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terça-feira, maio 31, 2016

Michael Löwy: “O Estado de exceção predomina. A democracia é que foi excepcional”

michael lowy md18
Entrevista especial com Michael Löwy.
Michael Löwy, sociólogo brasileiro radicado na França, alerta para o risco que corre a democracia com os novos golpes na América Latina e com a ascensão da extrema-direita na Europa. O pensador acredita que a esquerda deva se unir para barrar o golpe no Brasil, mas sem perder seus horizontes utópicos. Especialista em sociologia das religiões, Löwy analisa o impacto político das igrejas neopentecostais no Brasil. Assinala ainda a necessidade de se criticar o atual modelo de desenvolvimento econômico a partir de uma perspectiva que coloque em questão as consequências sócio-ambientais do capitalismo. Esta conversa, conduzida por Daniel Garroux (Doutorando USP / Paris 10), Frederico Lyra (doutorando Lille 3) e Gabriel Zacarias (Pós-doutorando USP / EHESS), inaugura a série de entrevistas do Movimento Democrático 18 de Março (MD18) com grandes intelectuais de esquerda. Mais informações sobre o movimento e o projeto de entrevistas ao final deste post!
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Em um artigo publicado recentemente em português no Blog da Boitempo, o senhor afirma que o que acontece atualmente no Brasil deve ser considerado um golpe de estado. Poderia comentar essa afirmação?
Cito aquela frase famosa de Marx, que por sua vez cita Hegel, segundo a qual a História acontece duas vezes: a primeira, como tragédia, e a segunda, como farsa. A tragédia foi o golpe de 1964, vinte anos de ditadura, centenas de mortos e milhares de torturados. Agora temos direito à farsa, àquele espetáculo ridículo de centenas de deputados e, em seguida, senadores, a maioria dos quais envolvidos em escândalos de corrupção, dando-se ares de salvadores da pátria e vestindo-se com a bandeira do Brasil. Uma palhaçada total. Destituíram a presidenta Dilma sob o pretexto ridículo das pedaladas fiscais, algo que todos os governos fizeram antes e que os governadores também fazem. Um recurso comum e corrente, que não configura crime, apenas uma irregularidade administrativa. Trata-se realmente de uma farsa grotesca, mas que pode custar caro para a população. Isso ilustra mais uma vez o desprezo da oligarquia que domina o Brasil há 500 anos – ainda que assuma outros nomes – pela democracia. Passam com o trator quando a democracia não vai para o lado que eles querem. Foi isso em 1964 e é o mesmo agora. Eu votei na Luciana Genro no primeiro turno e apoiei a Dilma no segundo, mas tenho muitas críticas ao seu governo. Ela fez uma campanha que pendia para a esquerda, com muitas promessas que não cumpriu. Logo no começo já implementou um ajuste fiscal. Fez todas as concessões aos bancos e aos latifundiários, colocou a Kátia Abreu no Ministério da Agricultura, cedeu ao grande capital… Para os trabalhadores, foram só sacrifícios. Foi muito decepcionante, pois ela fez demasiadas concessões à oligarquia. Mas a oligarquia não quer mais concessões, ela quer tudo. Quer a totalidade do poder, não quer mais negociar. Ela quer exercer o poder diretamente por meio de seus paus-mandados. É a isso que estamos assistindo.
Em outras palavras, podemos dizer que o modelo conciliatório, que fora estabelecido com a transição no final da ditadura, se exauriu?
É isso.
Assim sendo, a crise política que vivemos hoje não poderia ser vista também como uma oportunidade? Uma ocasião para inaugurar uma luta de esquerda que não seja mais pautada por esse parâmetro conciliatório?
Essa seria a versão otimista. Porém, como dizia Gramsci, acredito no “pessimismo da razão e no otimismo da vontade”. O pessimismo da razão diz que a conjuntura no momento não é favorável. Há uma ofensiva da direita em toda América Latina e também no Brasil, e a esquerda ainda está bastante isolada. O otimismo da vontade diz que precisamos justamente construir as condições para uma nova esquerda. Uma esquerda coerente com o programa inicial do PT, que era um programa socialista no Brasil, e que, desta vez, não capitule, não faça conchavos com a oligarquia. Nesse sentido, sim, talvez haja uma oportunidade. Temos que lutar para isso, mas é uma luta a médio e longo prazo. O imediato é unir esforços para barrar os golpistas. Unir todos que se opõem ao golpe, cada qual com seus motivos, em uma frente única. Mas, dentro dessa ampla unidade, os anticapitalistas devem colocar estas questões: “esse método de fazer alianças com o PMDB, com os latifundiários, é um bom método? Deu certo?” Temos que lutar juntos e, ao mesmo tempo, colocar essas perguntas.
Após junho de 2013, os movimentos sociais têm tomado novas formas no Brasil. Há um deslocamento da luta para dentro da cidade, seja com a ocupação das escolas pelos adolescentes, seja com o fortalecimento do MTST. Há também um forte movimento feminista, que foi o principal a se opor às medidas retrógradas propostas na Câmara pelo então presidente Eduardo Cunha. Como o senhor enxerga os novos atores que estão surgindo e suas articulações com os antigos grupos?
É impressionante. Há uma efervescência social no Brasil. Vimos isso em junho de 2013, com aquela grande movimentação que começou com os protestos contra o aumento no preço do transporte, mobilizado de maneira fantástica pelo Movimento do Passe Livre (MPL). Há, como você mencionou, o fortalecimento do MTST, um movimento muito político e radical, que talvez seja o movimento social mais importante no Brasil atualmente. Há também o movimento ecológico, o movimento feminista, os cristãos de base e muitas outras movimentações interessantes. Isso não quer dizer, porém, que os movimentos antigos tenham sumido. O movimento sindical e o MST são também muito ativos. Nossa esperança no Brasil são os movimentos sociais, pois eles mantêm uma coerência, uma independência. Esse potencial é muito menor no que se refere aos partidos políticos. Como dizia o Frei Betto, quando a política perde o horizonte utópico, torna-se mesquinha. É exatamente isso que aconteceu com o PT, com a corrupção, as capitulações, os retrocessos. Claro que ainda há pessoas no PT que acreditam no socialismo, e temos de dialogar com elas. Mas, considerando-se as esperanças que tínhamos nos anos 1980, o balanço do PT é decepcionante. Em suma, há no Brasil um potencial de mobilização, organização e protesto social que é impressionante, mas que ainda não encontra uma expressão política adequada. Isso pode mudar em algum momento, mas ainda não é o caso. Nossa grande esperança pro futuro é essa radicalidade do movimento social.
Quando fala em expressão política, o senhor pensa que essa expressão política deva se dar no âmbito da representação?
