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segunda-feira, agosto 19, 2013

Agroecologia é um Desafio a ser assumido Pelos Jovens

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Vandana Shiva nasceu na Índia em 1952, é filósofa com formação em física quântica e autora de diversos livros (dentre eles Monoculturas da menteGuerras por água e Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento). Reconhecida mundialmente como líder e pensadora de temáticas sociais, políticas e ambientais, foi premiada em 1993 com o Right Livelihood Award, prêmio considerado uma versão alternativa do Nobel da Paz.
Ela esteve no Brasil em julho e participou do III Encontro Internacional de Agroecologia, em Botucatu, no interior de São Paulo. Além de criticar o modelo do agronegócio mundial, forneceu pistas alternativas para se pensar a produção de alimentos no mundo. Vandana afirma que o atual sistema transforma as pessoas apenas em consumidores de suas mercadorias e não em seres humanos que precisam de uma vida saudável.
A indiana fez parte de um grupo de 300 cientistas de todo mundo que se dedicam a pesquisar a agricultura e concluiu, após três anos de estudos, que nem a Revolução Verde da década de 1950, nem o uso intensivo das sementes transgênicas e dos agroquímicos podem resolver os problemas da alimentação mundial. Na prática, as grandes multinacionais do agronegócio chegam a controlar 58% de toda produção agrícola do mundo, porém, dão trabalho para apenas 3% das pessoas que vivem no meio rural.
Alimentar o mundo, para ela, é algo que só pode acontecer por meio da recuperação de práticas agroecológicas que convivam com a biodiversidade. O modelo da agroecologia permite aumentar a produtividade sem destruir a diversidade biológica do meio, produz alimentos sadios e cria empregos e formas de vida que evitam a migração das populações do campo para as periferias das grandes cidades.
Recomendações aos jovens
Vandana Shiva fez seis recomendações aos jovens - especialmente aos estudantes de agronomia, que muitas vezes se formam dentro da lógica dominante e reproduzem o pensamento do agronegócio:
1. A base da agroecologia é a preservação e a valorização dos nutrientes que há no solo. “Precisamos aplicar técnicas que garantam a saúde do solo, e dessa saúde, recolheremos frutos com energia saudável”.
2. Estimular que os agricultores controlem as sementes. As sementes são a garantia da vida. “Nós não podemos permitir que as empresas transnacionais transformem nossas sementes em meras mercadorias. As sementes são um patrimônio da humanidade”.
3. Precisamos relacionar a agroecologia com a produção de alimentos saudáveis, que garantam a saúde e conquistem os corações e mentes da população da cidade, que está sendo cada vez mais envenenada pelas mercadorias com agrotóxicos. “Se vincularmos os alimentos com a saúde das pessoas, ganharemos milhões de pessoas da cidade para a nossa causa”.
4. Precisamos transformar os territórios em que os camponeses têm hegemonia em verdadeiros santuários de sementes, de árvores sadias, de cultivo da biodiversidade, de criação de abelhas e de diversidade agrícola.
5. Precisamos defender a ideia que faz parte da democracia: a liberdade das pessoas de terem opções de alimentos. Elas não podem mais ser reféns dos produtos que as empresas colocam nos supermercados de acordo com a sua vontade.
6. Precisamos lutar para que os governos parem de usar dinheiro público – que é de todo o povo – para subsidiar fazendeiros. Isso vem acontecendo em todo o mundo e também na Índia. O modelo do agronegócio não se sustenta sem os subsídios e vantagens fiscais que os governos lhes garantem.

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