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sábado, fevereiro 18, 2017

Capitalismo Exterminou 300 Milhões de Pessoas nos últimos 30 anos

28.000 (Vinte e Oito Mil) pessoas morrem diariamente no mundo, enquanto, 1/3 da comida produzida é jogada fora.
Etiópia, um dos países que mais sofre com a fome

De acordo com relatórios da ONU, a cada 3 segundos uma pessoa morre no mundo por causa da fome, e os cálculos se desenvolvem mostrando um resultado inacreditável, são 20 vítimas por minuto, 1.200 por hora e 28.800 por dia. Em contra partida, mais de 1 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada no Mundo, essa quantidade equivale a 1/3 de todos os mantimentos produzidos anualmente no planeta Terra.
A inanição não é apenas um problema da África, pois a América Latina também sofre com a fome em muitos de seus países, entres eles, o Brasil.

A escassez e o desperdício

O capitalismo sempre se fundamentou na filosofia do lucro, no entanto, do outro lado da corda estão os que não possuem poder aquisitivo nesse sistema, e são simplesmente esquecidos. De um lado, parece ter suplementos em abundância para todos, basta ter a moeda de troca (dinheiro), e a pessoa (consumidor) terá tudo aquilo que necessita.
Porém, basta um olhar mais centrado para ser perceber que isso não é para todos, já que, do outro lado, mais de 10 milhões de pessoas morrem anualmente de fome no mundo, e nada é feito para poder baixar esse número exorbitante.

Os bens essenciais

Não existe vida sem água, sem comida, sem ar puro, e sem outras a preservação de outros bens naturais e humanos. Entretanto, as pessoas são "educadas", sobretudo, pela mídia, para se tornarem consumidoras, e comprarem o carro do ano, o celular da moda, além de buscar o corpo cultuado, dentre outras "necessidades". Enquanto isso, o mundo pede socorro ao redor do globo terrestre.

Nem tanto ao céu, nem tanto a terra

Não existe proibições em um mundo harmônico, nem imposições ditatoriais, o que existe é a pura universalidade entre os humanos e o respeito seria o primeiro mandamento da boa convivência. Não se pode mais viver em um mundo onde a paz parece ser apenas um sonho distante e vago.
Não se pode mais permitir que tantas pessoas morram e se tornem apenas um número de uma estatística aterrorizante, e que nada seja feito para mudar essa situação. #Educação #Opinião #Comportamento
Fonte:http://br.blastingnews.com/sociedade-opiniao/2015/12/28-800-pessoas-morrem-diariamente-de-fome-no-mundo-enquanto-1-3-da-comida-e-desperdicada-00692675.html

sexta-feira, fevereiro 10, 2017

Temer tem Ministro da Saúde que tem remédio milagroso para finanças pessoais

Com bens declarados de R$ 1,8 mi, Barros virou sócio de área de R$ 56 mi

Área de projeto de condomínio em que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, adquiriu imóvel no interior do Paraná