Não só. Um partido político anticapitalista não significa representação parlamentar ou outra. Essa é uma das formas, mas não é a única. Para um partido que tem como vocação mudar a sociedade, a prioridade deve ser organizar as bases, participar dos movimentos sociais, levar uma mensagem anticapitalista e socialista para o povo. Claro que as eleições fazem parte também. Mas um dos problemas do PT foi justamente ter passado a dar prioridade total à questão eleitoral e parlamentar, deixando o restante de lado. Precisamos evitar repetir esse erro.
O senhor vê alguma relação entre o que está acontecendo hoje na França, onde a população tenta resistir ao avanço de uma reforma trabalhista neoliberal, e o que acontece no Brasil, onde o novo governo também propõe uma agenda de flexibilização dos direitos do trabalho?  
Sim. Os movimentos populares, os trabalhadores, as classes subalternas, todos os movimentos sociais e de esquerda do mundo inteiro tem um adversário comum, que é o neoliberalismo. Ou melhor, o capitalismo em sua forma neoliberal. Há muitas semelhanças entre o que se passa no Brasil e na França, pois se trata de lutar contra as políticas neoliberais, sejam elas aplicadas por governos de direita ou de centro-esquerda. São as mesmas políticas e o inimigo é o mesmo. Dito isso, há obviamente movimentos específicos em conjunturas específicas. No Brasil de hoje, o problema não é mais se mobilizar contra os retrocessos do governo Dilma, mas sim enfrentar outro governo, muito mais neoliberal. Aqui na França, por enquanto, estamos numa batalha dura contra um governo de pseudoesquerda, mas que está se revelando completamente alinhado com o neoliberalismo. São batalhas difíceis, e não sei se poderemos vencer. Se por toda parte há uma afinidade é porque é sempre uma luta contra o capital, e é o capital quem domina as políticas.
No Brasil, há o desvio de uma ordem democrática legítima para uma ordem ilegítima, excepcional. Na França, além do Estado de emergência decretado desde os atentados de novembro do ano passado, temos agora o emprego de um dispositivo de exceção (o artigo “49.3”) para forçar a aprovação de uma nova lei trabalhista. Em termos de conjuntura global, observamos, portanto, um crescente uso dos dispositivos de exceção nos Estados dos países ditos desenvolvidos, países normalmente tomados como modelos de países democráticos. Nesse contexto, é possível demandar simplesmente uma restauração da ordem democrática anterior? O senhor acredita que possa existir certo esgotamento da forma democrática?
Se observarmos a história nos últimos dois séculos, o que predomina é o Estado de exceção. Na verdade, a democracia é que foi excepcional. Não diria que a forma democrática se esgotou, mas, pelo contrário, que ela é um peso grande para o Estado, para as classes dominantes e para o capital financeiro. A democracia atrapalha, ela não facilita o trabalho da política capitalista. Por isso a tendência a reduzir o espaço democrático, tomar medidas de exceção e até mesmo usar o método do golpe, como estamos vendo na América Latina. O golpe no Brasil não é o primeiro. Já tivemos golpes em Honduras e no Paraguai, e possivelmente teremos outro na Venezuela. Isso mostra que a democracia já não está mais sendo útil, que ela está atrapalhando a implantação das políticas neoliberais.
Essa foi também a história recente da Grécia. O povo grego escolheu um caminho e o capital europeu, personificado na Comissão Europeia, passou por cima dos resultados eleitorais em prol das leis do mercado. Se antes já vivíamos em uma democracia de baixa intensidade, agora parece que até mesmo essa democracia era intensa demais para as classes dominantes e para o capital financeiro. Toma-se, portanto, o caminho das medidas de exceção, de maneira diferente em cada país. No caso do Brasil, temos um golpe pseudolegal, supostamente dentro do Estado de direito, mas com uma restrição cada vez maior dos direitos. Há ainda essa tendência bem preocupante, não só na América Latina como também na Europa, de uma extrema-direita que está se aproveitando dessa conjuntura e que se apresenta como um sério candidato ao poder. Se isso se confirmar, o pouco que nos resta da democracia vai desaparecer.
Uma das principais facetas do seu trabalho é a sociologia das religiões. No Brasil, já há algum tempo, observamos o crescimento das igrejas neopentecostais. Como o senhor avalia a transição dos anos 1980, quando havia um importante trabalho de base na igreja católica, para a situação atual, com as igrejas evangélicas servindo de suporte para essa extrema-direita que ameaça tomar o poder, e que já tem força considerável no Congresso?
Nas décadas de 1980 e 1990, o cristianismo alimentou a esquerda e os movimentos sociais, o MST, a CUT, o próprio PT. Muitos desses movimentos têm suas raízes nas comunidades eclesiásticas de base, na pastoral do campo, na teologia da libertação. Isso foi importante e teve grandes consequências sociais e políticas ao Brasil. Mas entrou em crise com a adaptação do PT ao Estado burguês e ao interesse do capital, e com o esvaziamento da CUT. Essa dinâmica se esgotou, pois uma parte dos promotores daquilo que eu chamo de “cristianismo da libertação” acabou se acomodando nas instituições – governo federal, prefeituras, direções partidárias. Houve aqueles que mantiveram uma atitude profética de crítica ao poder – caso do Frei Betto, por exemplo – enquanto outros procuraram uma posição intermediária, entre crítica e apoio. Esse campo cristão progressista foi sobretudo católico, mas contou também com o protestantismo histórico: metodistas, luteranos.
Nas últimas décadas, como se sabe, surgiram com cada vez mais força os chamados “evangélicos”. As igrejas neopentecostais assumiram uma agenda bastante reacionária em todos os campos: com relação às mulheres, aos homossexuais, aos cultos afro-brasileiros, ao capitalismo – uma adesão à chamada “teologia da prosperidade”. Trata-se de uma configuração com muito impacto político, pois esses grupos organizam e financiam campanhas eleitorais. Isso é bem preocupante. Há talvez uma esperança de que a teologia da libertação volte a ganhar mais espaço, agora que o Vaticano está abrindo um pouco mais as possibilidades. Quem sabe poderemos assistir a uma nova onda do cristianismo da libertação, que talvez possa disputar este espaço com os evangélicos. Sempre há também a esperança que algum dia surja no seio das igrejas evangélicas um setor mais crítico. Acredito que já exista, aqui e acolá, mas ainda sem conseguir se estruturar em uma força sócio-religiosa de peso. A igreja católica foi durante séculos uma força ultraconservadora, até que de repente surgiu o imprevisto: alguns cristãos começaram a ler Marx. Talvez isso aconteça com os evangélicos.
