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domingo, setembro 30, 2018

RECUPERAÇÃO PARALELA DE SOCIOLOGIA PARA O PRIMEIRO ANO DO ENSINO MEDIO 3° BIMESTRE


                       SOCIOLOGIA
ANTES DE RESPONDER PESQUISE SOBRE TEMAS E OS AUTORES CITADOS.
  1. O surgimento da sociologia no Brasil procurou:
  1. Compreender os problemas sociais brasileiros em virtude da industrialização verificada na pós-revolução de 1930.
  2. Compreender os problemas sociais á partir da “herança colonial”.
  3. Compreender os problemas sociais à partir da “república dos coronéis”.
  4. Compreender os problemas sociais brasileiros à partir da implantação de medidas neo-liberais pelo presidente Collor.
  1. É considerado o marco inicial da sociologia no Brasil a obra:
  1. Casa Grande e senzala de Gilberto Freyre.
  2. Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda.
  3. O povo Brasileiro de Darcy Ribeiro.
  4. Os Sertões de Euclides da Cunha.
  1. Na obra Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda, é traçado um perfil do brasileiro que:
  1. mostra sua cordialidade e sua solidariedade frente aos outros indivíduos em sociedade.
  2. mostra a religiosidade brasileira, que faz com que o indivíduo se mostre cordial e solidário.
  3. Mostra o desapego do brasileiro com as questões públicas mostrando sua total isonomia.
  4. mostra o caráter dissimulado de sua cordialidade, mostrando que a idéia do brasileiro cordial não passa de mera ficção.
  1. Sobre democracia racial sustentada por Gilberto Freyre, pode-se compreender como sendo:
  1. virtude da grande miscigenação verificada no Brasil, o que existiria aqui não seria propriamente preconceito de raça e sim, preconceito de classe.
  2. virtude da grande miscigenação verificada no Brasil, o que existiria aqui não seria propriamente preconceito de classe e sim, preconceito de raça.
  3. a democracia racial no Brasil seria exatamente a idéia de que todos os brasileiros possuem acesso a todos os serviços públicos independente da cor e classe social.
  4. refere-se que no Brasil não existiria preconceito em relação a estrangeiros principalmente aos japoneses e aos alemães que mesmo tendo possuído em deus países regimes totalitários receberam no Brasil a cordialidade a simpatia.
  1. Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:

Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste.”

A sociologia brasileira surgiu no nordeste como forma de analisar os principais problemas que afligiam brasileiros a partir da chamada Herança colonial

Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário entrando no campo da sociologia,

  1. a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores.
  2. a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido.
  3. o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
  4. a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores.
  5. a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
  1. Celso Furtado foi um dos sociólogos mais importantes do Brasil por fazer uma pesquisa profunda da História brasileira procurando estabelecer as causas para o subdesenvolvimento brasileiro. Para ele, são causas do subdesenvolvimento brasileiro EXCETO:

  1. A imposição de regras comerciais desiguais aos países periféricos.
  2. A posição independente do Brasil em relação às potências centrais em especial os EUA
  3. Para ele o subdesenvolvimento não é um processo autônomo, sendo imposto pelos países ricos.
  4. Para pertencer ao seleto grupo dos países capitalistas independentes o Brasil teve que se submeter as “regas do jogo”, nem sempre vantajosas ao Brasil
  1. Os textos referem-se à integração do índio à chamada civilização brasileira.

I - “Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um pensamento que separa e que tenta nos eliminar cultural, social e até fisicamente. A justificativa é a de que somos apenas 250 mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus.(...) É preciso congelar essas idéias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também genocidas.(...) Nós, índios, queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos costumes.”
Marcos Terena, presidente do Comitê Intertribal Articulador dos Direitos Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas,

Folha de S. Paulo, 31 de agosto de 1994.

II - “O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que isso? Pela razão muito simples que consiste no fato de o índio brasileiro não ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no mundo. A história não é outra coisa senão um processo civilizatório, que conduz o homem, por conta própria ou por difusão da cultura, a passar do paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio civilizatório.”

Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1994.