Com bens declarados de R$ 1,8 milhão, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), adquiriu, em 2014, metade de um terreno de R$ 56 milhões em Marialva (PR), segundo documentos obtidos pela Folha em cartórios.
O ministro disse à Folha que fez um empréstimo de R$ 13 milhões de seu sócio na transação, uma empresa do setor imobiliário, para bancar o negócio.
Naquele ano, Barros era secretário de Indústria e Comércio do Paraná, disputou uma vaga de deputado federal e declarou à Justiça Eleitoral o seu patrimônio.
Em 2015, na condição de deputado, ele apoiou, por meio de um requerimento, a liberação de R$ 450 milhões de emenda da União para a construção de uma rodovia de 32 km que passa a 3 km do terreno.
A emenda havia sido apresentada um ano antes pela bancada de parlamentares do Paraná, que incluía a mulher do ministro, a então deputada federal Cida Borghetti (PP), hoje vice-governadora do Estado e sócia dele na compra da propriedade. Na eleição de 2014, Cida declarou um patrimônio de R$ 805 mil.
A emenda de R$ 450 milhões chegou a ser incluída na previsão de gastos do Executivo de 2015, mas depois foi congelada em razão do ajuste fiscal.
Indagado pela Folha como conseguiu comprar metade de uma propriedade de R$ 56 milhões, Barros respondeu, por meio da assessoria, que usou o empréstimo de R$ 13 milhões da empresa Paysage, sócia dele na aquisição.
Editoria de Arte/Folhapress
NEGÓCIOS DO MINISTRO DA SAÚDEA compra de Ricardo Barros no Paraná
O valor serviu, na versão do ministro, para dar o seu sinal na compra, que seria feita em três parcelas. O terreno foi adquirido de duas famílias de Maringá.
Para comprar sua parte, Barros usou duas empresas, a MRC e a RC7, com um capital social de R$ 10 mil cada. Elas foram criadas em outubro de 2013 e maio de 2014 em nome dele e da mulher.
A MRC, sediada no escritório político do ministro em Maringá, foi montada 20 dias antes da divulgação do estudo de impacto ambiental da rodovia pela prefeitura.
O prefeito de Maringá na época do negócio era um aliado de Barros, Roberto Pupin (PP). Ele havia sido vice-prefeito do irmão do atual ministro, Silvio Barros, que administrou Maringá de 2005 a 2012.
A nova rodovia, batizada de Contorno Sul Metropolitano, faria uma ligação mais rápida da propriedade com outras localidades.
Um condomínio de alto padrão está previsto para ser construído no local, de 1,3 milhão de metros quadrados.
FIADOR
Em dezembro de 2014, já como deputado eleito, Barros assinou um documento de reconhecimento de dívida.
A partir de 2016, ele e sua mulher passaram a aparecer como "fiadores" e não mais como proprietários, ou seja, responsáveis por dívidas não pagas pelo responsável direto.
À Folha o ministro disse que vendeu à Paysage suas duas empresas, o que levou, segundo ele, à "quitação" do empréstimo de R$ 13 milhões. Ou seja, as microempresas recém criadas foram dadas em troca do empréstimo.
Em janeiro, as famílias Faion e Dada, que venderam o terreno, ajuizaram uma ação para cobrar uma dívida que, em valores atualizados, atingiria R$ 7,5 milhões.
Pelo acordo feito entre Barros e a Paysage no final de 2015, a empresa também assumiu esse pagamento, segundo o ministro. Se fosse mantido o primeiro arranjo, de compra meio a meio entre as duas partes, Barros teria de pagar R$ 3,7 milhões.
Ao final da operação, ele teve dois ganhos: deixou de ser responsável direto pela dívida e não arcou com o prejuízo de um possível insucesso do empreendimento, cuja execução começou a dar problemas.
'NÃO USUAL'
Sem conhecer os nomes dos compradores, falando do negócio em tese, dois especialistas em contabilidade disseram à Folha que se tratou de uma "operação incomum", ressaltando que não podem assegurar, sem verificar os documentos, que se trate de algo ilícito.
Eles destacam o fato de uma incorporadora ter emprestado R$ 13 milhões a duas empresas que, somente pelo capital social, não possuíam capacidade financeira para honrar o compromisso.
"É uma operação não usual, muito estranha. A incorporadora ter passado o dinheiro e ter recebido a empresa de volta sugere que ela aceitou um prejuízo. É uma operação que revela uma relação de amizade", disse o vice-presidente do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), Zulmir Ivânio Breda.