Outra dimensão de seu trabalho atual é a reflexão sobre o ecossocialismo. Sabemos que o modelo de desenvolvimento do governo Dilma – e talvez do governo Lula também – foi um modelo desenvolvimentista que não prestou atenção às questões ecológicas…
Isso é verdade. O modelo de desenvolvimento adotado pelo PT não é muito diferente dos governos anteriores. É baseado na exploração da agroindústria, com a soja, a mineração, o petróleo, que trazem consequências terríveis para o meio-ambiente. A ecologia realmente não é uma preocupação. Daí a Marina Silva ter saído do governo, pelo menos no começo, com uma posição crítica legítima. Mas isso não se passa só no Brasil. Outros governos de esquerda não são diferentes. Por um lado, não é simples nem realista, do ponto de vista econômico e social, propor uma mudança de modelo e deixar de explorar os minérios, o petróleo e o gás. No caso da Venezuela, por exemplo, a economia é totalmente dependente do petróleo. Por outro lado, do ponto de vista ecológico, seria necessário fechar a torneira – não só para a Venezuela, mas para o planeta. Há um provérbio que diz: “ou se acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. O petróleo é muito pior do que a saúva. Ou acabamos com o petróleo, ou o petróleo acaba com a vida no planeta. É a verdade, mas ninguém quer saber. Se você diz isso aos venezuelanos de esquerda, mesmo os que se dizem ecologistas, eles perguntarão: “e do que nós vamos viver?”
Temos de ter propostas imediatas que sejam transitórias, como o plano do Parque Yasuni. No Equador, havia uma região da Amazônia com uma biodiversidade extraordinária, onde viviam comunidades indígenas. Mas, sob a floresta, havia petróleo. Os ecologistas, indígenas e camponeses fizeram uma proposta: preservar o Parque Yasuni, exigindo, em compensação, uma indenização dos países ricos – que dizem lutar contra os efeitos da poluição – equivalente à metade do valor do petróleo que se deixaria de explorar na região. Era uma proposta razoável, mas é claro que os países ricos não gostaram. O governo de esquerda do Rafael Correa, que inicialmente havia encampado a proposta, acabou cedendo com o tempo e, infelizmente, abriu a área para as companhias de petróleo. Mas esse não deixa de ser um exemplo daquilo que podemos exigir de países como o Equador, a Colômbia e a Venezuela: preservar áreas de interesse ambiental e exigir de países ricos, como os Estados Unidos, a Inglaterra e a Alemanha, que os indenizem pelo petróleo não explorado. Assim, uma dinâmica poderia ser criada. Precisamos, portanto, criticar o modelo de desenvolvimento que é ecologicamente insustentável e começar a levantar propostas concretas de coisas a serem feitas imediatamente.
Como o senhor vê a exploração do pré-sal no Brasil?
Há um consenso geral de que o pré-sal é o salvador da pátria que vai nos tirar da miséria e promover a educação e a saúde. Isso é uma mistificação, porque a maior parte do dinheiro do petróleo vai ser acaparada pelo capital. Mais do que isso, o pré-sal representa um risco muito grande de desastre ecológico. Ele requer uma nova forma de exploração em profundidade que nunca foi praticada, na qual, se houver um incidente, vai ser praticamente impossível de sanar. Não adianta a Petrobrás jurar que está tudo sob controle. Já ouvimos essa história antes, no Golfo do México, no Alasca… Se algo der errado, todas as praias do Brasil vão ser inundadas de petróleo. Infelizmente, é muito difícil fazer uma campanha contra o pré-sal no Brasil, por conta dos ganhos econômicos que foram prometidos. Temos, pelo menos, de levantar perguntas e colocar em dúvida essa euforia do pré-sal.
A América Latina como um todo, por ser um continente com grande presença de territórios e populações indígenas – populações que têm uma relação distinta com o território – poderia ser um espaço privilegiado para colocar essas questões contrárias ao modelo atual de desenvolvimento capitalista?
Absolutamente. Em função de sua cultura, da sua história, de sua espiritualidade, essas comunidades têm uma relação distinta com a natureza e com o meio ambiente. Por mais que se queira comprá-las, subordiná-las ou reprimi-las, elas resistem. Em todos os países da América Latina, e até no Canadá, os indígenas estão na primeira linha da resistência sócio-ecológica à destruição do meio ambiente pelo capital, e merecem todo nosso apoio. Naqueles países em que têm maior peso – como Equador ou Peru – já conseguiram algumas vitórias. No Brasil, o peso demográfico e social das comunidades indígenas é menor, porque foram em parte exterminadas pelo progresso. Mas é muito importante que elas estejam na Amazônia, pois, se não estivessem lá, o capital e o Estado já teriam acabado com a floresta. Um dos aderentes do nosso movimento ecossocialista, Ugo Blanco, um dirigente indígena do Peru, costuma dizer: “nós já praticamos o ecossocialismo há séculos.” Ele tem razão. A maneira com a qual as comunidades indígenas se organizam coletivamente e a relação que estabelecem com a natureza são sementes de ecossocialismo. Elas estão na vanguarda dessa luta para salvar a vida na terra.
Movimento Democrático 18 de Março (MD18) nasceu da luta contra o golpe de Estado no Brasil. Sediado em Paris, e com grande presença de pesquisadores, professores universitários, artistas e militantes de movimentos sociais, o movimento propõe ampliar a reflexão sobre as possibilidades da esquerda na atual conjuntura de crise. É com esse objetivo que o MD18 inaugura uma série de entrevistas com intelectuais, artistas e militantes de diferentes horizontes, que visam ampliar o debate sobre as formas de resistência que podem e devem advir. O projeto se inicia com a participação de grandes pensadores da esquerda como Michael LöwyBoaventura de Souza SantosNancy Fraser e Anselm Jappe, além de contar com a colaboração de inúmeros intelectuais brasileiros. As entrevistas serão disponibilizadas em português e em francês no site do MD18: http://www.md18.org/
***
Michael Löwy, sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Revolta e melancolia: o romantismo na contracorrente da modernidade, Walter Benjamin: aviso de incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no jovem Marx (2012), A jaula de aço: Max Weber e o marxismo weberiano (2014) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de Walter Benjamin, além de coordenar, junto com Leandro Konder, a coleção Marxismo e literatura da Boitempo. Colabora com o Blog da Boitempo esporadicamente.
Fonte: https://blogdaboitempo.com.br/2016/05/30/michael-lowy-o-estado-de-excecao-predomina-a-democracia-e-que-foi-excepcional/ em 30/05/2016 

