Esta unidade tem por objetivos:
• conhecer alguns conceitos de avaliação e avaliação educacional;
• perceber a evolução histórica da avaliação;
• identificar os princípios básicos da avaliação;
• reconhecer os principais equívocos correntes nas práticas avaliativas de nossas escolas;
• diferenciar os pressupostos das abordagens quantitativa e qualitativa em avaliação da aprendizagem escolar;
• entender a necessidade da não supressão pura e simples da quantificação na avaliação do rendimento escolar;
• apreender as principais características dos processos avaliativos;
• conhecer as principais funções da avaliação;
• refletir a respeito das principais técnicas e instrumentos de avaliação;
• conhecer referenciais para a elaboração de instrumentos avaliativos adequados.
TÓPICO 1AMPLIANDO SEU OLHAR ACERCA DA AVALIAÇÃO – ASPECTOS CONCEITUAIS E HISTÓRICOS
1 INTRODUÇÃO
Falar em avaliação nem sempre é uma tarefa fácil, pois em torno deste termo divergem opiniões. Mas o objetivo da unidade de estudo, não é apresentar uma receita pronta, nem impor nosso ponto de vista acerca do tema, mas sim apresentar e discutir com você, acadêmico, essa temática, com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos.
2 CONCEITUANDO A AVALIAÇÃO
Para iniciar, iremos apresentar algumas definições apresentadas na Enciclopédia de Pedagogia Universitária: glossário (2006, p. 461-462) acerca da avaliação:
Avaliação: proveniente do latim valere significa ter ou dar valor a algo, validar ou tornar válido, digno. Avaliação refere a processos de construção de sentidos e conhecimentos sobre sujeitos, objetos ou coisas, atividades e instituições, colocados em relação educativa ou profissional durante determinado período de tempo. Notas: Dias Sobrinho (2002), considera que o conceito de avaliação é plurirreferencial, complexo, polissêmico, com múltiplas e heterogêneas referências. Faz parte de um campo de conhecimento cujo domínio é disputado por diversas disciplinas e práticas sociais de distintos lugares acadêmicos, políticos e sociais. Necessita de uma pluralidade de enfoques e a cooperação ou a concorrência de diversos ramos de conhecimentos e metodologias de várias áreas, não somente para que seja entendida ou reconhecida intelectualmente, mas também para poder ela própria se exercitar concretamente de modo fundamentado, de diferentes modos e com distintos modelos, em seu funcionamento sócio-histórico. Definições de avaliação vêm evoluindo no processo sócio-histórico de sua concretização. Em sua primeira geração, ao início do século vinte, foi compreendida como medida, de resultados; em sua segunda geração, entre os anos 1930 e 1950, definiu-se em termos de alcance de objetivos; a terceira geração, desde os anos 1960, entende a avaliação como juízo ou apreciação de mérito ou valor de alguma coisa; a quarta geração conceitua a avaliação como uma construção da realidade, uma atribuição de sentidos influenciada pelos contextos e pelos valores intervenientes. Nas últimas décadas com os avanços tecnológicos e informacionais a avaliação passa a qualificar-se requisitando profissionais especializados. Surgem as associações profissionais e a institucionalização de suas funções qualificadas predominantemente pela técnica e pela ética. Var. Denominativa: Medida (Assessment) Termos Relacionados: Avaliação Institucional, Avaliação Educacional, Avaliação da Aprendizagem (Evaluation) (DIAS SOBRINHO 2002; WORTHEN et al. 2004; (LEITE, 2006).
Avaliação Educacional ou da Aprendizagem: refere-se à avaliação de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos submetidos a processos ou situações com vistas à aquisição de novo conhecimento, competências, habilidades ou atitudes; refere-se à análise de desempenho de indivíduos ou grupos, seja após uma situação de aprendizagem ou regularmente no exercício de uma atividade em geral profissional; refere-se à avaliação para análise de currículos ou programas de ensino, seja de um curso, seja de um nível de ensino (ex.: ensino fundamental), seja de uma modalidade (ex.: magistério de nível médio), seja de um curso de formação profissional de curta duração (ex.: panificação). (BELLONI; MAGALHAES; SOUZA, 2000, p. 16 (BRAGA; LEITE, 2004).
