O Mito da Caverna é uma das mais famosas alegorias platônicas que separa o conhecimento entre o falso e aquele que é verdadeiro.
O Mito da Caverna, chamado também de parábola ou alegoria da caverna, foi escrito por Platão no século IV a.C., e está contido no livro A República. Neste texto, o filósofo, inspirado em diálogos que tinha com Sócrates, faz uma metáfora sobre como as pessoas permanecem alienadas no mundo, sem conhecer a verdade. Abaixo, saiba mais acerca dessa reflexão.
O Mito da Caverna
O Mito da Caverna é narrado por Sócrates a um outro homem, Glauco: dentro de uma caverna, havia alguns indivíduos presos por correntes que impediam o movimento do pescoço. Embora ao fundo existisse uma saída, essas pessoas não podiam se mover.
Todo o tempo, os indivíduos presos eram obrigados a olhar para uma parede. Ainda no fundo da caverna, havia uma fogueira que iluminava o local; atrás dela, pessoas que não estavam presas e animais de toda a espécie passavam, formando uma sombra com a luz da fogueira que projetava figuras na parede.
Consequentemente, as pessoas que estavam presas viam na parede, todos os dias, desde o seu nascimento, as figuras projetadas por aqueles que viviam lá fora. No entanto, como elas nunca haviam saído da caverna e só conheciam aquele cenário, pensavam que essa era a própria realidade.
Contudo, Sócrates supõe então que, um dia, um dos indivíduos consegue escapar e ir para fora. Acostumado com a escuridão da caverna, ele terá dificuldades de enxergar sob a luz do sol. Somente aos poucos conseguirá entender que tudo o que via desde o seu nascimento era uma ilusão, e o que havia lá fora era a verdade.
Então, se esse indivíduo voltasse para a caverna e contasse o que viu lá fora, o que poderia acontecer? As demais pessoas, que nunca saíram de lá, poderiam considerá-lo louco ou mentiroso. Além disso, achariam mais confortável continuar vivendo ali, na escuridão, do que se submeter à luz.
Elementos e interpretação do mito
Platão, que escreveu o mito, é considerado um dos representantes de uma vertente da filosofia chamada idealismo. Portanto, no Mito da Caverna, ele também pretendia defender seu ponto de vista a respeito do que ele considerava a realidade.
Assim, como qualquer alegoria, essa história é feita de metáforas sobre aquilo que o autor queria dizer. Nesse sentido, o que são as correntes no Mito da Caverna? O que são as sombras? O que é o mundo exterior? A seguir, entenda sobre o que cada elemento simboliza:
- Prisioneiros: à princípio, são a representação de qualquer indivíduo que vive com os conhecimentos advindos do seu dia-a-dia e da tradição, e não com o saber verdadeiro.
- Correntes: são tudo o que nos prende ao falso conhecimento das coisas, a ignorância e o senso comum.
- Sombras: é o falso conhecimento, ou seja, meras projeções da verdade – elas podem ser confortáveis e fornecer uma ilusão ao indivíduo sobre o mundo.
- Mundo exterior: é o mundo superior onde é possível obter o conhecimento verdadeiro, tirando a humanidade da ignorância.
- Luz: é a racionalidade e a própria verdade que, por mais que possa ser difícil de enxergar em um primeiro momento, é com ela que será possível obter um saber real sobre o mundo.
Assim, existem muitas interpretações possíveis para o Mito da Caverna. Entre as várias, um dos pontos consensuais é que Platão faz uma distinção entre o conhecimento que é falso e aquele que é verdadeiro. Conforme a alegoria, várias pessoas vivem “dentro da caverna”, ou seja, na ignorância.
Esse campo do falso saber é o mundo sensível, onde as pessoas simplesmente apreendem aquilo que vivem em sua experiência pessoal. Ao contrário, o mundo inteligível ou mundo das ideias, que é superior, é aquele que mostra o conhecimento verdadeiro, essencial e imutável.
Outro ponto importante é que a obra em que está a alegoria é A República, de Platão. Nesse livro, o autor fala sobre as diversas formas de governo. Sendo assim, com o mito, o filósofo também abordava sobre a educação necessária àqueles que participassem da política.
O Mito da Caverna nos dias de hoje
Ao falar sobre o mundo sensível e o mundo inteligível, Platão descreve também sua filosofia idealista. Em outras palavras, o filósofo defende que o verdadeiro conhecimento está acima do senso comum e do que aprendemos pelos sentidos – ele está, na verdade, no mundo das ideias.
No entanto, atualmente, o Mito da Caverna tem servido como uma metáfora principalmente para aquilo que é chamado de “escravidão voluntária”, ou o fenômeno do “escravo feliz”. Um dos exemplos mais comuns é a relação atual da sociedade com a tecnologia.
Assim, é como se as pessoas permanecessem na ignorância ao se prender às informações que são veiculadas nas redes sociais e nos aplicativos. Assim como no Mito da Caverna, quando são chamadas a contemplar alguma verdade diferente do que conhecem, elas se negam e preferem continuar na “caverna”.
No entanto, essa é uma interpretação simples e reduzida da realidade. Portanto, é importante conhecer essa e outras leituras possíveis da alegoria para discutir a respeito.
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