segunda-feira, maio 30, 2016

PAÍSES DEMOCRÁTICOS E DESENVOLVIDOS TEM CONTROLE SOCIAL DA MÍDIA

A Necessidade de Controle Social da Mídia

Autor(es): 

Francisco Fonseca





Ano: 

2011
Artigo em foco: Mídia, Poder e Democracia: Teoria e Práxis dos Meios de Comunicação

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No artigo “Mídia, Poder e Democracia: Teoria e Práxis dos Meios de Comunicação”, o professor Francisco Fonseca critica a atuação da mídia brasileira e sua suposta atuação pública. O autor defende a necessidade de o país adotar formas de controle social democrático sobre a mídia, tal como existente em diversos países democráticos.
 
O autor aborda questões, tais como: a “política informacional” e o surgimento e consolidação da “sociedade midiática”; as teorias políticas sobre democracia e as falsas confluências entre mídia e democracia; a necessidade de um marco conceitual capaz de compreender o poder dos meios de comunicação; o papel dos jornais de grande circulação como indutores da agenda neoliberal no Brasil e sua posição em relação ao conflito distributivo entre capital e trabalho.
 
O autor ressalta que, em regimes democráticos, os conflitos sociais são possibilitados pelas instituições e pelas leis, assim como pelos pactos entre as classes sociais. Ressalta ainda que o sistema de governo considerado democrático é aquele que permite a manifestação de interesses diversos na esfera pública, arena que incorpora os interesses comuns e os de classes: os interesses comuns são os relacionados à nação, à identidade nacional e ao Estado nacional, e os interesses de classes aqueles que se distinguem em razão da posição e interesses de cada classe social.
 
Para Fonseca, a mídia pode influir nas agendas públicas e governamentais, intermediando as relações entre diferentes grupos sociais. Dessa forma, influenciaria a chamada opinião pública, ao participar das disputas políticas. No entanto, estes diversos papeis seriam ofuscados pela autoimagem simplista de que o dever da mídia seria o de informar sobre os acontecimentos de interesse público. Para o autor, a mídia se autodefine como neutra, independente, apartidária e não ideológica, porém carrega valores ideológicos e interesses sociais e partidários.
 
Para complicar ainda mais o quadro exposto, o poder da mídia estaria aumentado no mundo todo. A crise dos sistemas representativos tradicionais, que incluem partidos, sindicatos e movimentos sociais estaria provocando um vazio, crescentemente ocupado pela mídia por meio da política informacional. Conforme o sociólogo espanhol Manuel Castells, as sociedades contemporâneas são caracterizadas como midiáticas, isto é, suas relações sociais e de poder são intermediadas pelas diversas modalidades da mídia, que definem as regras para o jogo político e promovem fusão entre espetáculo, entretenimento e notícias. A esfera pública, portanto, seria crescentemente agendada pelo sistema midiático, que daria os contornos do que seria ou não legitimo, e do que deveria ou não ser prioritário.
 
Como o mundo estaria se tornando cada vez mais homogêneo em termos estéticos e de valores, em contraste com o aumento da desigualdade política e social, a democratização das comunicações torna-se tema de ainda maior relevância. Nesse sentido, o quarto poder representaria, de fato, o primeiro poder, dada a capacidade de influenciar a agenda política simultaneamente a atuação vigorosa como empresas capitalistas, cuja notícia é mercadoria. Vale notar que a mercadoria notícia difere das outras mercadorias, tendo em vista as consequências que pode acarretar aos grupos sociais, particularmente aos desprovidos de poder.
 
