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domingo, dezembro 10, 2023

DRAMATIZAÇÃO DA TURMA CN 3006/2023 - PEÇA ¨TUDO BEM QUANDO TERMINA BEM" DE WILLIAN SHASKESPERE

Helena, a filha órfã de um médico famoso, é a ala da Condessa de Rousillon, e perdidamente apaixonada por seu filho, o Conde Bertram, que foi enviado para a corte do rei da França. Apesar de sua beleza e valor, Helena não tem esperança de atrair Bertram, já que ela é de nascimento baixo e ele é um nobre. No entanto, quando a palavra vem de que o Rei está doente, ela vai para Paris e, utilizando artes de seu pai, curas da doença. Em troca, ela recebe a mão de qualquer homem no campo, ela escolhe Bertram. Seu novo marido está chocado com o jogo, no entanto, e logo após seu casamento foge França, acompanhado apenas de um canalha chamado Parolles, para lutar no exército do Duque de Florença. Helena é enviado para casa com a condessa, e recebe uma carta de Bertram informando-lhe que ele nunca vai ser seu cônjuge verdadeiro a menos que ela pode obter o seu anel de família de seu dedo, e tornar-se grávida de seu filho - nenhuma das quais, ele declara, nunca vai acontecer. A condessa, que ama Helena e aprova da partida, tenta confortá-la, mas a mulher perturbada jovem sai Rousillon, planejando fazer uma peregrinação religios Enquanto isso, em Florença, Bertram se tornou um general no exército do Duque. Helena chega à cidade e descobre que seu marido está tentando seduzir a filha virginal de uma Viúva gentilmente. Com a conivência da filha, de nome Diana, ela inventa para enganar Bertram: ele dá seu anel de Diana como um símbolo de seu amor, e quando ele chega ao seu quarto à noite, Helena está na cama, e eles fazem amor sem ele percebendo que é ela. Ao mesmo tempo, dois senhores no exército expor Parolles como um covarde e um vilão, e ele cai em desgraça Bertram. Enquanto isso, falsos mensageiros vieram para a palavra rolamento campo de que Helena está morto, e com a guerra chegando ao fim, Bertram decide voltar para a França. Desconhecido para ele, Helena segue, acompanhada por Diana e da Viúva. Em Rousillon, todo mundo está de luto Helena como morto. O Rei está de visita, e consente Bertram se casar com a filha de um senhor, velho fiel, chamado Lafew. No entanto, ele percebe um anel no dedo de Bertram, que anteriormente pertencia a Helena - que foi um presente do Rei depois que ela salvou sua vida. (Helena deu o anel para Diana, em Florença, e ela por sua vez, deu a ela teria de ser amante.) Bertram está em uma perda para explicar de onde veio, mas só então Diana e sua mãe parecem explicar as coisas - seguido por Helena, que informa ao marido que ambas as condições foram cumpridas. Castigados, consente Bertram para ser um bom marido para ela.



COMPOSITOR PESQUISADO :

Milton Nascimento


Cantor e compositor brasileiro, nasceu no dia 26 de outubro de 1942, no Rio de Janeiro.

Enquanto jovem formou um grupo com o teclista Wagner Tiso, tocando os temas consagrados da bossa nova.

Conheceu o sucesso como compositor com "Canção do Sal", cantada por Elis Regina em 1966. O segundo lugar no Festival Internacional da Canção, em 1967, com o tema "Travessia", lançou definitivamente a sua carreira de cantor e multi-instrumentista (toca acordeão, baixo, guitarra e piano). No mesmo ano gravou o seu primeiro álbum, o homónimo Milton Nascimento. Desde então construiu um repertório extenso de cerca de três dezenas de álbuns, cruzando sonoridades pop e jazz.

Da sua discografia destacam-se os álbuns: Courage (1968); Milton Nascimento (1969); Clube de Esquina (1972), um dos mais aclamados álbuns da sua carreira, que incluiu os êxitos "Cais" e "Cravo e Canela"; Milagre dos Peixes (1973); Gerais (1976), que incluiu um dueto com a cantora chilena Violeta Parra, em "Volver a los 17" e a colaboração de Chico Buarque em "O Que Será"; Sentinela (1980); Anima (1982); Missa dos Quilombos (1982); Encontros e Despedidas (1986); A Barca dos Amantes (1987), com participação do saxofonista Wayne Shorter; Yauarate (1987); Miltons (1989); Txai (1990); Angelus (1994), com participações especiais de Pat Metheny, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Peter Gabriel, James Taylor, entre outros; Amigo (1995); Nascimento (1997), nomeado para um prémio Grammy na categoria "World Music"; e Tambores de Minas (1998
).

Colaborou com artistas de renome mundial como Paul Simon, em Rhythm Of The Saints (1990), Manhattan Transfer, em Brasil (1987), e Sarah Vaughan, em Brazilian Romance (1987
).

Em 1999, o músico editou Crooner, um disco que recolhia algumas das suas músicas preferidas, bem como a primeira música que algumas vez tocou ao vivo, o tema "Barulho de Trem". Destaque ainda para a colaboração do amigo Wagner Tiso. No ano seguinte, chegou às lojas o disco Nos Bailes da Vida, onde figuram algumas faixas compostas por Chico Buarque.

Após três anos sem gravações, o cantor lançou Pietá (2003). Apesar da ausência, Milton Nascimento mantém as suas capacidades em pleno. O disco foi dedicado à madrasta e aborda os temas da infância e do amor, de resto os temas principais da sua música. Uma referência para a faixa "Cantaloupe Island", onde pontificam Herbie Hancock e Pat Metheny. Em geral, o disco recolheu excelentes críticas e constituiu um manifesto inequívoco da longevidade da música de Milton.


DRAMATIZAÇÃO DA TURMA CN 3005/2023 - PEÇA ¨O REI DA VELA" DE OSWALD DE ANDRADE

 O Rei da Vela é uma peça de teatro escrita em 1933 por Oswald de Andrade, um dos principais nomes do Modernismo brasileiro, e publicada em 1937. Contudo, só foi encenada pela primeira vez trinta anos após sua publicação e refletiu, por meio da visão do autor, a sociedade brasileira de sua época.