"O montante emprestado é atípico. Você cria uma empresa de R$ 10 mil para montar uma lojinha, um carrinho de cachorro quente, não para comprar um imóvel de mais de R$ 50 milhões. Não é comum no mercado", disse o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, Idésio Coelho.
OUTRO LADO
O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou à Folha, por meio da assessoria, que o apoio à obra na região em que negociou a compra em 2014 de um terreno de R$ 56 milhões começou em 2011, portanto, três anos antes da transação.
"A obra do contorno Sul de Maringá é fruto de um convênio entre a prefeitura municipal de Maringá e o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte] firmado em 2011, três anos antes da compra do terreno. Ou seja, no período da compra, a eventual valorização do terreno já teria ocorrido", afirmou.
"Como se sabe, o valor do capital social de qualquer empresa não limita seus negócios", disse o ministro sobre a afirmação de que entregou duas firmas dele e de sua mulher, ambas com capital social de R$ 10 mil cada, em troca da quitação do empréstimo de R$ 13 milhões com a empresa Paysage, sócia dele na transação de 2014.
O dinheiro, segundo o ministro, foi usado para ele entrar no negócio na época. Segundo Barros, o empréstimo foi feito com juros.
"O imóvel foi comprado para pagamento em três parcelas anuais. Para a parte que caberia a MCR e RC2 (as duas empresas dele), foi negociado um empréstimo", ressaltou sua assessoria.
A RC2 trocou de nome depois para RB01, as iniciais do ministro da Saúde.
"Em 3 de dezembro de 2015, a totalidade das quotas das empresas MCR e RC2 –RB01 foram transferidas à Paysage, em troca da quitação do empréstimo. A Paysage assumiu também os compromissos financeiros correspondentes à MRC e RC2 –RB 01", diz a assessoria.
Sobre a dívida de R$ 7,5 milhões cobrada pelos vendedores do terreno, a assessoria de Barros respondeu: "Eles [Barros e Cida, sua mulher] não têm mais participação nas empresas e, por consequência, na compra do terreno. Estão seguros de que a empresa Paysage cumprirá seus compromissos, quitando a dívida".
Com a emenda de R$ 450 milhões bloqueada pelo governo, o Dnit buscou verbas próprias e incluiu a obra no Orçamento de 2016. Em dezembro, o órgão anunciou que abrirá a concorrência no próximo dia 17. O órgão informou à Folha que não há data prevista para o início da obra "pois o edital está em aberto". "Não houve gasto, nem contratação, pois o processo licitatório está em andamento."
Procurada, a empresa Paysage, sediada em Curitiba (PR), informou que não iria se manifestar sobre o negócio feito com o hoje ministro da Saúde. A Folha manteve contato telefônico com a assessoria jurídica da empresa, mas não houve resposta.
Apesar da venda de mais de 60 lotes, hoje o terreno continua sem a infraestrutura básica e a divisão por lotes –a Paysage promete entregar a primeira etapa até o final do ano. Os lotes custavam de R$ 140 mil a R$ 168 mil por unidade, porém houve atraso nas obras de urbanização.
A reportagem esteve na residência de uma das famílias que movem a ação de cobrança de dívida contra Barros e a Paysage. Foram deixados recados, mas não houve resposta até a conclusão desta reportagem. O advogado das duas famílias que movem a ação também foi procurado e não se manifestou.
Foram deixados recados em sua casa e em seu escritório.
CRONOLOGIA
10.out.2013: Barros e sua mulher, a atual vice-gover- nadora do PR, Cida Borghetti (PP), abrem a empresa MRC
30.out.2013: Divulgado o estudo de impacto ambiental com o traçado da rodovia Contorno Sul, obra de 32 km na região de Maringá, reduto eleitoral de Barros
24.dez.2013: Empresa de Barros faz com outros #empresários um contrato de compra de lote de terras para criação de um condomínio fechado em Marialva
02.mai.2014: Barros e mulher criam outra empresa, a RC2
17.dez.2014: Barros assina escritura de reconhecimento de dívida, na qual se informa que suas empresas MRC e RC2 adquiriram 50% dos lotes da gleba, avaliada ao #todo em R$ 56 milhões
Dez.2015: Segundo o ministro, ele vende para a Paysage #as suas firmas MRC e RC2, "quitando" o empréstimo de R$ 13 milhões
10.mar.2015: Barros apresenta ao Senado um requerimento #para pedir a liberação da emenda de R$ 450 milhões para a obra do Contorno Sul
1º.mar.2016: DNIT anuncia edital para a construção #do Contorno Sul
27.Jan.2017: Ex-donos dos terrenos processam #o ministro, a mulher dele e empresários, cobrando #dívida de R$ 7,5 milhões. O casal é citado na ação #como 'garantidor e fiador' do negócio.