Assim, para que de fato a democracia possa se materializar, a mídia deve cumprir um papel minimamente público em meio ao universo privado e mercantil. Para isso, seriam necessárias ações que a responsabilizem e que controlem seu poder. A democratização da mídia incide diretamente na vivência democrática, pois os meios de comunicação intermedeiam as relações sociais nas sociedades de massa e incutem nas pessoas a percepção de realidades que não vivenciaram. A responsabilidade dos meios de comunicação perante a construção permanente da democracia seria, portanto, prioritária entre as preocupações democráticas. Para Fonseca, a responsabilização e o controle democrático da mídia, por meio de uma série de reformas legais, econômicas e políticas, com o intuito de dar vez e voz aos diversos grupos sociais, é essencial.
 
Entre em contato com o professor Francisco Fonseca.
 
Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Francisco Fonseca.
http://gvpesquisa.fgv.br/publicacoes/gvp/necessidade-de-controle-social-da-midia em 29/05/2016

sexta-feira, maio 27, 2016

Pai Nosso dos dias atuais

TEMER/PMDB/PSDB e AÉCIO MENTIRAM AO DAR O GOLPE, CRISE ECONÔMICA ATINGE O MUNDO

As dificuldades criadas pela crise econômica no setor do trabalho persistem na França, com uma taxa de desemprego superior a 10% e que se constitue atualmente numa das principais preocupações para os franceses.


Agência de emprego em ParisAgência de emprego em Paris
O chefe de Estado François Hollande condicionou sua candidatura às eleições de 2017 ao tema do emprego e do trabalho, já que reiterou que só se apresentará se ocorrer uma queda sensivel do desemprego, o que é uma de suas promessas de campanha eleitoral de 2012.

Analistas concordam que alguns dos principais desafios do governo são relativos à área econômica, concretamente aos trabalhadores e ao crescimento econômico, ainda insuficiente para conseguir uma recuperação sustentada do emprego.

O número de desempregados aumentou em fevereiro, com 38.400 novas pessoas registradas procurando trabalho e atingiu os 3,59 milhões, um novo recorde.

Segundo dados divulgados pelo Ministério de Trabalho, o incremento, o maior desde setembro de 2013, chega depois da queda em janeiro.

Estas tendências inscrevem-se em um "movimento de altas e baixas observado desde faz nove meses, que se traduzem em uma tímida recuperação da atividade econômica", expressou a ministra de Trabalho, Myriam O Khomri.

Depois de vários anos, as políticas do Executivo não têm conseguido enfrentar efetivamente um dos principais problemas que golpeia aos franceses.

A mais recente das iniciativas governamentais ao respeito, um projeto de lei de reforma trabalhista, é recusada pela maioria da população, segundo sondagens.

Várias manifestações realizaram-se neste mês ao chamado de sindicatos de trabalhadores e de organizações juvenis e estudantis, para pedir a retirada definitiva desse plano, ao considerar que dá plenas liberdades ao empresariado em detrimentos dos direitos dos empregados.


Fonte: Prensa Latina

quinta-feira, maio 26, 2016

O QUE É CORPUS CRISTI ?

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A Festa de “Corpus Christi” é a celebração em que solenemente a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas. Nesta festa os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.
A Festa de Corpus Christi surgiu no séc. XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258) que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra da Sagrada Eucaristia.
Aconteceu que quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.
O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.
Em 11/08/1264 o Papa aprovou a Bula “Transiturus de mundo”, onde prescreveu que na 5ª feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. O Papa era um arcediago de Liège e havia conhecido a Beata Cornilon e havia percebido a luz sobrenatural que a iluminava e a sinceridade de seus apelos.
Em 1290 foi construída a belíssima Catedral de Orvieto, em pedras pretas e brancas, chamada de “Lírio das Catedrais”. Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e depois, então, em todo o mundo no séc. XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.
Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
Todo católico deve participar dessa Procissão por ser a mais importante de todas que acontecem durante o ano, pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para abençoar as pessoas, as famílias e a cidade. Em muitos lugares criou-se o belo costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu povo.
Começaram assim as grandes procissões eucarísticas, as adorações solenes, a Bênção com o Santíssimo no ostensório por entre cânticos. Surgiram também os Congressos Eucarísticos, as Quarenta Horas de Adoração e inúmeras outras homenagens a Jesus na Eucaristia. Muitos se converteram e todo o mundo católico.
Eucaristia: Presença real de Jesus no pão e no vinho consagrados
Todos os católicos reconhecem o valor da Eucaristia. Podemos encontrar vários testemunhos da crença da real presença de Jesus no pão e vinho consagrados na missa desde os primórdios da Igreja.
Mas, certa vez, no século VIII, na freguesia de Lanciano (Itália), um dos monges de São Basílio foi tomado de grande descrença e duvidou da presença de Cristo na Eucaristia. Para seu espanto, e para benefício de toda a humanidade, na mesma hora a Hóstia consagrada transformou-se em carne e o Vinho consagrado transformou-se em sangue. Esse milagre tornou-se objeto de muitas pesquisas e estudos nos séculos seguintes, mas o estudo mais sério foi feito em nossa era, entre 1970/71 e revelou ao mundo resultados impressionantes:
A Carne e o Sangue continuam frescos e incorruptos, como se tivessem sido recolhidos no presente dia, apesar dos doze séculos transcorridos.
O Sangue encontra-se coagulado externamente em cinco partes; internamente o sangue continua líquido.
Cada porção coagulada de sangue possui tamanhos diferentes, mas todas possuem exatamente o mesmo peso, não importando se pesadas juntas, combinadas ou separadas.
São Carne e Sangue humanos, ambos do grupo sanguíneo AB, raro na população do mundo, mas característico de 95% dos judeus.
Todas as células e glóbulos continuam vivos.
A carne pertence ao miocárdio, que se encontra no coração (e o coração sempre foi símbolo de amor!).cpasegredodasagradaeucaristia
Mesmo com esse milagre, entre os séculos IX e XIII surgiram grandes controvérsias sobre a presença real de Cristo na Eucaristia; alguns afirmavam que a ceia se tratava apenas de um memorial que simbolizava a presença de Cristo. Foi somente em junho de 1246 que a festa de Corpus Christi foi instituída, após vários apelos de Santa Juliana que tinha visões que solicitavam a instituição de uma festa em honra ao Santíssimo Sacramento. Em outubro de 1264 o papa Urbano IV estendeu a festa para toda a Igreja. Nessa festa, o maior dos sacramentos deixados à Igreja mostra a sua realidade: a Redenção.
A Eucaristia é o memorial sempre novo e sempre vivo dos sofrimentos de Jesus por nós. Mesmo separando seu Corpo e seu Sangue, Jesus se conserva por inteiro em cada uma das espécies. É pela Eucaristia, especialmente pelo Pão, sinal do alimento que fortifica a alma, que tomamos parte na vida divina, nos unindo a Jesus e, por Ele, ao Pai, no amor do Espírito Santo. Essa antecipação da vida divina aqui na terra mostra-nos claramente a vida que receberemos no Céu, quando nos for apresentado, sem véus, o banquete da eternidade.
O centro da missa será sempre a Eucaristia e, por ela, o melhor e o mais eficaz meio de participação no divino ofício. Aumentando a nossa devoção ao Corpo e Sangue de Jesus, como ele próprio estabeleceu, alcançaremos mais facilmente os frutos da Redenção!