Escrita no embalo da crise financeira de 1929, a obra aborda a valorização da indústria na década de 30 e a “modernização” do país que se estabeleceu com o Governo Vargas, tratando da junção - ou submissão - da aristocracia decadente com a burguesia em ascensão para servir ao capital estrangeiro. A peça se divide em três atos e segue a estrutura do teatro tradicional.




COMPOSITOR PESQUISADO :

Chico Buarque de Holanda

Chico Buarque de Holanda
Chico Buarque de Holanda é um dos ícones mais importantes da música brasileira.

Com uma carreira que se estende por mais de cinco décadas, Chico conquistou o público com sua voz marcante, suas canções poéticas e sua postura engajada.

Além de músico, Chico também é escritor, com uma obra literária de destaque.

Neste artigo, vamos explorar a vida e a obra desse talentoso artista brasileiro e sua influência na cultura do país.

Tópicos da biografia:

A vida de Chico Buarque de Holanda

Chico Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro.

Filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, Chico cresceu em um ambiente artístico e intelectual.

Sua paixão pela música começou cedo, e aos 19 anos, ele lançou seu primeiro álbum, “Chico Buarque de Hollanda”.

Desde então, sua carreira decolou, tornando-se uma referência na música brasileira.

Início da carreira musical

No início da carreira, Chico Buarque encantou o público com suas composições delicadas e suas letras poéticas.

Seus primeiros sucessos, como “A Banda” e “Roda Viva”, já mostravam o talento do jovem músico.

Ele também se destacou como intérprete, emplacando hits como “Construção” e “Apesar de Você”.

Sua voz única e seu estilo melódico cativaram milhares de fãs no Brasil e no mundo.

Obras famosas

Chico Buarque é responsável por uma série de obras-primas que se tornaram clássicos da música brasileira.

Além dos sucessos mencionados anteriormente, suas canções como “Cálice”, “Geni e o Zepelim” e “Tanto Mar” marcaram época e se tornaram hinos de resistência durante o período da ditadura militar no Brasil.

Suas composições abordam temas sociais e políticos, transmitindo mensagens de esperança, amor e luta.

A carreira de Chico Buarque ultrapassou fronteiras, conquistando admiradores em diversos países.

Seus álbuns foram lançados internacionalmente e suas músicas foram interpretadas por artistas renomados ao redor do mundo.

Chico também se apresentou em importantes palcos internacionais, como o Olympia, em Paris, e o Carnegie Hall, em Nova York.

Sua música, com suas letras profundas e melodias envolventes, transcende barreiras culturais e continua conquistando corações.

O engajamento político

Durante a ditadura militar no Brasil, Chico Buarque se posicionou ativamente contra o regime autoritário.

Suas músicas se tornaram símbolos de resistência e foram censuradas pelo governo.

Chico enfrentou perseguições e teve suas apresentações proibidas, mas continuou a lutar por liberdade de expressão.

Sua coragem e postura política o transformaram em um ícone do movimento de resistência artística e cultural da época.

Chico Buarque como escritor

Além de sua carreira musical, Chico Buarque também se destacou como escritor.

Ele escreveu diversos romances, peças de teatro e livros infantis.

Sua obra literária é caracterizada por sua sensibilidade e habilidade de contar histórias.

Chico recebeu importantes prêmios, como o Prêmio Camões, considerado o mais importante da língua portuguesa.

Sua escrita, assim como sua música, conquista leitores e revela a versatilidade criativa desse grande artista.

Chico Buarque em números: recordes, prêmios e legado musical

Ao longo de sua carreira, Chico Buarque acumulou inúmeros recordes e prêmios.

Ele é um dos artistas com mais canções inscritas no rol do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).

Seus álbuns alcançaram vendas milionárias e suas apresentações ao vivo são sempre sucesso de público.

Chico também foi reconhecido com diversas premiações, como o Grammy Latino e o Prêmio da Música Brasileira.

Seu legado musical é inegável e sua contribuição para a música brasileira é imensurável.

Legado e influência

Chico Buarque é um dos maiores nomes da música brasileira e seu legado se estende por gerações.

Sua música continua a tocar pessoas de todas as idades e sua poesia transcende o tempo.

Além de sua contribuição artística, Chico também é um exemplo de resistência e engajamento político.

Sua voz ecoou contra a ditadura militar e suas composições se tornaram símbolos de luta e esperança.

Chico Buarque de Holanda é um verdadeiro tesouro da cultura brasileira, e sua obra continuará a encantar e inspirar por muitas gerações.

A vida e a obra de Chico Buarque de Holanda são um testemunho do poder da música e da arte em transformar vidas e sociedades.

Sua voz única, suas composições sensíveis e sua postura engajada deixaram uma marca indelével na cultura do Brasil e do mundo.

Chico é um verdadeiro ícone da música brasileira, cujo legado e influência perdurarão por muito tempo.

Que sua arte continue a nos emocionar, provocar reflexões e inspirar novas gerações de artistas.



quinta-feira, dezembro 07, 2023

DRAMATIZAÇÃO DA TURMA CN 3004/2023 - PEÇA ¨A EXCEÇÃO E A REGRA" BERTOLD BRECHT

 O tema de “A EXCEÇÃO E A REGRA” é a divisão de classes reinante na sociedade capitalista, de como nela as relações de poder se naturalizam e, ao mesmo tempo, se tornam desmedidas.

Um comerciante viaja pelo deserto com um carregador, seu empregado, na tentativa de conseguir uma concessão de petróleo. Em consequência da condição climática surge a sede e a falta d’água. Na calada da noite, o empregado se aproxima de seu patrão com algo nas mãos. Seu patrão acredita ser uma pedra e, para se defender, mata o empregado com um tiro. Acontece que o empregado se aproximava para lhe oferecer água.

O caso vai a julgamento. E o comerciante, será condenado ou absolvido?


CANTOR PESQUISADO: TAIGUARA

Quando se fala na relação entre ditadura militar e música popular brasileira, os primeiros nomes que vêm à mente da maioria são Geraldo Vandré e Chico Buarque, pelas canções contestatórias que marcaram aquele período e até hoje são lembradas, ou Caetano Veloso e Gilberto Gil, que chegaram a ser presos como “subversivos” por atentar contra “a moral e os bons costumes”. Eles foram perseguidos e vigiados pelo regime, como registra a história. Nenhum outro artista, porém, foi tão censurado — e prejudicado por ser de esquerda — quanto o cantor e compositor Taiguara, que nos deixou há 25 anos.  