Pode-se afirmar, segundo os textos, que

  1. tanto Terena quanto Jaguaribe propõem idéias inadequadas, pois o primeiro deseja a aculturação feita pela civilização branca, e o segundo, o confinamento de tribos.
  2. Terena quer transformar o Brasil numa terra só de índios, pois pretende mudar até mesmo a língua do país, enquanto a idéia de Jaguaribe é anticonstitucional, pois fere o direito à identidade cultural dos índios.
  3. Terena compreende que a melhor solução é que os brancos aprendam a língua tupi para entender melhor o que dizem os índios. Jaguaribe é de opinião que, até o final do século XXI, seja feita uma limpeza étnica no Brasil.
  4. Terena defende que a sociedade brasileira deve respeitar a cultura dos índios e Jaguaribe acredita na inevitabilidade do processo de aculturação dos índios e de sua incorporação à sociedade brasileira.
  5. Terena propõe que a integração indígena deve ser lenta, gradativa e progressiva, e Jaguaribe propõe que essa integração resulte de decisão autônoma das comunidades indígenas.
  1. Em 1958, a seleção brasileira foi campeã mundial pela primeira vez. O texto foi extraído da crônica .A alegria de ser brasileiro., do dramaturgo Nelson Rodrigues, publicada naquele ano pelo jornal Última Hora.

Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas rolam. Convenhamos que a seleção as merece. Merece por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os olhos mortais já contemplaram, como também pelo seu maravilhoso índice disciplinar. Até este Campeonato, o brasileiro julgava-se um cafajeste nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-lhe inveja. Achava o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia inenarráveis. E, súbito, há o Mundial. Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos, britânicos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas em penca. Só o brasileiro se mantinha ferozmente dentro dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro. Por tantos motivos, vamos perder a vergonha (...), vamos sentar no meio-fio e chorar. Porque é uma alegria ser brasileiro, amigos.

Além de destacar a beleza do futebol brasileiro, Nelson Rodrigues quis dizer que o comportamento dos jogadores dentro do campo

  1. foi prejudicial para a equipe e quase pôs a perder a conquista da copa do mundo.
  2. mostrou que os brasileiros tinham as mesmas qualidades que admiravam nos europeus, principalmente nos ingleses.
  3. ressaltou o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros em relação aos europeus, o que os impediu de revidar as agressões sofridas.
  4. mostrou que o choro poderia aliviar o sentimento de que os europeus eram superiores aos brasileiros.
  5. mostrou que os brasileiros eram iguais aos europeus, podendo comportar-se como eles, que não respeitavam os limites da esportividade.
  1. Leia

Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
Sois cristão?
Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
(Oswald de Andrade)

Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é CORRETO afirmar que a visão apresentada pelo texto é

  1. ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
  2. inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.
  3. moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.
  4. preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.
  5. negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.
  1. A questão étnica no Brasil tem provocado diferentes atitudes:

  1. Instituiu-se o “Dia Nacional da Consciência Negra” em 20 de novembro, ao invés da tradicional celebração do 13 de maio. Essa nova data é o aniversário da morte de Zumbi, que hoje simboliza a crítica à segregação e à exclusão social.
  2. Um turista estrangeiro que veio ao Brasil, no carnaval, afirmou que nunca viu tanta convivência harmoniosa entre as diversas etnias.

Também sobre essa questão, estudiosos fazem diferentes reflexões:

Entre nós [brasileiros], (...) a separação imposta pelo sistema de produção foi a mais fluida possível. Permitiu constante mobilidade de classe para classe e até de uma raça para outra. Esse amor, acima de preconceitos de raça e de convenções de classe, do branco pela cabocla, pela cunhã, pela índia (...) agiu poderosamente na formação do Brasil, adoçando-o.

(Gilberto Freire. O mundo que o português criou.)

[Porém] o fato é que ainda hoje a miscigenação não faz parte de um processo de integração das “raças” em condições de igualdade social. O resultado foi que (...) ainda são pouco numerosos os segmentos da “população de cor” que conseguiram se integrar, efetivamente, na sociedade competitiva.

