

Ainda conforme Libâneo, (1990, p. 39):

Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade.

No que diz respeito aos conteúdos de ensino, essa tendência apresenta que os conteúdos culturais universais além de serem bem ensinados, “é preciso que se liguem, de forma indissociável, à sua significação humana e social” (LIBÂNEO, 1990, p. 39). É interessante perceber que deve existir uma relação de continuidade, onde o professor intervém junto ao aluno, dando-lhe acessibilidade aos conteúdos e conseguindo assim, que o aluno consiga ligar estes conteúdos com suas experiências.

Para tanto, o método de ensino é o de que “os métodos [...] não partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno, confrontada com o saber trazido de fora” (LIBÂNEO, 1990, p. 40). Podemos resumir como sendo a relação entre a teoria e a prática. Ocorre troca de experiências e conhecimentos.

Podemos determinar que o papel do professor, na Tendência Progressista, seja o de mediador, onde “o papel do adulto é insubstituível, mas acentua-se também a participação do aluno no processo”. O professor não permanecerá somente como observador e mediador do que o aluno possui de conhecimentos, o mesmo irá “despertar outras necessidades, acelerar e disciplinar os métodos de estudo, exigir o esforço do aluno, propor conteúdos e modelos compatíveis com suas experiências vividas, para que o aluno se mobilize para uma participação ativa” (LIBÂNEO, 1990, p. 41).

Dentro da tendência crítico-social dos conteúdos, o aprender é:

[...] desenvolver a capacidade de processar informações e lidar com os estímulos do ambiente, organizando os dados disponíveis da experiência. Em consequência, admite-se o princípio da aprendizagem significativa que supõe como passo inicial, verificar o que o aluno já sabe. O professor precisa saber (compreender) o que os alunos dizem ou fazem, o aluno precisa compreender o que o professor procura dizer-lhe. A transferência da aprendizagem se dá a partir do momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora (LIBÂNEO, 1990, p. 42).

Cabe ressaltar, que nessa tendência, para ocorrer construção eficaz do conhecimento, é preciso que o professor tenha maior conhecimento “dos conteúdos de sua matéria e o domínio de formas de transmissão, a fim de garantir competência técnica, sua contribuição será tanto mais eficaz quanto mais seja capaz de compreender os vínculos de sua prática com a prática social global” (LIBÂNEO, 1990, p. 42).

Temos como representantes da Tendência Progressista educadores e escritores como B. Charlot, G. Snyders, além dos educadores brasileiros Demerval Saviani e José Carlos Libâneo.

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Um filme que presenta muito bem a Tendência Progressista, e que pode auxiliar-nos no entendimento da relação professor, aluno e conteúdo é: Sociedade dos Poetas Mortos. Filme de 1989, com a direção de Peter Weir.

Nesse filme, o professor contraria todas as regras de uma educação autoritária e faz com que os alunos saiam da passividade e busquem construir de forma crítica a reflexão sobre suas vidas e a realidade.

RESUMO DO TÓPICO

Neste tópico, você estudou que:

• Para compreender a Pedagogia e a Didática, faz-se necessário conhecer a História da Educação.

• Por Educação, entendemos a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre as gerações jovens, com o fim de conservar a transmitir a existência coletiva. A educação é, assim parte integrante, essencial, da vida do homem e da sociedade, e existe desde quando há seres humanos sobre a terra.

• Pedagogia é a ciência da educação. Por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação sem Pedagogia, sem reflexão metódica, seria pura atividade mecânica, mera rotina. Pedagogia é ciência do espírito e está intimamente relacionada com filosofia, psicologia, sociologia e outras disciplinas, posto não dependa delas, eis que é uma ciência autônoma.

• A Pedagogia tem sua raiz na Grécia, passando por Roma e sendo utilizada e compreendida como forma de educação, associada a realidade de cada momento histórico.

• A Pedagogia é considerada na atualidade como uma ciência, que está articulada com a História da Educação, a Sociologia, a Psicologia, a Filosofia.

• A Pedagogia possui suas tendências que são assim classificadas:

a) Pedagogia Liberal com suas tendências: tradicional, renovada progressista, renovada não diretiva (escola nova) e a tecnicista.

b) Pedagogia Progressista: com suas tendências: libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos.

• Tendência Tradicional: o professor é o detentor do saber, ao aluno cabe ouvir e aceitar os conteúdos e regras expostas, passível de punição. A decoreba é o meio de conseguir a obtenção de boas notas.

• Tendência Renovada Progressista: os conteúdos são desenvolvidos a partir do interesse dos alunos, o professor tem o papel de auxiliar o processo de ensino.

• Tendência Liberal Renovada não Diretiva (Escola Nova): nesta tendência, os problemas psicológicos são mais importantes que o processo pedagógico ou social. O professor é facilitador, aceitando a pessoa do aluno, demonstrando ser uma pessoa confiável e que acredita no autodesenvolvimento do aluno.

• Tendência Liberal Tecnicista: a escola funciona como modeladora do comportamento humano. Trabalha com o intuito de preparar o indivíduo para o trabalho. A comunicação é simplesmente técnica entre professor e aluno.

• Tendência Libertadora: é conhecida como pedagogia de Paulo Freire. A educação é não formal. Os professores e alunos constroem seus conhecimentos a partir da realidade. O conteúdo de ensino é através de temas geradores.

• Tendência Libertária: à escola compete manter a democracia, onde o professor é orientador e o mesmo mistura-se ao grupo para uma reflexão comum. Os conteúdos são colocados à disposição dos alunos.

• Tendência Crítico-Social dos Conteúdos: cabe a escola garantir bons estudos. Os conteúdos adquiridos historicamente precisam ser estudados e reavaliados frente as realidades sociais. O papel do professor é de mediar todo o processo.

AUTOATIVIDADES

UNIDADE 1 TÓPICO 1

Caro estudante! Qual é sua opinião com relação às quatro tendências pedagógicas, até aqui estudadas? Será que elas ainda permeiam as práticas pedagógicas de nossas escolas? Por quê?




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