Tal informação não é nenhuma novidade: está documentada em inúmeras reportagens publicadas na imprensa nacional. O músico, no entanto, segue sendo pouco lembrado, apesar de sua importância para a “canção de protesto” no Brasil e da forma com que sua carreira foi destroçada por razões políticas e ideológicas. Nada indica que o esquecimento ao qual seu nome foi relegado seja mera obra do acaso: enquanto viveu, Taiguara foi monitorado, ameaçado e silenciado pelos militares e seus cupinchas civis dentro da mídia, das gravadoras e do empresariado. A intenção do establishment era, de fato, tirá-lo de cena.

Oficialmente, 68 canções do compositor foram vetadas pela censura ao longo da década de 1970. Mas, segundo a jornalista Janes Rocha, no livro “Os Outubros de Taiguara” (Kuarup), este número pode ter sido ainda maior: em suas pesquisas ela levantou, ao todo, 81 músicas de Taiguara que não chegaram a ser gravadas, executadas ou concluídas por determinação do governo brasileiro. Ninguém precisa ser especialista para concluir que, com isso, a ditadura praticamente inviabilizou a carreira de um dos mais talentosos artistas surgidos na era dos festivais.

Os problemas de Taiguara com o regime começaram antes mesmo de o artista se tornar conhecido como um “artista engajado” ou de se aproximar do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Sua primeira canção vetada, em 1971, chamava-se “Corpos Nus” e não tinha qualquer teor político: falava apenas de uma relação sexual. A música deveria ser apresentada no 6º Festival Internacional da Canção, da Rede Globo, mas a polícia interveio e os organizadores retiraram Taiguara da disputa, à revelia.

Em 1973, montando repertório para um novo disco, Taiguara submeteu uma série de canções ao crivo da censura, como era de praxe. Ele passara por várias situações como esta nos últimos dois anos e não nutria muita esperança de realizar a gravação da forma como idealizara. Dito e feito: das 12 canções programadas para o elepê, apenas uma foi liberada — o que inviabilizou o projeto. O episódio foi a gota d’água que faltava para que o compositor tomasse a decisão de sair do País e se autoexilar em Londres. 

Mesmo à distância, Taiguara continuou sendo vigiado pelo Estado brasileiro e suas composições proibidas em solo nacional: em 1974, pouco mais de 40 letras escritas por ele foram vetadas. Para gravar era preciso negociar com os censores alterações que mudavam o sentido original das canções. Longe do Brasil, Taiguara não se reportou à censura para fazer a gravação de um disco na Inglaterra. Achou que, cantando em inglês, fosse burlar a ditadura, mas o álbum teve a entrada proibida em território brasileiro. Nunca mais se soube da matriz. 

Em 1975, Taiguara vem ao Brasil para gravar seu trabalho mais ambicioso, “Imyra, Tayra, Ipy“. O processo é longo e tortuoso. Em 1976, menos de 72 horas depois de chegar às lojas, o elepê é recolhido pela polícia e tem todas as cópias destruídas. Somente em 2013 o público brasileiro teria acesso ao disco, quando o selo Kuarup relançou a obra em CD. A conversão de álbum esquecido em clássico da música brasileira foi quase instantânea: pela excelência e originalidade, “Imyra, Tayra, Ipy” virou objeto “cult” e passou a figurar na lista dos melhores discos de todos os tempos. Para o compositor, todavia, era tarde demais: ele havia morrido 17 anos antes, vitimado pelo câncer.

Uruguaio, brasileiro e livre

Taiguara Chalar da Silva nasceu no dia 9 de outubro de 1945, em Montevidéu, capital do Uruguai. Seu nome, escolhido de comum acordo pelo pai, o músico brasileiro Ubirajara Silva, e pela mãe, a cantora uruguaia Olga Chalar, significava “senhor de si” ou “homem livre”, em tupi-guarani. Ainda criança vem para o Brasil com a família. Mora no Rio de Janeiro e, mais tarde, em São Paulo. 

Filho de camponeses gaúchos, Ubirajara Silva tocava bandoneón (instrumento de fole similar ao acordeão). Viveu em Buenos Aires e Montevidéu, onde passou parte da vida tocando tangos, murgas e chamamés para sobreviver. Foi a primeira e mais forte influência de Taiguara, tanto musical quanto politicamente — era filiado ao Partido Comunista do Uruguai e, nas palavras do filho, tinha “princípios socialistas inegociáveis”.

Aos 10 anos de idade, Taiguara começa a compor despretensiosamente, mas o marco inicial de sua carreira data de 1964, quando o jovem estudante da Universidade Mackenzie realiza uma série de shows aclamados no Teatro de Arena. Requisitado para se apresentar nas boates do Rio e de São Paulo, abandona a faculdade de Direito (com a qual não se identificava, por ser um ambiente “reacionário”) e passa a se dedicar exclusivamente à música. Em 1965, a convite da gravadora Phillips, grava seu primeiro disco, “Taiguara!”, composto basicamente por sambas com arranjos de bossa nova. 

Em 1968, o cantor vence o Festival Universitário da Canção Popular com a balada “Helena, Helena” e seu nome passa a ser comentado nacionalmente. Era questão de tempo para que chegasse às rádios — e isso se dá em 1969, com o lançamento do elepê “Hoje“, cuja faixa-título, de sua autoria, traz versos de grande força discursiva: “Hoje/ Trago em meu corpo as marcas do meu tempo/ Meu desespero, a vida num momento/ A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo”. 

Um ano depois, em 1970, o elepê “Viagem“, em que se destaca a participação da banda de rock progressivo Som Imaginário, traz ao público “Universo No Teu Corpo”, que viria a ser uma das canções mais regravadas de sua discografia: “Eu desisto/ Não existe essa manhã que eu perseguia/ Um lugar que me dê trégua ou me sorria/ Uma gente que não viva só pra si”. 

“Viagem” foi o último trabalho da fase “romântica” de Taiguara, embora faixas como “Universo No Teu Corpo” vislumbrassem, ainda que de modo incipiente, algo de preocupação social em seu trabalho. O recrudescimento da repressão o obrigaria a tocar em temas mais urgentes.