(Florestan Fernandes. O negro no mundo dos brancos.)

Considerando as atitudes expostas acima e os pontos de vista dos estudiosos, é CORRETO aproximar

  1. a posição de Gilberto Freire e a de Florestan Fernandes igualmente às duas atitudes.
  2. a posição de Gilberto Freire à atitude I e a de Florestan Fernandes à atitude II.
  3. a posição de Florestan Fernandes à atitude I e a de Gilberto Freire à atitude II.
  4. somente a posição de Gilberto Freire a ambas as atitudes.
  5. somente a posição de Florestan Fernandes a ambas as atitudes.

RECUPERAÇÃO PARALELA DE FILOSOFIA PRIMEIRO ANO 3° BIMESTRE

A felicidade e as escolhas


As diferentes posições sobre a felicidade e como ser feliz em meio às escolhas?

Em nosso cotidiano, ouvimos falar constantemente sobre o tema da felicidade. Muitas pessoas afirmam que desejam ser felizes, que querem alcançar a felicidade, ou que estão infelizes. Isso nos leva a refletir sobre as seguintes questões: a felicidade é um conceito objetivo ou subjetivo? Existe "a" felicidade ou cada um tem seu conceito sobre o que é ser feliz? Frente a estas dúvidas, a tendência é tentar negar a existência da felicidade. Perigosa tentação, pois às vezes é mais fácil negar a felicidade do que aceitar que ela existe e reconhecer que não a possuímos... Estamos frente a uma situação limite... pouco discutida e que quase não é refletida em nosso cotidiano corrido... Você já parou para pensar sobre o que é a felicidade? Você já se perguntou um dia por que todo mundo a deseja ou acredita na sua existência?

Desde a Grécia Antiga os filósofos já se ocupavam sobre a questão da felicidade. Em especial, um grande filósofo chamado Aristóteles já postulava importantes considerações sobre esse tema. Segundo ele, todas as coisas que existem tendem para um fim. O homem, por sua vez, também existe para uma finalidade: “ser feliz”. Nesse sentido, Aristóteles constata que existe um grande consenso entre os homens: “todos querem ser felizes”; mas também há um grande descenso entre eles: “O que é a Felicidade?”. Como o próprio autor afirma em sua obra Ética a Nicômaco: “Todos estão de acordo e dizem ser o fim do homem a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir com o ser feliz. Diferem, porém, quanto ao que seja a felicidade, o homem limitado não a concebe da mesma forma que o sábio”. Sendo assim, nem todos os homens compreendem a felicidade de maneira semelhante.
Para resolver esse dilema, Aristóteles afirma que o homem verdadeiramente feliz é aquele que age segundo sua própria natureza, isto é, que age racionalmente e visa ser virtuoso, visto que para esse filósofo grego, a essência do homem é sua razão, pois todos tendem ao saber. Mas qual é de fato a nossa natureza? Muitos dizem que somos seres essencialmente bons, outros dizem que somos naturalmente maus e egoístas. Mas podemos acreditar também que somos seres inacabados... incompletos... que ao invés de nascerem com uma essência pré-estabelecida, buscam construir esta suposta essência na própria existência, na vida real, no cotidiano. Assim sendo, podemos ser tanto anjos como demônios. Nossa natureza depende de nossas escolhas, e devido a isso, nossa felicidade também dependerá delas.