Avaliação do Desempenho do Aluno: termo que designa a avaliação de um ato ou efeito de uma ação do aluno frente à uma exigência externa de medida ou comparação apoiada em critérios. Avaliação de comportamentos ou mudanças reais observáveis por variáveis mensuráveis. Análise de desempenho de indivíduos ou grupos seja, após uma situação de aprendizagem ou regularmente no exercício de uma atividade, em geral, profissional. Termos Relacionados: Avaliação de competências (BELLONI; MAGALHAES; SOUZA, 2000; WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004; LEITE, 2006).
Avaliação de Competências: processo que verifica o grau de desempenho dos sujeitos para resolver problemas que exigem a mobilização e utilização de um conjunto de saberes adquiridos. Notas: afirmam Ropé e Tanguy que o termo competências se apresenta “como uma dessas noções cruzadas, cuja opacidade semântica favorece seu uso inflacionado em lugares diferentes por agentes com interesses diversos” (1997, p. 16). Nesse sentido a utilização da noção de competência nos processos de avaliação está relacionada a mecanismos que visam à construção de referenciais para a formação que se aproximem mais das exigências sociais. Aponta um perfil de formação de recursos humanos adequados à realidade do mundo do trabalho. No campo educacional, o uso da noção de competência objetiva designar as capacidades que devem ser adquiridas pelo aluno na sua trajetória de aprendizagem. As capacidades referem-se a um conjunto de saberes e fazeres desenvolvidos a partir da aquisição do conhecimento. Implicam em um posicionamento diante daquilo que se apresenta como desejável e necessário no domínio do conhecimento e de sua articulação com a realidade. A avaliação de competências, no processo de ensino e de aprendizagem, é um processo de verificação do desempenho do aluno para resolver problemas que exigem domínio do conhecimento que está subjacente às competências. Termos Relacionados: Avaliação de Desempenho. (ROPÉ; TANGUY, 1997; ZANCHET, 2006).
FONTE: Enciclopédia de Pedagogia Universitária (2006)
Percebe-se que a avaliação é uma prática extremamente importante em todo o processo de ensino/aprendizagem, para tanto é preciso ter profundo conhecimento acerca dessa prática e sobre tudo ter consciência de suas consequências.
A Enciclopédia de Pedagogia Universitária constitui-se numa lista selecionada de verbetes relacionados à educação e à pedagogia universitária. O verbete é entendido como um conjunto de conceitos em torno de um determinado tema. Por sua vez, os verbetes estão agrupados em grandes temas que procuram dar conta do campo da Pedagogia Universitária.
Enciclopédia de pedagogia universitária: glossário vol. 2
Os verbetes estão organizados em 10 capítulos: verbetes gerais, teoria e história da educação superior, internacionalização da educação superior, políticas públicas da educação superior, gestão e modelos da educação superior, professor da educação superior, estudante da educação superior, currículo e prática pedagógica da educação superior, avaliação da educação superior, legislação básica para a educação superior [indicação da referência]. Os termos são apresentados em arranjo sistemático por capítulo; não contém índice alfabético. Anexo: CD-ROM com lista de IES credenciadas.
O download da enciclopédia completa pode ser realizado no site do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: <http://www.publicacoes.inep.gov.br/portal/download/483>.
Por se tratar de um tema amplamente discutido e difundido, vamos conhecer também a definição de avaliação por diferentes teóricos em relação à postura filosófica adotada.
Para Sant’Anna (1995, p. 29-30) a avaliação é “ Um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático.
Libâneo (1994, p. 195) expõe que:
A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume à realização de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação as quais se recorrem a instrumentos de verificação do rendimento escolar.
Caldeira (2000, p. 122), define que:
A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica.
Percebe-se que os teóricos constituem a avaliação como um importante recurso para obter dados quantitativos ou qualitativos acerca do processo de ensino-aprendizagem, objetivando-se assim, uma análise crítica em relação à prática docente.