A partir do psicodélico “Carne e Osso”, de 1971, ele passa a ser alvo constante da censura. Se em “Corpos Nus” o veto se deu por questões morais, em “A Ilha” o motivo seria político: apesar de gravada sem contratempos, a execução pública da canção foi proibida por fazer referência a Cuba: “Vou viver na ilha, na ilha/ Onde meus iguais serão minha família, na ilha”. Sem nunca ter sido cantada em shows, a música acabou esquecida até mesmo pelos seguidores do artista.

“Piano e Viola”, de 1972, e “Fotografias”, de 1973, são os últimos discos de Taiguara antes do autoexílio. Retalhados pela censura, não chegaram a sair como ele gostaria, mas deixaram à posteridade um clássico da MPB: “Que as Crianças Cantem Livres“, que também enfrentou problemas de liberação: “Pode não ser esse calor o que faz mal/ Pode não ser essa gravata o que sufoca/ Ou essa falta de dinheiro que é fatal/ Vê como o fogo brando funde um ferro duro/ Vê como o asfalto é teu jardim se você crer/ Que há um sol nascente avermelhando o céu escuro/ Chamando os homens pro seu tempo de viver”.

Taiguara não aceitava calado a perseguição dos generais. Ao contrário, reagia rasgando o verbo nos shows voltados para estudantes e operários, denunciando as arbitrariedades do regime à imprensa estrangeira e compondo sempre mais. Para cada música censurada, fazia outras duas. Em “Tinta Fresca”, escreveu: “Não me queixo do meu fado/ Não se eu quiser me deixar sair/ Me abre essa porta/ E me deixa sair/ Vou dizer o que eu quiser”. A justificativa do censor para proibir a canção não poderia ser mais patética: “Os incomodados que se mudem, pois as portas do nosso Brasil sempre estiveram abertas para sair os indesejáveis”. 

Era o tempo das prisões políticas, das torturas, dos desaparecimentos forçados. Foi nesse contexto que Taiguara percebeu que não haveria outra saída além do aeroporto, visto que até suas canções de amor eram vetadas de antemão. A questão era pessoal. Queriam fazê-lo desistir da carreira artística. Mas o cantor resistiu e continuou produzindo em Londres, onde gravou, em 1974, o elepê “Let the Children Hear the Music”, em inglês. O disco, no entanto, não chegou a ser lançado: a ditadura se antecipou e proibiu a sua entrada no Brasil, apesar de as músicas terem sido inteiramente gravadas num país estrangeiro. As fitas originais deste trabalho estão desaparecidas.

Sem se dar por vencido, o artista volta ao Brasil em 1975, com o intuito de gravar aquele que viria a ser o seu melhor disco, “Imyra, Tayra, Ipy“. Sem alarde, Taiguara consegue reunir em estúdio um time estelar de instrumentistas — a começar pelo maestro Wagner Tiso, responsável pela regência, por Hermeto Pascoal, que assina os arranjos, passando pelo guitarrista Toninho Horta e por uma orquestra sinfônica formada por 80 músicos. 

A gravação se arrastou por seis meses, num processo lento, sofrido e conturbado em que não faltaram atritos entre os músicos. O resultado final, porém, superou as melhores expectativas e valeu cada bate-boca e cada arranca-rabo. Os envolvidos sabiam que haviam feito história. 

Para Thomas Pappon, jornalista e músico, Taiguara estetizou nessa obra suas impressões do retorno ao País: “O impacto do desembarque num Rio belo e caótico está nas duas vinhetas instrumentais de abertura. Mal o artista chega, logo se engaja nas causas do povo oprimido. (…) Até o fim, o disco é panfletário, mesmo que nas entrelinhas — opção tática para driblar a censura. O próprio Taiguara, sozinho ao piano, na última música, ‘Outra Cena’, alerta para o conteúdo ambivalente das letras (‘Só não entendeu quem não quis’). Em metáforas românticas, o compositor sonha com a unidade latino-americana (‘Como em Guernica’), com o fim da censura (‘Terra das Palmeiras’), com a revolução (‘Sete Cenas de Imyra’) e o fim da ditadura (‘Situação’ e ‘Aquarela de um País na Lua’, uma agressão modal ao ufanismo de Ary Barroso)”.

“Imyra, Tayra, Ipy” é um álbum que combina samba, jazz, bossa nova, rock progressivo e ritmos latino-americanos. Apesar de a gravação ter sido autorizada pelo governo brasileiro, a circulação das músicas foi proibida. Taiguara havia programado o show de lançamento para 1º de maio de 1976, nas ruínas das Missões de São Miguel, no Rio Grande do Sul. Porém, um dia antes do espetáculo, foi avisado que seria preso se subisse no palco. 

O disco ficou apenas três dias nas lojas, sendo posteriormente recolhido pela polícia. O prejuízo com o cancelamento do show e o confisco dos elepês foi assimilado por Taiguara como um soco no estômago. A necessidade de mostrar o seu trabalho ao público já não era apenas de ordem moral ou “espirtitual”, mas financeira. Era preciso dar um jeito de pagar os boletos. O compositor decide então se autoexilar novamente. Dessa vez, com a promessa de só voltar ao Brasil quando não houvesse mais ditadura.

África e América Latina: raízes

Sabendo que o educador Paulo Freire havia trabalhado na implantação do seu método de alfabetização em países africanos recém-libertos do colonialismo português, Taiguara pede a ele uma carta de recomendação e empreende uma viagem solitária pela África, em busca de suas raízes. 

Opta pela Tanzânia, onde encontra mais facilidade para entrar e se estabelecer. O início de sua estadia é tenso: em Dar Es Salaam, maior cidade do país, Taiguara é espancado por dez homens ao defender uma mulher de uma tentativa de estupro. Recuperado do trauma, deixa a cidade grande e parte para o interior, em busca da vida mais simples. Lá se encanta pela cultura do povo maasai, por sua hospitalidade e sua forma de lidar com a natureza.

É ali que o artista mergulha nos livros e entra em contato com as ideias socialistas do teórico Julius Nyerere e dos revolucionários Amílcar Cabral e Patrice Lumumba. É também tempo de se dedicar ao estudo dos clássicos de Marx e Engels. Dentre os livros que passam a nortear seu pensamento está “O Estado e a Revolução”, de Lênin. 