É o que afirma o filósofo francês Jean-Paul Sarte em sua obra “O Existencialismo é um Humanismo” : “Se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço é o de pôr todo homem no domínio que ele é, de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens”. Dessa maneira, eliminando uma natureza pré-definida que nos dirá o que é ser feliz, podemos analisar uma outra perspectiva sobre o tema, afirmando que a felicidade se encontra na forma como fazemos nossas escolhas, ou seja, encarando a vida da maneira como ela realmente se apresenta, vivendo-a intensamente com responsabilidade.
Ora, encarar a vida tal como ela se apresenta não é tarefa fácil. Somos seres jogados na existência e estamos condenados a fazer escolhas. Cada possibilidade de existência assumida significa a renúncia de outro modo de vida. Dessa maneira, podemos acertar ou errar, ganhar ou perder. Tudo depende de nossas escolhas. A angústia é a disposição emocional que nos acompanha neste drama da existência. Como então ser feliz em uma realidade tão dura como essa?
A felicidade não é uma disposição emocional. Ser feliz não é estar sempre alegre. O sofrimento e a angústia também fazem parte da vida e da própria felicidade. Se tudo na vida fosse só alegria, as pessoas não dariam real valor a felicidade... Às vezes, é preciso chorar para sabermos o quanto é bom sorrir... é preciso sentir saudades para saber o quanto gostamos de alguém... Às vezes, quando temos tudo, nada parece ter valor. A vida é constante movimento, ela é um antes, um durante e um depois. Por isso, devemos viver o momento, sem deixar de olhar para nosso passado e nos projetar para o futuro. Os momentos difíceis são parte integrante da vida e deles não podemos escapar. No entanto, estes momentos são necessários para que possamos valorizar os acontecimentos felizes e encontrarmos a felicidade. É partindo desse ponto de vista, que o filósofo Karl Jaspers ressalta: "Os problemas e conflitos podem ser a fonte de uma derrota, uma limitação para a nossa potencialidade, mas também podem dar lugar a uma maior compreensão da vida e o nascimento de uma unidade que se fortalece com o tempo."
Frente a estes pontos de vista, esse artigo chega a conclusão de que a felicidade não deve ser entendida como um objetivo ditado por uma essência pré-definida existente no homem, ou como um sentimento. A felicidade pode ser entendida como a própria vida sendo vivida de maneira intensa e responsável nas próprias escolhas do dia-a-dia, seja nas alegrias ou nos sofrimentos, buscando sempre tirar um aprendizado para aquilo que ocorre conosco. Como afirma Erich Fromm: “buscar a felicidade é como caçar borboletas: quanto mais você tenta, mais ela foge. No entanto, se você deixar a borboleta voar e se preocupar com outras coisas, ela pode até pousar em seus ombros”. 