Para aprofundar nossa reflexão, vamos conhecer a distinção entre testar, medir e avaliar. Vale lembrar que estes termos não são sinônimos, mesmo que tenham sido usados como tais.
De acordo com Haydt (2000), foi a partir de 1960 que o termo avaliação assumiu novas dimensões, graças aos grupos de estudos formados nos Estados Unidos, tendo destaque inicial na esfera da avaliação do currículo e ampliando-se ao processo de ensino-aprendizagem.
Testar significa submeter a um teste ou experiência, com o objetivo de verificar o desempenho de alguém através de situações antecipadamente organizadas. Testes estes, que são aplicados em larga escala atualmente. Porém é preciso ter consciência que nem todo processo de ensino-aprendizagem pode ser medido a partir de testes (HAYDT, 2000).
Medir significa determinar a quantidade de alguma coisa baseado num sistema de unidades convencionais. Em nosso cotidiano usamos constantemente diferentes medidas: litro, quilo, metro, hora, etc. Essa medida é expressa por números e refere-se ao aspecto quantitativo. Por ser prático e objetivo, esse tipo de instrumento é muito usado na educação, mas já se percebeu que este não consegue verificar todos os aspectos a serem avaliados, pois nem todas as consequências educacionais são quantitativamente constatáveis (HAYDT, 2000).
Segundo Lindeman (1972), citado por Hoffmann (1991, p. 47), “pelo seu significado próprio, medimos extensão, quantidade, volumes e outros atributos dos objetos e fenômenos. O que medimos deve ser invariavelmente expresso em escalas ou graus numéricos” Para Costa, (2005, p. 54) “medir é um processo de determinar a extensão de uma característica pertencente a um objeto ou a uma pessoa”.
Avaliar é julgar ou fazer a análise de alguém ou alguma coisa, observando uma escala de valores. A avaliação incide numa escala de valores quantitativos e qualitativos e se tem por base critérios e objetivos definidos previamente. Esse tipo de avaliação abrange tanto a aquisição de conhecimentos e informações decorrentes dos conteúdos curriculares, quanto as habilidades, interesses, hábitos e atitudes de cada um, no aspecto pessoal e social (HAYDT, 2000).
Sendo assim, vale destacar que estes três termos não são sinônimos, mesmo que seus significados se justaponham, por conta da amplitude de sua significação eles se completam.
Veja o quadro a seguir:
QUADRO 7 - Distinção entre testar, medir e avaliar
FONTE: Haydt (2000, p. 10)
Luckesi (2005, p. 15), afirma que atualmente em todos os níveis de ensino “praticamos exames escolares ao invés de avaliação da aprendizagem”, exames escolares, através das provas que apresentam as seguintes características:
1º Tem por objetivo julgar = reprovar ou aprovar, sem se preocupar em investigar a qualidade do ensino e buscar superar o fracasso.
2º São pontuais, o estudante precisa ser pontual e responder à questão solicitada naquele momento, não importa se ele sabia ou se ainda vai aprender. O que é levado em consideração é aquele momento.
3º São classificatórias, estabelecem uma escala de valores, com um ponto médio, para baixa reprova e igual ou superior aprova, chamada de nota mínima, na maioria das instituições tem por base a nota 7,0.
4º São seletivas, excluem os que não sabem.
5º São estáticas, representam o educando por números, médias, considerando o nível de aprendizagem.
6º São antidemocráticas, excluem pela quantidade de erros, não dão margem à reflexão.
7º Dão fundamento a uma prática pedagógica autoritária, onde o educador tem em mãos um instrumento de poder, recurso usado para controlar a disciplina dos educandos.
Observa-se que o maior interesse neste tipo de avaliação é coletar dados números para elencar uma nota ao aluno de acordo com o seu rendimento nas avaliações aplicadas naquele momento, sem se levar em consideração as aprendizagens posteriores que venha a ter.