Durante os anos em que mora na Tanzânia, o compositor não grava nenhum disco, mas segue compondo em silêncio, com os olhos voltados para o futuro. Em 1979, quando retorna ao Brasil no ensejo da Anistia e sob o clima de esperança proporcionado pela abertura política, Taiguara vai morar em Tatuapé, distrito operário de São Paulo, visando “ficar mais próximo da classe trabalhadora”. 

Apesar da tímida abertura, a vigilância sobre ele se mantém: pessoas desconhecidas, com frequência, seguem sua companheira e suas filhas na rua. Elas passam a receber ameaças de morte e de sequestro. O recado indireto é para Taiguara, o objetivo é amendrontá-lo. Mas ele não se dobra, segue firme na militância e faz de sua casa uma espécie de escritório informal do PCB. Nos documentos do Serviço Nacional de Inteligência (SNI), seu nome aparece citado como “militante comunista da ala Prestes”. 

Os agentes da combalida ditadura não deixavam de ter razão: assumindo-se publicamente como um artista “marxista-leninista”, o compositor se alinha à leitura da realidade brasileira feita por Luiz Carlos Prestes e dele se torna “amigo de churrasco e chimarrão”. Quando Prestes rompe com o PCB, Taiguara o acompanha. Enxerga no velho comunista uma espécie de guru intelectual. A convivência com Prestes lhe abriu os olhos para o fato de que “não bastava escrever poesia e canções; era preciso organizar e lutar para promover a revolução socialista.”

É Prestes quem sugere o nome do primeiro álbum que Taiguara gravaria no Brasil após o autoexílio: “Canções de Amor e Liberdade”, lançado em 1983 de forma independente pela gravadora Alvorada. Trata-se do trabalho mais politizado da carreira do compositor, em que sua visão socialista de mundo aparece explícita, sem a preocupação de driblar a censura. Na capa, o artista é retratado com barba, pela primeira vez. Atrás dele, o mapa da América Latina e o fundo vermelho.

Se os arranjos de “Canções de Amor e Liberdade” não chegam nem perto da grandiosidade de “Imyra, Tayra, Ipy”, as letras alcançam um patamar superior em sua discografia: o conteúdo político das canções não se limita ao panfleto; antes revela um lirismo amadurecido, vinculado à tradição literária do cancioneiro nacional. A metáfora já não se faz mais necessária como antes, mas continua sendo empregada como recurso estilístico. 

As faixas exaltam a união dos povos latino-americanos e suas revoluções, falam da resistência dos povos indígenas ao colonialismo europeu, denunciam a exploração do trabalho, etc. Em “Marília das Ilhas“, o compositor toma lado na Guerra das Malvinas, ocorrida um ano antes, ao defender que as ilhas são argentinas e não inglesas: “E o gringo que invadiu teu lar/ A um índio vai ter que enfrentar/ Tão grande é o meu contingente/ É o meu continente que aprende a lutar”. Nesta gravação, a guitarra de Sérgio Bianchi, representando o gringo invasor, promove um duelo com Ubirajara Silva, pai de Taiguara, cujo bandoneón simboliza o povo argentino.

Em “Voz do Leste“, o compositor escolhe o chamamé (estilo musical de origem indígena, com ocorrência na região dos pampas) para falar da realidade do operário brasileiro, num momento em que Lula despontava como liderança nacional após as greves do ABC: “Sou voz operária do Tatuapé/ Vivo como posso a me deixa o patrão/ E enquanto respira dessa chaminé/ Meu povo se vira e não vê solução”. Na faixa, Taiguara canta ao lado da dupla caipira Cacique e Pajé. 

Destaca-se também a canção “Mais Valia“, que recorre a uma metáfora romântica para abordar o conceito de mesmo nome elaborado por Karl Marx. Em linhas gerais, a mais-valia refere-se à diferença entre o valor final de uma determinada mercadoria e a soma do valor do trabalho e dos meios de produção necessários para que ela possa ser fabricada: “Mais valia eu ter-te amado/ Que ter-te explorado tanto/ Mais valia o meu passado a teu lado/ Do que mais luxo e mais encanto/ Fiz capital, te explorando/ Fiz o mal, nos separando”. 

Apesar do otimismo que rondava o Brasil pós-ditadura, em meados da década de 1980, “Canções de Amor e Liberdade” não repercutiu como o cantor imaginava. Os anos passados na Europa e na África, sem fazer shows e sem tocar nas rádios, foram cruciais para a não renovação do público de Taiguara. Antigos fãs, por sua vez, estranharam a “radicalização política” de sua carreira. Antes, pelo menos, o discurso de esquerda não era tão explícito e as canções de amor predominavam em seu repertório, diziam os críticos nas entrelinhas.

Em 1984, num comício das Diretas Já, Beth Carvalho chama Taiguara ao palanque. Era a primeira vez que o artista se reencontrava com o povo brasileiro num evento de massa. Microfone em punho, falou à multidão, parodiando a si mesmo: “Depois de proibido pela ditadura durante dez anos, eu digo a vocês que… Eu resisto! Já existe essa manhã que eu perseguia! Um lugar que me deu trégua e me sorria… E uma gente que não vive só pra si…”

Prestes, Beth Carvalho e Taiguara

A partir daí, Taiguara, que desde seu retorno ao Brasil vinha trabalhando como repórter no jornal “Hora do Povo”, tenta retomar a carreira artística. Inicialmente é bem recebido e volta a ser convidado a se apresentar em programas de rádio e TV. Consegue ainda fechar alguns shows. A “trégua”, porém, dura pouco: passada a comoção geral pelo repatriamento do cantor, os convites começam a rarear. 

Por parte dos contratantes havia a ressalva pela forma como o artista passou a se dirigir ao público, interrompendo apresentações para discursar a favor da guerrilha sandinista, que tomara o poder na Nicarágua, ou para fazer uma palestra sobre a revolução socialista em Burkina Faso. A censura, dessa vez, não precisava mais do regime militar para se impor. Ela continuava existindo, agora de forma bem mais sutil.