Prof. Felipe Aquino - Canção Nova

quarta-feira, maio 25, 2016

Minuto de Prosa 3

DITADURA MILITAR BRASILEIRA É RESPONSÁVEL PELA EPIDEMIA DE ZIKA - DIZ OMS

Negligência ao combate as epidemias iniciou-se na Ditadura
Militar (1964-1985)

A febre zika, transmitida pelo Aedes aegypti, tem sintomas parecidos com os da dengue: dores nas articulações, no corpo e de cabeça, febre, náuseas, diarreia e mal-estar. Como diferencial, ela também pode causar fotofobia, conjuntivite e erupções cutâneas pelo corpo

A crise em torno do zika vírus se deve a décadas de políticas falhas de controle de mosquitos e à falta de acesso a serviços de planejamento familiar, informou nesta segunda-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS). “A propagação do zika (…) é resultado da desastrosa política que levou ao abandono do controle de mosquitos nos anos de Ditadura Militar na década de 1970”, declarou Margaret Chan, diretora-geral da OMS, no início da assembleia anual de saúde da organização em Genebra.Essas falhas permitiram que o vírus se espalhasse rápido e criasse “uma ameaça significante para a saúde global”, disse Chan à cerca de 3.000 delegados dos 194 países-membros da OMS.


Especialistas afirmam que o zika vírus está por trás do surto de microcefalia – doença que se caracteriza por um perímetro craniano menor que o normal – na América Latina, em bebês nascidos de mulheres que contraíram o vírus durante a gravidez.


O zika, que também causa distúrbios neurológicos como a síndrome de Guillain-Barré, na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso, é transmitida principalmente pelo Aedes aegypti, mas também por contato sexual.


Nas décadas democráticas no Brasil de 1950 e 1960, foram realizados programas de controle de mosquitos para evitar a propagação da dengue e da febre amarela, e o Aedes aegypti quase foi erradicado na América do Sul e Central. Quando os programas foram interrompidos na Ditadura Militar na década de 1970, porém, o mosquito voltou.


Chan denunciou, ainda, políticas falhas em relação aos direitos reprodutivos. Muitos dos países mais atingidos pelo surto atual de zika são católicos e conservadores, e a sua “incapacidade de fornecer acesso universal a serviços de planejamento familiar e contracepção” agravou a crise, disse Chan.
Com o vírus presente atualmente em 60 países, inúmeras mulheres que podem querer adiar a gravidez não têm acesso à contracepção, e menos ainda ao aborto. Chan afirmou que a América Latina e o Caribe “têm a maior proporção de gravidezes não desejadas do mundo”.


“Sem vacinas nem exames confiáveis e amplamente disponíveis para proteger as mulheres na idade fértil, tudo o que podemos oferecer são conselhos”, disse. “Evitar picadas de mosquito, adiar a gravidez, não viajar para áreas com transmissão em curso”, completou.


No Brasil, o país mais atingido, mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas com zika, e cerca de 1.400 casos de microcefalia foram registrados desde o início do surto, no ano passado.


Pesquisadores estimam que uma mulher infectada com zika durante a gravidez tem 1% de chance de dar à luz a um bebê com microcefalia.


O vírus da zika está presente na África e na Ásia desde pelo menos a década de 1940, tendo circulado por muito tempo sem causar preocupação. Por si só, a zika não é grave, já que provoca sintomas similares aos de uma gripe leve.
Mas quando a linhagem asiática do vírus chegou à América Latina, no ano passado, causou muitos estragos em uma população nunca antes exposta ao vírus.Na semana passada, a OMS disse que a linhagem asiática está agora, pela primeira vez, se propagando por um país africano – Cabo Verde -, aumentando a preocupação sobre o impacto que pode ter sobre a população do continente. “O que estamos vendo agora se parece cada vez mais com um ressurgimento dramático da ameaça de doenças infecciosas”, disse, e alertou: “O mundo não está preparado para enfrentar” este cenário.

terça-feira, maio 24, 2016

Minuto de Prosa 2

Minuto de Prosa

TEMER JÁ TEM 62% DE REJEIÇÃO DIZ PESQUISA

Com vários Ministros enrolados na Lava-Jato e o líder de governo na Câmara de Deputados homicida e réu em vários processos, Temer em uma semana já demitiu Ministro Romero Jucá, o segundo operador do Golpe a Dilma, conforme suas próprias palavras em gravação entregue a PGR.