Já a avaliação da aprendizagem, possui características inteiramente opostas ao exame escolar, conforme segue:
1º Tem por objetivo diagnosticar, subsidiando a tomada de decisões em busca da melhoria da qualidade do desempenho.
2º É diagnóstica e processual, a avaliação ocorre durante todo o processo, levando em consideração de que se o educando ainda não sabe, poderá vir a saber.
3º É dinâmica, não clássica o educando em um determinado nível de aprendizagem, procura sempre melhorar a partir de novas decisões pedagógicas.
4º É inclusiva, não seleciona os educandos em melhores ou piores, procura com que todos possam atingir os objetivos propostos.
5º É democrática, oferece oportunidade para que todos aprendam e procura sanar as dificuldades de cada um a partir de diferentes propostas de trabalho.
6º Tem um exercício pedagógico dialógico entre docentes e estudantes através de uma combinação de trabalho construtivo entre os sujeitos e o método educativo, sendo que a avaliação determina uma interação permanente.
Este tipo de avaliação seria a ideal:
A avaliação escolar, em sentido lato, deve subsidiar o diagnóstico da situação em que se encontra o aluno, oferecendo recursos para orientá-lo a uma aprendizagem de qualidade, por meio do ensino adequado, pois, “Avaliar significa identificar impasses e buscar soluções” (LUCKESI, 1996, p. 165).
É importante que o educador tenha uma postura crítica e reflexiva, diversifique os métodos avaliativos, para que os educandos com diferentes habilidades possam ser contemplados, que valorize a diversidade e busque estratégias de ensino que contemplem todos os estudantes.
Vasconcelos (1998, p. 43):
A Avaliação deve ser um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática no sentido de captar seus avanços e possibilitar uma tomada de decisões, acompanhando a pessoa em seu processo de crescimento.
Entretanto, Luckesi (2002, p. 19), afirma que, de forma geral, “não diagnosticamos nossos educandos para subsidiar uma intervenção adequada”. Qual será o motivo? Talvez porque o sistema exija esse tipo de avaliação, nota, ou ainda por se tratar do método mais fácil.
3 O SER HUMANO E A AVALIAÇÃO: TRAJETÓRIA HISTÓRICA
O ato de avaliar está presente na trajetória humana desde a antiguidade, onde as pessoas eram avaliadas ao executarem as tarefas domésticas, as caças, a lutas etc. As tribos avaliavam seus integrantes para selecionar indivíduos para assumir determinados trabalhos, ou seja, quem conseguia cumprir a tarefa ou tinha mais resistência era considerado apto. Vale lembrar que essas observações e análises eram feitas a partir dos interesses de cada povo.
Tyler um dos pioneiros a pesquisar sobre a avaliação, diz que “o processo de avaliação consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos educacionais estão realmente sendo alcançados pelo programa do currículo e do ensino” (TYLER, 1978, p. 98-99).
Kliebard (2001, p. 24) analisa os princípios postulados por Tyler para a construção de currículos. Princípios que giram em torno de quatro perguntas centrais que Tyler, perguntas que precisam ser respondidas, para que o processo de elaboração do currículo se desenvolva, observemos:
1. Que objetivos educacionais deve a escola procurar atingir?
2. Que experiências educacionais podem ser oferecidas que possibilitem a consecução desses objetivos?
3. Como podem essas experiências educacionais ser organizadas de modo eficiente?
4. Como podemos determinar se esses objetivos estão sendo alcançados?
Questionamentos estes, que precisam permear o fazer pedagógico do cotidiano. Haydt (2000) descreve os princípios básicos que norteiam a avaliação:
a) A avaliação é um processo continuado e ordenado, faz parte de todo o processo ensino-aprendizagem, não pode ser esporádica, nem improvisada, precisa ser delineada e integrada no processo de ensino-aprendizagem. Oferecendo um feedback e oportunizando a recuperação imediata.
b) A avaliação é funcional, é realizada a partir dos objetivos previstos nos planejamentos, com o intuito de verificar em que medida os alunos estão aprendendo, ou seja, se objetivos estão sendo alcançados.
c) A avaliação é orientadora, tem como principal característica orientar os alunos durante todo o processo, permitindo ao aluno conhecer suas dificuldades e os avanços, auxiliando-o a fixar respostas corretas e corrigir falhas.
d) A avaliação é integral, considera o aluno como um todo, ocorre a partir dos elementos cognitivos, aspectos afetivos e domínio motor.