Silenciado, mas não pela história

Em 1994, o compositor viaja a Cuba, onde estivera dois anos antes com a comitiva de Chico Buarque. Numa tentativa de reaprumar a carreira, grava em Havana seu último disco, “Brasil Afri“, que ressalta as suas raízes afrolatinas. É o primeiro trabalho lançado no formato CD. São convidados a participar da gravação o grupo cubano Manguaré e a cantora Zezé Motta. O genial violonista Raphael Rabello, que viria a falecer pouco tempo depois, toca em uma faixa. 

Das letras presentes em “Brasil Afri”, uma elogia a Revolução Cubana, outra declara seu amor pela nova esposa e há uma homenagem a Luiz Carlos Prestes. “Cavaleiro da Esperança” nunca havia sido gravada antes, embora estivesse há anos no repertório dos shows: “Pois Ogum guerreiro não morre/ Prestes a encontrar/ Uma estrela d’alva pra nos guiar”. 

Em entrevista na época do lançamento do derradeiro disco, Taiguara disse que seu trabalho não se encaixava em nenhum rótulo, mas que, se o obrigassem a classificá-lo, seria algo como “um samba-canção com superestrutura no lado romântico, preservando o lirismo musical e este sonho de um mundo mais livre e fraterno”. O câncer na bexiga já estava em estágio avançado.

Taiguara Chalar da Silva morreu no dia 14 de fevereiro de 1996, aos 50 anos de idade, esquecido pelo público, desprezado pelas gravadoras e boicotado pela mídia. Ainda que tenha voltado do exílio a tempo de gravar dois belos discos de música brasileira, o estrago causado pela ditadura era maior do que se pensava. A abertura democrática não representou a abertura de portas para ele.

Janes Rocha, biógrafa do artista, não tem dúvidas de que Taiguara seria hoje muito mais conhecido e lembrado se não houvesse passado pela censura e pela perseguição do regime militar. Os dez anos em que se viu obrigado a ficar longe da cena musical e do público cobraram um preço altíssimo. Até hoje não é tarefa simples acessar toda a sua discografia: nos serviços de streaming ela está incompleta e seus elepês são vendidos a preço de ouro nos sebos. Fora da imprensa há pouco material escrito sobre sua vida e obra. 

O jornalista gaúcho Gustavo Rolim compara a trajetória de Taiguara com a do própio País: “Um uruguaio brasileiro, um negro indígena, que visitou e se encantou pela África revolucionária, que volta ao Brasil e acolhe o comunismo. Entretanto, diferente do que o senso comum prega, não saltou do comunismo à censura; saltou da censura ao comunismo. Transformou a violência que sofria em motivo para tentar ler o mundo à sua volta, compreender as suas raízes e, essencialmente, superá-la. Esta não é qualquer trajetória. Poderia ser, mesmo, a trajetória de nosso país, sua tentativa desesperada de gerações e gerações em compreender-nos a nós mesmos”.

Taiguara morreu convicto de que o mundo deve ser transformado e de que a música pode cumprir um papel nessa tarefa. Sua última letra, escrita no leito do hospital, dias antes do fim, reverencia o povo brasileiro: “O morro desce sambando frente aos mares/ E um afrocanto banto nos devolve/ A luta que cresceu com Zumbi dos Palmares/ Milhões, Zumbi, saberão/ Povo novo e livre, o brasileiro viu/ Sua língua nascer dos quilombos”.

Fonte: Revista Ópera

quarta-feira, novembro 22, 2023

DRAMATIZAÇÃO DA TURMA CN 3003/2023 - PEÇA "O AUTO DA COMPADECIDA"

 As aventuras de João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres que vivem de golpes para sobreviver. Eles estão sempre enganando o povo de um pequeno vilarejo, inclusive o temido cangaceiro Severino de Aracaju, que os persegue pela região.

Vemos ao longo da história como Chicó e João Grilo sofrem em meio a um cotidiano duro, marcado pela seca, pela fome e pela exploração do povo.

Diante desse contexto de penúria, o que resta para os personagens é usarem o único recurso que tem em mãos: a inteligência. 

Peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas.



O Compositor pesquisado pela turma foi Belchior 

Belchior: uma voz lúcida, mas pouco compreendida, que driblava estereótipos

Pesquisa questiona antigas visões da crítica sobre a obra do cantor e compositor cearense, como a de que seria porta-voz de uma contracultura tardia ou uma versão nacional de Bob Dylan. Artista construiu uma identidade híbrida que fugia de definições prontas.


Renato Coelho

“Delírios Por Coisas Reais: Uma Introdução sobre Belchior”. Este é o título do trabalho  de doutorado de Thiago Vieira, pesquisador e membro do Grupo de Estudos Culturais da Unesp em Franca, sob a orientação do professor José Adriano Fenerick.

Reconhecido como um dos grandes nomes da MPB, Belchior gravou em 1976 aquele que foi possivelmente seu álbum de maior sucesso, “Alucinação”. Na época, críticos como Nelson Motta e Renato Moraes saudaram as novidades apresentadas pelo disco e pelo repertório, que carregavam  inovações sonoras e poéticas. Era possível identificar até influências do movimento concretista sobre as letras do artista cearense, além da inevitável comparação de seu trabalho com o de Bob Dylan.

Mas houve críticas ruins também. Sérgio Cabral, por exemplo, enxergava no espírito anarquista e contraditório das canções de Belchior algo já ultrapassado, requentado. Para o jornalista, a visão de mundo impressa nas canções estava apenas travestida de novidade, e não passava de uma rememoração do Maio de 1968 e dos movimentos de contracultura. Em plena segunda metade da década de 1970, ele achava que essa perspectiva já estava envelhecida

Partindo desse ponto de análise, Vieira, que já tem graduação e mestrado pela Unesp, optou por se debruçar sobre alguns trabalhos de Belchior e buscar entender a relação do artista com a contracultura e o papel do músico dentro do universo da música feita no país, em especial nos anos 1970.

“É certo que havia um arrefecimento dos valores da contracultura. Mas “Alucinação”, em sua disposição de canções, parece notar o mesmo que Sérgio Cabral. O trabalho tentava ao menos dar começo meio e fim ao estado de coisas que afetava a sociedade brasileira e propunha saídas”, diz o pesquisador. Vieira destaca o caráter denso do álbum: suas canções apresentam a estagnação da juventude diante dos entraves políticos brasileiros. Isso lhe permite analisar, de forma contundente, os conflitos geracionais, e também aborda “temas ligados à sociologia urbana quando discute, por exemplo, o flagelo do migrante em centros urbanos”, diz.