Fonte: Folha de São Paulo (10/02)

Sem Dilma/PT no caminho Temer se mexe para sepultar a Lava-Jato

BRASÍLIA, DF, BRASIL, 05.01.2017. O presidente da República, Michel Temer, participa da reunião com o Núcleo Institucional, no Palácio do Planalto. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
Aliados dizem nos bastidores que Temer começa a montar seu jogo de Xadrez

Na tarde daquela quinta-feira (19), quando foi informado do acidente que matou Teori Zavascki, o presidente Michel Temer tomou sua decisão: indicaria Alexandre de Moraes para a vaga de décimo primeiro ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
A fidelidade e convivência de mais de duas décadas com o hoje presidente fizeram de Moraes o nome ideal para o Planalto em tempos de avanço da Lava Jato sobre importantes quadros do governo.
Filiado ao PSDB, o então ministro da Justiça era também apoiado por tucanos e peemedebistas, que pediram a Temer uma indicação política para o cargo na corte.
Na avaliação de aliados, Temer começou ali a "jogar de vez seu xadrez". Pediu discrição a Moraes, deixou vazar informações de que procurava um técnico para a vaga de Teori e viu nomes como o de Ives Gandra Filho, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), aparecerem e desaparecerem com quase a mesma velocidade nas bolsas de apostas.
Auxiliares do presidente disseminaram ainda a tese de que a indicação de Temer precisaria agradar à presidente do STF, Cármen Lúcia, com quem o peemedebista tem relação instável. Moraes, no entanto, não cumpria esse requisito.
A amigos a ministra já confidenciou não gostar de certas posições do até então ministro da Justiça mas, diante de Ives –de perfil ainda mais conservador–, a presidente da corte assentiu a Temer.
Um aliado definiu a jogada como "tacada de mestre" ao lembrar que a indicação de Moraes foi combinada à articulação da cúpula do PMDB –liderada por Renan Calheiros (AL)– que alçou um investigado na Lava Jato, Edison Lobão (MA), à presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
O colegiado, composto por 54 parlamentares, dez deles investigados pela operação, sabatinará o indicado ao STF e se tornou ainda mais estratégico após a homologação das delações da Odebrecht.
Integrantes do Ministério Público, por sua vez, afirmam em caráter reservado que a montagem da CCJ não causa preocupação por conta de Moraes, mas sim porque será dela a incumbência de sabatinar e aprovar, em setembro, o próximo procurador-geral da República.
Outro movimento observado de perto por procuradores e políticos foi quando Gilmar Mendes se levantou esta semana contra as "alongadas prisões" de Curitiba, o que foi interpretado como uma senha de que ele poderia atuar para soltar o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde outubro.
Membro da força-tarefa, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima rebateu Gilmar e disse que "prisões são necessárias".
Era mais um recado do núcleo da operação, que já havia voltado sua atenção para a transferência, no início de fevereiro, do ministro Edson Fachin para a segunda turma do Supremo, o que o tornou, por sorteio, o novo relator da Lava Jato no tribunal.
O Planalto comemorou.
Em dezembro de 2015, Fachin assombrou petistas ao votar, como relator, contra a tese do governo de Dilma Rousseff sobre o rito do impeachment. Depois de sinalizar, nos bastidores, que seria favorável à tese da defesa da então presidente, o ministro deu um cavalo de pau na segunda metade de seu voto.
Em mais uma ação que incomodou procuradores, Temer nomeou, na quinta (2), um de seus principais aliados, Moreira Franco, para a Secretaria-Geral da Presidência, conferindo a ele status de ministro e foro privilegiado no STF.
Moreira foi citado na delação de Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, que o acusou de ter recebido dinheiro para defender interesses da empreiteira, o que ele nega.
Cinco dias depois, o genro de Moreira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articulou a aprovação de urgência para um projeto que poderia reduzir o poder do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde corre um processo contra a chapa Dilma-Temer.
Diante da repercussão, Maia afirmou, no dia seguinte, que não votaria o texto sem acordo. Horas depois, viu seu nome aparecer em um relatório da Polícia Federal.
Um pessoa com acesso às investigações diz que, a cada movimento contra a Lava Jato, haverá reação. Nas palavras dela, "será uma guerra aberta". 
Fonte: Folha de São Paulo (10/02)

Talvez até desse um romance

vladimir safatle*Vladimir Saflate (É professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo).