Tendo em vista a preocupação em relação ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem, em 1932:
Um grupo de intelectuais, preocupados em elaborar um programa de política educacional amplo e integrado, lançou o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados educadores, como Anísio Teixeira.
O manifesto propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e definisse a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. Nessa época, a igreja dividia com o Estado a área da educação.
Em 1934, com a nova Constituição Federal, a educação passou a ser vista como um direito de todos, a ser ministrada pela família e pelos poderes públicos. De 1934 a 1945, o então ministro da Educação e Saúde Pública, Gustavo Capanema Filho, promoveu uma gestão marcada pela reforma dos ensinos secundário e universitário. Naquela época, o Brasil já implantava as bases da educação nacional.
A sigla MEC, surgiu em 1953, quando a Saúde ganhou autonomia e surgiu o Ministério da Educação e Cultura. O sistema educacional brasileiro, até 1960, era centralizado, modelo seguido por todos os estados e municípios. Com a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1961, os órgãos estaduais e municipais ganharam autonomia, com diminuição da centralização do MEC.
A reforma universitária, em 1968, foi a grande LDB da educação superior, ao assegurar autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira às universidades. A reforma representou um avanço na educação superior brasileira, ao instituir um modelo organizacional único para as universidades públicas e privadas.
A educação no Brasil se viu diante de uma nova LDB em 1971. O ensino passou a ser obrigatório dos 7 aos 14 anos. O texto também previa um currículo comum para o primeiro e segundo graus e uma parte diversificada, em função das diferenças regionais.
Em 1985, foi criado o Ministério da Cultura. Em 1992, lei federal transformou o MEC no Ministério da Educação e do Desporto. Somente em 1995, a instituição passou a ser responsável apenas pela área da educação.
Uma nova reforma na educação brasileira foi implantada em 1996. Trata-se da mais recente LDB, que trouxe diversas mudanças nas leis anteriores, com a inclusão da educação infantil (creches e pré-escola). A formação adequada dos profissionais da educação básica também teve prioridade, com um capítulo específico para tratar do assunto.
Ainda em 1996, o Ministério da Educação criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Os recursos para o Fundef vinham das receitas dos impostos e das transferências dos estados, do Distrito Federal e dos municípios vinculados à educação.
O Fundef vigorou até 2006, quando foi substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Toda a educação básica, da creche ao ensino médio, passou a ser beneficiada com recursos federais. Um compromisso da União com a educação básica, que se estenderá até 2020.
FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/institucional/historia>. Acesso em: 4 maio 2016.
FIGURA 27 – LOGO DO MEC.
FONTE: Disponível em: <http://indeb.com.br/index.php?Pagina=Noticias>. Acesso em: 27 mar. 2016.
Para conhecer mais sobre essa trajetória, acesse o portal do MEC: <http://portal.mec.gov.br/institucional/historia> e conheça mais sobre o Ministério que a quase 80 anos busca promover ensino de qualidade para nosso país.
Desde então, foram elaboradas leis e ações com o objetivo de qualificar o ensino no País. Em 1971 ocorreu a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 5692/71, que teve por objetivo buscar melhor qualidade de ensino e processos avaliativos mais coerentes em relação aos objetivos. Um documente base de um suporte para o processo avaliativo/educativo.
4 MITOS SOBRE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Mitos que perduram por décadas, que apavoram alunos de todas as faixas etárias.
Será que eles realmente existem? Ou são apenas mitos, falsas verdades?
Para iniciar, vamos conhecer o que a autora Thereza Penna Firme (2009), fala a respeito dos mitos na avaliação da aprendizagem no artigo publicado na Revista Ensaio, Mitos na avaliação: diz-se que...