Vieira analisou todos os álbuns que Belchior gravou na década de 1970. “Esses temas e características são interpretados por Belchior durante seu período de maior ascensão no mercado musical brasileiro, que por questões comerciais se estabeleceu fundamentalmente na segunda metade da década de 1970.”

Para emplacar suas narrativas, Belchior se apropriou de um estilo de artista engajado que se diferenciava daquele tradicionalmente associado aos Festivais de Música Popular na década de 1960. Isto não quer dizer que ele refutasse aquele estilo; pelo contrário, assimilou alguns elementos que se tornaram parte do sujeito híbrido que construiu artisticamente.

Esse sujeito se recusava a se deixar rotular por sua origem, nem se queria demasiadamente cosmopolita. E, diferentemente do que a crítica enxergava à época, não era um correlato tupiniquim/cearense de Bob Dylan. Belchior estava impregnado de tempo histórico, como qualquer cidadão comum está, mas suas experiências e sua sagacidade para ler o mundo lhe permitiram dar voz a suas aflições diante da questão social, da paralisia no enfrentamento da Ditadura Civil-Militar e abriram espaço para que falasse sobre o Brasil  de um outro lugar social.

De acordo com a pesquisa, embora não dispusesse de um cabedal tão primoroso de palavras e rimas, Belchior foi dando singularidade às suas canções também usando recursos como sua voz anasalada e o canto que forçava tônicas em certas sílabas. Ele também  dialogava com a literatura nacional e estrangeira do século 20, e lutou fortemente para fugir dos rótulos, sobretudo daqueles que insistiam demasiadamente em reduzi-lo a sua região e ao seu estado natal.

Se no tempo e no espaço, a obra de Belchior adquiriu contornos passíveis de serem estudados, o doutorando propõe que interpretar Belchior por chaves que prezam pela construção de identidades não é uma alternativa. Nem, tampouco, reduzi-lo às engrenagens do mercado musical. O caminho para compreendê-lo reside em suas canções e em tudo que delas deriva – tematizações, harmonias, estilística e arranjos Além, é claro, do material jornalístico produzido a partir de suas canções. Entre estes, até os que parecem não ir muito além da elucubração se revelaram precisos para que o autor exprimisse a forma como enxergava as vicissitudes de seu tempo.

“Pesquisei essas questões com muita atenção. Não é tarefa fácil pensar o lugar de onde fala o autor, pois trata-se de alguém com formação difusa e pouco panfletário. Na verdade, eu entendi que Belchior não foi uma expressão da contracultura. Ele estava vivendo um momento e sendo afetado por uma série de experiências do final do anos 1960 e início dos 1970. Estava se construindo artisticamente como alguém que ainda lida como uma canção critica, herdada da década anterior, e as aberturas proporcionadas pelo tropicalismo para que lidasse com suas experimentações, sonoridades e temas. Entendi que, se existe contracultura em sua obra, ela está no plano de fundo”, diz.

Para Vieira, se há algo duradouro na trajetória de Belchior é esse lugar de se fazer canção. Essa postura permitiu que ele acontece como fenômeno na segunda metade dos anos 1970, gerando desconforto por sua acidez em refutar o desbunde, por vezes não desfrutando do reconhecido da crítica ou mesmo dos seus pares. Belchior não era benquisto por quem historicamente fez defesas do nacional popular e nem encontrou alguém semelhante nas fileiras que deram continuidade ao tropicalismo.

O pesquisador diz que há quem conteste a existência de alguma originalidade expressiva na obra do cantor. A historiografia tende a enxergar a MPB como um amálgama das tendências musicais dos anos 1960, cujo surgimento se deu por meio dos festivais de música popular e que, por sua incontestável qualidade, ganhou espaço e relevância na indústria musical. Nessa perspectiva, Belchior não seria nada além de mais um típico artista de MPB. “No entanto, sustentar esta opinião seria aprisionar demais a capacidade do alcance de determinado artista, subtraindo-o às caracterizações inerentes de uma sigla, de modo que a MPB serve muito mais a identificação das canções no nível de seu relacionamento com o mercado musical do que efetivamente para o estudo da sua obra”, diz Vieira.

Fonte: Revista UNESPE





DRAMATIZAÇÃO DA TURMA CN 3002/2023 - DO LIVRO "A REVOLUÇÃO DOS BICHOS"

A Revolução dos Bichos (Animal Farm, em inglês) é um romance que foi escrito em 1945 por George Orwell. Trata-se de uma das obras mais emblemáticas do escritor e ensaísta indiano. Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século XX, A revolução dos bichos é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.

O Compositor pesquisado pela turma foi Gonzaguinha 

Gonzaguinha

Cantor e compositor brasileiro

Biografia de Gonzaguinha

Gonzaguinha (1945) foi um cantor e compositor brasileiro. Autor de grandes sucessos como, Sangrando, Eu Apenas Queria Que Você Soubesse, Começaria Tudo Outra Vez e Não Dá Mais Para Segurar - Explode Coração.

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (1945), conhecido por Gonzaguinha, nasceu no morro de São Carlos, no Estácio, Rio de Janeiro, no dia 22 de setembro de 1945.

Infância e juventude

Filho de Luiz Gonzaga e da cantora e dançarina Odaléia Guedes dos Santos, ficou órfão de mãe com dois anos de idade. Foi criado pelo padrinho Henrique Xavier e pela madrinha Dina.

Gonzaguinha aprendeu cedo a fazer música no convívio com Pafúncio, membro da ala de compositores da Unidos de São Carlos. Os primeiros acordes de violão ele aprendeu com o padrinho.

Do pai, recebia algum dinheiro para pagar os estudos e umas visitas esporádicas. O jovem ia crescendo e aprendendo as durezas da vida.

Com 16 anos, Gonzaguinha decidiu morar com o pai, para continuar os estudos. Na época, Helena, a esposa do Rei do Baião, não aceitou o garoto, a quem chamava “bastardo”.

Sem muita opção, o menino aceitou completar os estudos como interno em um colégio. Em 1967, ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.