Pesquisa Ipsos mostra que Temer tem 62% de reprovação Divulgação/Divulgação
Foto: Divulgação / Divulgação
Pesquisa realizada pela Ipsos mostrou que 62% dos brasileiros reprovam a atuação do vice-presidente Michel Temer. Apesar do alto índice de rejeição, o peemedebista vem conseguindo aumentar sua taxa de popularidade: de fevereiro a abril, subiu 18 pontos percentuais, chegando a 24% de aprovação. E o desconhecimento em relação ao vice-presidente caiu de 33% para 14% no mesmo período.
Os dados fazem parte da pesquisa Pulso Brasil, que ouviu 1.200 pessoas entre 1º e 8 de abril, em 72 municípios de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais. De acordo com o modelo global de análise da Ipsos, o governante precisa de, ao menos, 40% de aprovação para conseguir passar leis e reformas no Congresso
"Temer conseguiu reverter o desconhecimento em relação ao seu nome em aprovação e desvincular sua imagem da figura pública da presidente Dilma. Seu índice de desaprovação ainda é alto e se manteve praticamente estável. Era 61% em fevereiro e é 62% em abril. Mas a desaprovação em relação a qualquer político é alta entre os brasileiros", afirma Alexandre de Saint-Léon, CEO da Ipsos no Brasil, em nota.
Quem também mostrou evolução no levantamento foi Marina Silva, ex-candidata à presidência e principal liderança da Rede Sustentabilidade. A taxa de desconhecimento da ex-senadora caiu de 21% para 8%. Além disso, a taxa de aprovação subiu de 27% para 48% em dois meses.
O material coletado também revela os altos índices de rejeição dos principais políticos brasileiros. O ex-presidente Lula lidera a lista, com 68% de reprovação. O petista é seguido por Eduardo Cunha (PMDB) e Renan Calheiros (PMDB) , ambos com 65%. Na sequência, aparecem Michel Temer (62%), e os tucanos Aécio Neves (59%) e Fernando Henrique Cardoso (58%). O deputado federal Tiririca (PR) aparece com o segundo menor índice de reprovação, atrás apenas de Marina Silva, com 42%.
Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de três em cada cinco brasileiros não se lembram em quem votaram para senador ou deputado federal. Entre os jovens de 18 a 24, o número sobe para quatro em cada cinco. O levantamento também aponta que 78% dos entrevistados não confiam nos políticos em geral. A divulgação dos dados não incluiu o nome da presidente Dilma Rousseff.
Fonte:*Estadão Conteúdo

domingo, maio 22, 2016

TEMER PROPÕE QUE MAIS POBRES PAGUEM A CONTA

Temer quer tirar direitos dos Humildes e precarizar a mão-de-obra

O presidente interino, Michel Temer conta com um mega-empresário da educação, hoje deputado federal, Júlio Lopes (PP), réu em vários processos quando Secretário do citado na operação lava-jato e ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Para quem não lembra, Julio Lopes, então Secretário de Cabral, foi o responsável pela compra bilionária de trens da China que não puderam ser utilizados por diferença de bitolas, acidentes e paralisações de Trens/Barcas/ônibus e também responsável direto do acidente com o patrimônio cultural do Bondinho de Santa Tereza que levou à morte de trabalhadores e encerramento das atividades
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Julio Bueno é de confiança do grupo de Sérgio Cabral
Não bastasse os péssimos serviços como Secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Julio Bueno é conhecido por ter gastos milionários em eventos e relações com empresários que tem contratos com governos e apóia a precarização e retirada de direitos dos trabalhadores.

O Presidente interino utilizando o deputado Júlio Lopes (PP), Enquanto todas as atenções se voltam para as mudanças que o governo pretende fazer na Previdência, discretamente a equipe do presidente interino Michel Temer já desenha outra medida polêmica: a reforma trabalhista. O objetivo é flexibilizar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a partir principalmente dos acordos coletivos, para aumentar a produtividade da economia e reduzir os custos dos empresários ao investir. Mas com o cuidado de manter os direitos assegurados aos trabalhadores pela Constituição. A proposta deve restringir as negociações coletivas à redução de jornada e de salários, ficando fora dos acordos normas relativas à segurança e saúde dos trabalhadores.


Dessa forma, FGTS, férias, previdência social, 13º salário e licença-maternidade, entre outros, continuarão existindo obrigatoriamente, mas serão flexibilizados. Ou seja, as partes (empregadores e sindicatos da categoria) poderão negociar, por exemplo, o parcelamento do 13º e a redução do intervalo de almoço de uma para meia hora, com alguma contrapartida para os empregados. As horas gastas no transporte que contarem como jornada de trabalho — nos casos em que a empresa oferece a condução — também poderiam ser objeto de negociação.