Talvez isto até desse um enredo razoável de romance histórico-político do tipo Gore Vidal.
Em uma república em algum lugar na América Latina, o vice-presidente mobiliza toda a casta política para derrubar a presidente que o elegeu e "estancar a sangria" produzida por denúncias de corrupção a envolver toda a classe, além do próprio personagem em questão.
Depois do golpe, a sangria no entanto não para totalmente. A máquina colocada em funcionamento no Poder Judiciário continua, mesmo que aos trancos e barrancos.
Mas eis que um "terrível acidente" culmina na morte do juiz do Supremo Tribunal Federal responsável pelas homologações das delações contra a casta política, exatamente no momento em que elas pareciam envolver de vez os nomes-chave do governo do vice-presidente golpista e do partido fundamental de sustentação do seu governo, partido que poderíamos chamar em nosso romance de, digamos, PSDB.
No lugar do juiz acidentado, o vice-presidente nomeia em seu lugar seu próprio ministro da Justiça: homem organicamente vinculado a todos os esquemas do dito, digamos, PSDB. Alguém cuja meteórica passagem pelo referido ministério foi marcada por uma crise no sistema penitenciário que resultou no assassinato de centenas de presos, levando a república em questão a figurar no noticiário internacional devido ao seu sistema carcerário medieval.
No meio da crise, o ministro entrou para a história não por ter feito ações sensatas e precisas para conter o problema, mas por simplesmente ter mentido despudoradamente quando evidenciados sua inação e descaso à ocasião de um pedido de auxílio de uma governadora de Estado. Algo tão absurdo que até mesmo a imprensa, normalmente complacente com o vice-presidente golpista, foi obrigada a reconhecer que o ministro era o homem errado no lugar errado.
Como se não fosse suficiente, o personagem já tinha provocado polêmicas ao defender a tortura "em alguns casos", isto em um país no qual a polícia tortura mais hoje do que na época de seu antigo regime militar, e por usar a força militar e brutalidade de sua polícia para conter todo o tipo de manifestação e mobilização social.
Quando estava a sair do ministério, eis que um dos Estados da federação passa por uma greve da polícia e se transforma em pura e simples zona de anomia, com direito a saques em plena luz do dia, assaltos e afins. O que demonstra a incrível competência do nosso personagem, suas qualificações indiscutíveis para tão alto cargo.
Não, pensando bem, esse enredo não daria um bom romance. Muito óbvio, muito primário. Ninguém iria acreditar ser possível algo assim nos dias de hoje. Certamente, se isto ocorresse atualmente, haveria grandes manifestações nas ruas contra a natureza despudorada de tal esquema. Haveria uma mobilização da opinião pública contra a desagregação das instituições da República. Não, como romance o enredo definitivamente não funcionaria. Bem, talvez como comédia ele desse certo.
É, como comédia isso aí poderia funcionar. Nós poderíamos começar com a descrição de grandes manifestações populares a varrer as cidades da dita república exigindo combate feroz contra a corrupção e mostrando indignação cidadã.
Depois de a presidenta deposta, poderíamos mostrar essas mesmas pessoas tentando defender o vice-presidente envolvido em escândalos, indo para as ruas contra a corrupção, mas indignados não com o chefe do esquema, mas com um tal "presidente do Senado", isto em uma semana na qual o próprio vice-presidente fora pego em um escândalo primário de tráfico de influência envolvendo dois de seus ministros.
Poderíamos mostrar ainda essas mesmas pessoas caladas quando da nomeação do ministro "aos amigos tudo, aos inimigos a lei" convocado para empacotar os processos contra seu partido do coração.
Sim, seria hilário, o mundo todo morreria de rir.
É verdade que seria um pouco difícil acreditar na possibilidade de tudo isso, mas, em comédia, há sempre algo da ordem do vale-tudo, algo da ordem da ampliação caricatural até o absurdo, o que libera a imaginação para ganhar asas e pensar até mesmo o impensável. Ou seja, pensar o Brasil atual
Fonte: Folha de São Paulo

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