Carreira musical

Suas primeiras composições surgiram quando passou a frequentar as rodas de violão na casa do psiquiatra Aluísio Porto Carreiro, pai de Ângela, com quem se casou e teve dois filhos, Daniel e Fernanda.

Nessa época, ele ficou amigo de Ivan Lins, César Costa Filho, Aldir Blanc e Dominguinhos, com quem fundou o Movimento Artístico Universitário o (MAU).

Logo começou a participar de Festivais Universitários de Música, e em 1968 foi o finalista com a música “Pobreza por Pobreza”. Em 1969 ganhou o primeiro lugar com a música “Trem”.

Gonzaguinha transformava as dificuldades de sua vida em uma aguda consciência política e social, que se tornaria matéria prima fundamental de suas composições.

Década de 70

A grande mudança em sua carreira veio em fevereiro de 1973, quando se apresentou no programa de Flávio Cavalcanti, quando cantou a música “Comportamento Geral”.

Acusado de terrorista pelos jurados do programa, recebeu uma advertência da censura no dia seguinte, mas a polêmica causada levaria sua música a ocupar as paradas de sucesso e seu compacto logo esgotou.

Nessa época, vivia-se um tempo de perseguições e de censura pelo regime militar e a música “Comportamento Geral” foi proibida em todo o país. Gonzaguinha foi levado ao DOPS para prestar esclarecimentos. Mesmo com a perseguição e várias músicas censuradas, Gonzaguinha gravou os discos: Gonzaguinha (1974), Plano de Voo (1975) e Começaria Tudo Outra Vez (1976).

Esse último disco representou uma virada em sua carreira. A música título foi um grande sucesso, e a partir daí suas músicas se tornaram mais românticas, mesmo sem abandonar as preocupações sociais.

Em 1979, na voz de Maria Betânia, o compositor estourava no mercado musical com “Não Dá Mais Para Segurar”, que ficou conhecida como “Explode Coração”.

Década de 80

Durante a década de 80, com suas canções belíssimas, Gonzaguinha foi um dos compositores mais requisitados do mercado brasileiro. Teve suas músicas gravadas por Elis Regina (Eu Apenas Queria Que Você Soubesse), Simone (Começaria Tudo Outra Vez) 

Entre suas próprias gravações, destacam-se: “Nada Será Como Antes” (1981) e “Lindo Lago do Amor” (1984).

Em 1981, Gonzaguinha iniciou uma turnê pelo país ao lado de Luiz Gonzaga, com o show “Vida de Viajante”, o que selou o reencontro dos dois. No mesmo ano, foi lançado o CD duplo - "Gonzagão & Gonzaguinha - A Vida do Viajante" gravado ao vivo.

gonzaguinha

Gonzaguinha é também pai de Amora, fruto de sua relação com Sandra Pera, do grupo As Frenéticas.

Os últimos 12 anos de sua vida, Gonzaguinha viveu em Belo Horizonte, com sua terceira esposa, Louise Margarete, com quem teve a filha Mariana.

Gonzaguinha faleceu em Renascença, Paraná, no dia 29 de abril de 1991, após sofrer um acidente de carro na estrada.

DRAMATIZAÇÃO DA TURMA CN 3001/2023 - DO LIVRO "O DITADOR

Livro de Sidney Sheldon O DITADOR - 1ªED.(1995) Livro de suspense e ação em que o ator Eddie Davis, endividado e sem emprego, aceita um papel secundário na peça "My Fair Lady" que vai ser encenada num pequeno país da América do Sul. Ao chegar no lugar é reconhecido como sósia do ditador Ramón Bolívar que o convida para representá-lo por algumas semanas. Eddie Davis é um ator que não arruma papeis, sua esposa está no estágio terminal da gravidez e ele devem muito, até que o seu 'empresário' dá pra ele um papel em uma peça que entrará em tour pela América do Sul, ele então parte deixando Mary, sua esposa, e vai para Amador. Amador é um país fictício que fica entre a Colômbia e a Bolívia, que tem como líder um ditador carrasco que só pensa em ficar mais rico e a população mais pobre, ele é Ramón Bolívar, que descobre ter que fazer uma cirurgia e não pode deixar o posto se não a população o tira do poder. A salvação está com Eddie que se parece muito com o ditador. O livro é super cômico, e super leve. Quem lê os outros romances do Sidney pode leva um choque com a temática do livro, mas logo gosta. Adorei todos os personagens e achei muito bom o final. O livro tem cerca de 158 páginas e dá pra ler em menos de 1 hora. E vocês já leram o livro?



 

A TURMA ESTUDOU A OBRA DE GERALDO VANDRÉ
Geraldo Vandré, o retrato de uma geração Nascido na Paraíba e radicado no Rio, Geraldo Vandré foi um dos mais enigmáticos personagens da música brasileira. Colaborador do Centro Popular de Cultura da UNE (CPC) desde 1961, conheceu ali o também compositor Carlos Lyra, que se afastava da bossa nova em direção a uma música mais engajada. Logo fizeram juntos as primeiras canções, como “Aruanda“. Mas foi em 1966 que Vandré ganhou repercussão nacional. Naquele ano, inscreveu no Festival da TV Record a música “Disparada“, composta com Théo de Barros e defendida por Jair Rodrigues. Dividiu o primeiro lugar com Chico Buarque, que concorria com “A Banda“, na voz de Nara Leão. A consagração veio dois anos depois, quando “Para Não Dizer Que Não Falei das Flores“, também conhecida como “Caminhando”, ficou em segundo lugar no 3º Festival Internacional da Canção, atrás de “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, o mesmo adversário de 1966. A derrota enfureceu a plateia. “Caminhando”, afinal, era um tapa na cara da ditadura como ninguém jamais tinha ouvido. E Vandré, àquela altura, era ovacionado como o mais valente dos compositores. Especula-se que a euforia causada pela canção tenha apressado o Ato Institucional Nº 5 (AI-5), dali a um mês e meio. Vandré se exilou no Chile e de lá viajou para Alemanha e França. Quando voltou, em 1973, já não era o mesmo. Decidiu que só faria “canções de amor” e, para espanto de seus fãs, compôs “Fabiana“, em homenagem à FAB, a Força Aérea Brasileira.

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