• “Os alunos não podem passar de ano sem saber ler”. Não é verdade. Pois a leitura é uma aprendizagem contínua, que não se completa em determinada série, ela começa antes da criança entrar na escola e continua ampliando-se durante toda a vida. É preciso que se respeite o ritmo de cada um, e não punir.
• “Promover todos os alunos tira o estímulo dos mais estudiosos e favorece o desinteresse dos menos estudiosos”. Não é verdade. Esta afirmação se baseia no fato de que os alunos estão acostumados a “estudar para a prova”. É preciso que o professor oriente os alunos para que estudem para adquirir conhecimentos para a vida e não apenas para tirar uma boa nota na prova ou passar de ano.
• “A qualidade do ensino diminui quando todos os alunos são promovidos”. Não é verdade. A baixa qualidade do ensino se deve a causas como a falta de propósitos claros sobre a educação, a falta de informação sobre a relação teoria e prática no contexto educativo, apego aos sistemas tradicionais em que o professor foi formado, sem levar em conta as necessidades individuais de cada aluno. Isso sim é preocupante pois promove a má qualidade de ensino.
• “Quando todos os alunos são promovidos acontece que muitos passam de ano sem saber nada”. Não é verdade. O conhecimento não se restringe ao conhecimento de um conjunto de conhecimentos acerca de certas habilidades determinadas pelo professor. Este tem uma amplitude muito maior, refere-se à capacidade de imaginar, de criar, de indagar, de exercer competências variadas de acordo com a cultura e a história de cada indivíduo.
• “Os pais não concordam que seus filhos passem sem saber nada”. Não é verdade. Se os pais são informados de que seu filho “não sabe nada” e mesmo assim vai passar, é natural que se preocupem com a decisão de passar. Agora quando são informados referente as dificuldades de aprendizagem de forma coerente, onde o professor explica que apesar de ter algumas lacunas, alcançou progressos satisfatórios em alguns aspectos de aprendizagem, tendo melhorado em vários aspectos, os pais compreenderão que existe grande possibilidade das dificuldades virem a ser superadas na série seguinte, pois houve aprendizagem significativa.
• “É um bem que se faz ao aluno obrigando-o a repetir a série”. Não é verdade. Muitos ainda pensam que professor competente é aquele que mais reprova. Mas não é a reprovação que irá fornecer subsídios para que o aluno aprenda melhor no ano seguinte, além disso poderá criar barreiras ainda maiores pelo fato de separar o aluno de seus colegas de turma, questões que envolve o emocional.
• “Trabalhar com turmas heterogêneas em que uns sabem ler e outros não, porque foram promovidos sem saber ler é impossível”. Não é verdade. Classificar e dividir os alunos de acordo com o seu nível de conhecimento não assegura sucesso na aprendizagem. Por mais que sejam “reclassificados” e “remanejados”, preciso entender que os alunos jamais serão homogêneos, além disso, essa prática gera a rotulação discriminatória. O professor precisa trabalhar o potencial respeitando e valorizando as múltiplas inteligências.
• “Quando todos os alunos sabem que vão passar, o professor perde a autoridade”. Não é verdade. Pesquisas mostram que o professor conquista mais respeito dos alunos quando utiliza atitudes positivas, constantes, do que quando provoca medo e ansiedade. O professor precisa valorizar o educando como ser único, incentivar a sua aprendizagem, procurar sanar as dificuldades de cada um, fazê-los compreender que são capazes de aprender.
E para finalizar, a autora diz:
É hora de pegar o “lápis” que não esteja quebrado por dentro. De avaliar as condições internas e externas. De verificar se a “ponta” está firme. Se há suficiente “papel”... E então deixar fluir a imaginação e criar uma escola que cresça em múltiplas dimensões, sem tropeços e sem bloqueios, na trajetória digna do aperfeiçoamento de cada criança, e cada jovem, de cada professor e da educação brasileira. Mitos, nunca mais! (FIRME, 2009, p.10).