Faz parte da proposta, ainda, a conclusão da votação do projeto que trata da terceirização pelo Congresso Nacional. O texto aprovado pela Câmara dos Deputados e enviado ao Senado prevê a contratação de trabalhadores terceirizados nas chamadas atividades-fim das empresas, o que hoje não é permitido.
— Essas são as linhas gerais da reforma, mas ainda não há uma proposta fechada. Também não existe definição de quando o texto será enviado ao Congresso. Isso vai acontecer depois dos debates com as centrais. O tema é prioridade para o governo — disse um interlocutor do Planalto.
Ele explicou que o objetivo da reforma trabalhista é reduzir riscos e custos para as empresas, que são muito elevados no país, mesmo para quem cumpre a legislação. Os investidores se queixam de que são obrigados a abrir verdadeiros escritórios de advocacias só para lidar com ações judiciais, disse.
Para vencer resistências, o governo vai insistir na tese da valorização da negociação coletiva e fugir do discurso simplista de que a reforma levará à prevalência do acordado sobre o legislado — em seu governo, Fernando Henrique Cardoso adotou esse discurso e não conseguiu aprovar as alterações. Na prática, disse uma fonte do governo, não é isso, porque os direitos básicos assegurados aos trabalhadores não poderão ser suprimidos com a mudança na lei.

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira (PTB-RS), já começou a discutir o assunto com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Ives Gandra Filho — defensor da flexibilização da lei trabalhista. A ideia é ampliar a todos os setores da economia acordos realizados pela Corte para algumas categorias e que preservaram direitos básicos, fazendo uma alteração na CLT.

— Capital e trabalho precisam sentar-se à mesa, porque são eles que melhor conhecem a realidade de cada um, de cada setor da economia, e, por isso, podem construir a melhor solução, principalmente nos momentos de crise, para evitar o desemprego. Precisamos modernizar a CLT para estabelecer um ambiente de diálogo e uma norma que configure a fidelidade. Isso é importante para os investidores que querem segurança nos contratos e para os trabalhadores, principalmente neste momento em que o Brasil passa por um momento delicado — disse Nogueira.
O presidente do TST reforçou:

— Penso que a melhor forma de se conseguir encontrar o ponto de equilíbrio em cada setor produtivo seria prestigiar e valorizar a negociação coletiva, permitindo que empresas e sindicatos, que mais conhecem cada segmento, estabeleçam as condições ideais ou possíveis de trabalho.

Entre os acordos de flexibilização com respaldo da Constituição, de acordo o TST, estão redução das horas de transporte, dos intervalos intra-jornada, do cômputo do adicional noturno; redução do intervalo de uma hora do almoço para meia hora, nos casos em que o trabalhador permaneça no local de trabalho e, como contrapartida, possa terminar o expediente mais cedo. Atualmente, isso não é permitido e resulta em ação indenizatória na Justiça.

Gandra destacou que o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo do PT —que permite redução de jornada e de salário em tempos de crise —, é o maior exemplo de flexibilização da legislação trabalhista. Para o ministro, o PPE, considerado burocrático pelos empregadores e com custo para a União, que complementa parte do salário, poderia ser ampliado.

CNI QUER ÊNFASE NA PRODUTIVIDADE

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CNI trata a taxação sobre grandes fortunas como tabu

O diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre Furlan, lembrou que a reforma trabalhista e a regulamentação da terceirização fazem parte da agenda do setor produtivo, entregue a Temer. Ele disse acreditar que as propostas avancem diante da mudança de discurso com Temer no governo. O debate em torno desses temas não pode ser ideológico, disse, e sim levar em conta o aumento da produtividade:

— Simplesmente proteger o trabalhador, esquecendo a sustentabilidade das empresas, a competitividade e a produtividade no ambiente de trabalho, você não conseguirá avançar para uma relação de trabalho mais moderna.
Segundo Furlan, a legislação atual não favorece os acordos coletivos. Ao contrário, estimula conflitos, disse, lembrando haver milhões de ações na Justiça.
A reforma trabalhista já é alvo de iniciativas de parlamentares. A mais recente partiu do deputado Júlio Lopes (PP-RJ), que apresentou no mês passado um projeto de lei (4.962) que altera o artigo 618 da CLT — que trata das convenções —, nos mesmos moldes da intenção do governo de Temer. A proposta está sendo avaliada pela Comissão do Trabalho, em caráter terminativo. Caso não haja recurso para que o projeto seja apreciado pelo plenário da Câmara, o texto, se aprovado, seguirá direto para o Senado. As audiências na Comissão já estão marcadas para o próximo dia 14. Lopes apresentou o projeto depois de conversar pessoalmente com o próprio Temer antes de este assumir o governo. O projeto tem o apoio do presidente do TST

DIEESE VÊ RETROCESSO NA PROPOSTA TEMER

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Clemente Ganz Lúcio
O diretor técnico do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, Clemente Ganz Lúcio, discorda da avaliação. Ele diz que o diagnóstico da CNI e demais está errado e reflete um desconhecimento em relação à realidade do Brasil. “O mercado de trabalho brasileiro é flexível, com rotatividade média de 40% [40% dos trabalhadores trocam de emprego em um ano] e grande informalidade. Uma forma de melhorar a produtividade seria reduzir a informalidade e a rotatividade”, alega.

O economista do Dieese questiona os fatores que determinam a competitividade de um país. Ele ressalta que, na Alemanha, quarta colocada no ranking, os salários são cinco vezes maiores que no Brasil e existem dificuldades para demitir um empregado.

“A Alemanha é um país com mercado interno forte, renda alta e que investe em inovação e tecnologia. Daí vem a produtividade deles, não da precarização do mercado de trabalho”, destaca.

Para Ganz Lúcio, o Brasil deve atuar em outras frentes para aumentar a competitividade da economia, como melhorar a qualidade das instituições e investir em educação e em tecnologia. Essas recomendações também foram sugeridas ao Brasil no relatório do Fórum Econômico Mundial.

O diretor do Dieese reconhece que a produtividade da economia brasileira caiu nos últimos anos, mas não por causa de perda de competitividade e, sim, pela queda da demanda provocada pelo baixo crescimento econômico. “Isso está relacionado ao próprio conceito de produtividade, que é volume produzido por tempo trabalhado. A produção cresceu menos, mas os empresários não demitiram. Daí uma queda meramente conjuntural”, diz.


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