Arnin Braga

Responda:


Quais são os principais problemas filosóficos levantados logo ao início do texto a respeito do tema da felicidade?

Desde que período os filósofos tratam do tema da felicidade e o qual o principal filósofo a abordar este tema?

O que Aristóteles afirmava em relação à finalidade última do homem?

Qual a principal divergência entre os homens quando o assunto é a busca pela felicidade?

O que Aristóteles afirma em relação ao homem verdadeiramente feliz?

Para Aristóteles qual a essência do homem?

O que o texto afirma em relação à natureza humana?

O que o filósofo Sartre afirma sobre a responsabilidade?

Proposta de redação:


Procure explicar o que é felicidade e como a felicidade pode se relacionar com as angústias, as escolhas e problemas encontrados no percurso da existência.

sábado, setembro 15, 2018

Um menino, cinco pães e dois peixes


  • Resultado de imagem para multiplicação de pães e peixes
A Igreja reza pedindo que Deus redobre, “multiplique” Seu amor para conosco, a fim de que, conduzidos por Ele, usemos de tal modo os bens que passam, podendo abraçar os que não passam. A administração dos bens sempre foi um desafio para a humanidade, tanto que os sistemas econômicos, a partir de visões diferentes, alternam-se ou se complementam numa busca incansável das respostas adequadas às necessidades humanas. No Evangelho, Jesus se ocupa, em Seus ensinamentos, parábolas ou milagres, do tema dos bens a serem cuidados pela humanidade.
O fato da multiplicação de pães e peixes, milagre realizado por Jesus e narrado pelos quatro evangelistas, é carregado de ensinamentos, fonte inesgotável para a vida cristã em todos os tempos. São João no-lo descreve com grande riqueza de detalhes (Jo 6,1-15), reportando, no mesmo capítulo em que o descreve como um dos “sinais”, o discurso a respeito do Pão da Vida, no qual o Senhor confronta Seus próprios discípulos com a escolha decisiva que também orientará a vida de todos os homens e mulheres que viessem a acolher a Boa Notícia do Evangelho no correr dos séculos. De forma muito clara, abre ainda as mentes e os corações para o milagre cotidiano, com o qual o Senhor se faz presente na Eucaristia.
Dentre tantas riquezas da multiplicação de pães, podemos voltar os olhos para aquele menino que ofereceu a “contrapartida” para que o Senhor realizasse o milagre. As crianças nem eram contadas, tanto que o número de cinco mil homens pode ser multiplicado, pelas mulheres e crianças certamente presentes ao episódio da multiplicação. Jesus acolhe quem nem mesmo vale para a sociedade de seu tempo, recolhe o pouco que pode ser oferecido e multiplica. Desde cedo, o Cristianismo aprendeu com o seu Senhor e Mestre a verdade da partilha, ponto de partida para a intervenção da graça que, efetivamente, multiplica o que se pode oferecer, do menor ao maior, para chegar a todos que podem entrar, cada dia numa igreja, ter os olhos voltados para o altar e ali aprenderem a lição perene da multiplicação.
Muitas vezes, cantamos “sabes, Senhor, o que temos é tão pouco para dar, mas este pouco nós queremos com os irmãos compartilhar”. As desculpas são muitas, pois um não possui nem mesmo moedas, outro não tem ideias, aquele não tem coragem e a muitos falta a criatividade ou a iniciativa. O apelo suscitado pelo Evangelho é a uma mudança que se pode chamar “cultural”. A cultura cristã tem a marca do “dar” e do “receber”, capacidade de oferecer o que se tem de melhor, mesmo que sejam os pães e os peixes do menino, as duas moedas da viúva pobre, o óleo perfumado da mulher pecadora ou a vida daqueles doze homens chamados por Jesus para começar tudo. Lições de Economia, Administração, Matemática! Voltemos à velha “tabuada”.
Tabuada de um! Para Deus vale o que você tem. Uma é a vida a ser oferecida. A chance que lhe é oferecida é irrepetível. Você pode gastá-la para ser feliz, olhando para o Senhor que só sabe amar e se oferecer neste amor infinito.
Houve um homem, bem conhecido, discreto e silencioso, tímido, mas do qual soubemos, após sua morte, ter dado bolsas de estudo a muitas pessoas pobres. O que fez com a mão direita, nem a esquerda soube, mas Deus fez aparecer os testemunhos quando já tinha sido chamado para junto d’Ele.
Tabuada de dois! Olhe ao seu redor, pois é sempre possível compartilhar e, ao mesmo tempo, receber muito dos outros. Pertinho de você existem pessoas amigas, há ouvidos abertos para escutar e gente que espera uma palavra que pode ser a sua. Comece o diálogo com a pessoa que se assenta ao seu lado num transporte coletivo, ou com quem está perto de você numa das muitas filas a serem enfrentadas. Oferta, escuta, gestos, atenção, bens materiais. Saiba receber com humildade e simplicidade. Vale a pena lembrar que bastam dois reunidos em nome de Jesus, que se amem mutuamente, para que Ele esteja presente.
Tabuada de cinco! Os dons de Deus são irrevogáveis e infinitamente desproporcionais às nossas capacidades e, eventualmente, pequenas ofertas. Basta verificar a quantidade de obras sociais nascidas do Evangelho no coração da Igreja para ver o quanto os meios pobres, mas bem administrados, são orvalhados pela graça. Quantos são os filhos sem nome ou sem genitores conhecidos que foram acolhidos! E a presença no campo da educação! Escute o que têm a dizer as muitas iniciativas de caridade. Conheça o que faz a Cáritas Arquidiocesana de Belém (PA), abra seus olhos para ver que nossa pobreza se faz riqueza, para que o que tem muito não tenha sobra e o que tem pouco não tenha falta. Onde houver um cristão de verdade, esteja presente o milagre da multiplicação! Um, dois, cinco, mil. Uma contabilidade nova! As contas de Deus serão sempre maiores, porque são do tamanho da eternidade.
Fonte: Canção Nova

CONVITE AO DEBATE