Mitos que infelizmente fazem parte de muitos ambientes educativos e sobre tudo permeiam a prática de vários professores ainda nos dias atuais. De acordo com Firme (2009, p. 9), “Os estudos e a prática demonstram que a criança e o jovem têm maior probabilidade de aprender sendo promovidos do que repetindo o ano.” Isso acontece porque o aluno sente-se valorizado.
RESUMO DO TÓPICO
Neste tópico, você estudou que:
• De acordo com a Enciclopédia de Pedagogia Universitária: glossário (2006), Avaliação refere-se a processos de construção de sentidos e conhecimentos sobre sujeitos, objetos ou coisas, atividades e instituições, colocados em relação educativa ou profissional durante determinado período de tempo.
• Avaliação Educacional ou da Aprendizagem: refere-se à avaliação de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos submetidos a processos ou situações com vistas à aquisição de novo conhecimento, competências, habilidades ou atitudes. Enciclopédia de Pedagogia Universitária: glossário (2006).
• Avaliação do Desempenho do Aluno: termo que designa a avaliação de um ato ou efeito de uma ação do aluno frente à uma exigência externa de medida ou comparação apoiada em critérios. Enciclopédia de Pedagogia Universitária: glossário (2006).
• Avaliação de Competências: processo que verifica o grau de desempenho dos sujeitos para resolver problemas que exigem a mobilização e utilização de um conjunto de saberes adquiridos. Enciclopédia de Pedagogia Universitária: glossário (2006).
• Testar significa submeter a um teste ou experiência, com o objetivo de verificar o desempenho de alguém através de situações antecipadamente organizadas. Testes estes, que são aplicados em larga escala atualmente. (HAYDT, 2000).
• Medir significa determinar a quantidade de alguma coisa baseado num sistema de unidades convencionais. Em nosso cotidiano usamos constantemente diferentes medidas, litro, quilo, metro, hora, etc. Essa medida é expressa por números e refere-se ao aspecto quantitativo. (HAYDT, 2000).
• Avaliar é julgar ou fazer a análise de alguém ou alguma coisa, observando uma escala de valores. A avaliação incide numa escala de valores quantitativos e qualitativos e se tem por base critérios e objetivos definidos previamente. (HAYDT, 2000).
• As teorias tradicionais discutidas no campo do currículo iniciaram no ano 1918, nos EUA, com o lançamento da obra The Curriculum, escrita por Franklin Bobbitt.
• Ralph Tyler escreve o livro Princípios Básicos de Currículo e Ensino em 1949, traduzido no Brasil, na década de 1970. Fortificando as ideias de Bobbitt, quando afirma que os objetivos do ensino devem ser muito bem definitivos para que consigam atingir a sua finalidade.
• Haydt (2000) descreve os princípios básicos que norteiam a avaliação: A avaliação é um processo contínuo e sistemático, faz parte de todo o processo ensino-aprendizagem. A avaliação é funcional, é realizada a partir dos objetivos previstos nos planejamentos. A avaliação é orientadora, tem como principal característica orientar os alunos durante todo o processo. A avaliação é integral, considera o aluno como um todo.
• Em 1932, um grupo de intelectuais, preocupados em elaborar um programa de política educacional amplo e integrado, lançou o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, atualmente conhecido como MEC.
• A sigla MEC surgiu em 1953, quando a Saúde ganhou autonomia e surgiu o Ministério da Educação e Cultura, Lei nº 1.920, de 25 de julho de 1953, que Cria o Ministério da Saúde e dá outras providências.
• Alguns dos principais mitos da avaliação abordados do ponto de vista de Thereza Penna Firme.
AUTOATIVIDADES
UNIDADE 3 TÓPICO 1
1 Diferencie os métodos avaliativos: Testar, Medir e Avaliar.
2 Faça uma reflexão sobre o método utilizado quando você cursou a Educação Básica.
3 Para que a avaliação realmente seja coerente qual precisa ser a postura adotada pelo professor?
4 Qual é a sua opinião acerca da abordagem sobre os mitos da avaliação. Posicione-se de forma crítica acerca de um dos mitos.
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