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segunda-feira, maio 30, 2022

CONSTRUÇÃO DE ELEMENTOS NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM - 3

 TÓPICO 3

SELEÇÃO E CONTEÚDO DE ENSINO

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico! Estamos adentrando neste momento nos conteúdos de ensino. Para tanto, vamos retomar as perguntas feitas anteriormente e buscaremos respondê-las de maneira clara e objetiva. As perguntas eram: Será necessário falarmos dos conteúdos? Não é só repassarmos o que nos é apresentado nos livros didáticos?

Os conteúdos de ensino perpassam esta forma fragmentada que possuímos e que são apresentadas nessas perguntas. Por quê? Saberemos logo, logo.

Estaremos utilizando neste tópico de autores como Haydt, (2008), Libâneo (2011), Zabala (1998), Piletti (1998), Candau (2008), entre outros.

Buscaremos também reconhecer a importância do conteúdo, os seus critérios de seleção, a sua organização e os procedimentos de ensino em suas classificações. Vamos compreender sobre o cuidado que devemos ter em relação aos conteúdos de ensino?

Iniciamos com essa pergunta.

2 O QUE É CONTEÚDO?

Se realizarmos um feedback do que já estudamos até o momento, nos lembraremos que na Escola Tradicional o conteúdo era visto como o “ fim em si mesmo” (PILETTI, 1994, p. 90). Tudo era repassado ao aluno em grande volume, sem a preocupação em verificar se ouve ou não aprendizagem. Assim, com o passar dos anos e das mudanças educacionais que passamos, já na escola Nova, passou-se a dar maior ênfase aos métodos e as técnicas de ensino, deixando o conteúdo em segundo plano.

Entretanto observe, acadêmico(a), que conforme Haydt (2008, p. 126), “os conteúdos são importantes à medida que constituem a tessitura básica sobre a qual o aluno constrói e reestrutura o conhecimento”.

Sabemos que conforme a História nos apresenta, a humanidade vem acumulando saberes, os quais se apresentam de forma dinâmica, pois se encontra em constante movimento e mudança. Assim sendo, a escola é o espaço onde ocorre esse movimento, cabendo a ela, conforme Haydt (2008, p. 126):

[...] como instituição social e agência formadora, é o centro da educação sistemática, e tem como função básica a transmissão sistematizada do conhecimento universal. Além disso, é preciso imprimir no cotidiano das crianças e jovens a vivência de valores essenciais para a sobrevivência da comunidade, como a cooperação, a justiça, o respeito ao próximo, a valorização do trabalho etc.

A autora ainda ressalta que: “É através do conteúdo e das experiências de aprendizagem que a escola transmite de forma sistematizada o conhecimento, e também trabalha, na prática cotidiana de sala de aula, os valores tidos como desejáveis na formação das novas gerações”.

Com isso podemos perceber que os conteúdos não podem ser organizados de maneira aleatória, muito pelo contrário, devemos nos balizar junto aos documentos nacionais, sendo que esses estão sendo revistos através da consulta a Base Nacional Comum Curricular que está prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2023.

Conforme o Portal Brasil (2015, p. 1):

[...] o documento preliminar, a BNC terá 60% dos conteúdos a serem aprendidos na Educação Básica do ensino público e do privado, e os 40% restantes serão determinados regionalmente, com abordagem que valorize peculiaridades locais e também que considere escolhas de cada sistema educacional sobre as experiências e conhecimentos a serem oferecidos aos estudantes ao longo do processo de escolarização. 

Assim sendo, é necessário que nós, professores, compreendamos que os conteúdos não podem ser vistos de maneira totalmente mecânica, mas sim voltada para a troca de conhecimentos. Mas como?

Os conteúdos necessitam estar entrelaçados entre “a matéria, o ensino e o aluno”. Conforme Libâneo (2011, p. 128) que afirma:

Através do ensino criam-se as condições para a assimilação consciente e sólida de conhecimentos, habilidades e atitudes, nesse processo o aluno forma suas capacidades e habilidades intelectuais para se tornarem, sempre mais, sujeitos da própria aprendizagem. Ou seja, a matéria a ser transmitida proporciona determinados procedimentos de ensino, que por sua vez, levam as formas de organização do estudo ativo dos alunos.

Através das palavras do Professor Libâneo compreendemos que os conteúdos não podem ser somente selecionados e repassados aos alunos, é preciso que junto a esses conteúdos possam ser incluídos elementos do cotidiano do aluno, fazendo com que a aprendizagem se torne significativa.

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Em nossos documentos oficiais possuímos os PCN, que são o Plano Nacional Curricular, voltado à Educação Infantil, Séries Iniciais do ensino fundamental e do Ensino Médio. Esses documentos podem ser encontrados no site do Ministério da Educação: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>.

Mas afinal, o que é conteúdo de ensino?

Para Libâneo (2011, p. 128) conteúdos de ensino são “o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e a aplicação pelos alunos na sua prática de vida”. O autor ainda ressalta que os conteúdos de ensino englobam “conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras; habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social; valores, convicções, atitudes”.

Se observarmos os documentos oficiais, nos depararemos com todos estes desdobramentos dos conteúdos de ensino. Eles estão presentes nos livros didáticos, em todos os planos, no pensar e no agir dos professores, nos métodos, exercícios, etc.

De acordo com tudo que foi exposto, conforme Piletti (1994, p. 91), podemos determinar que os objetivos devam estar na dianteira na busca dos conteúdos, conseguindo assim verificar qual é a sua importância para a turma e se condizem com a realidade vivenciada pelo aluno.

Os conteúdos não são vistos de maneira linear, voltadas somente ao ensino de conteúdos voltados ao cognitivo dos alunos, mas que conforme (ZABALA 1998 apud BARROSO, 2009, p. 283): “[...] também direcionar a atenção para as demais capacidades - motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social”.

Sobre isso, Haydt (2008, p. 128), nos declara que:

[...] o conteúdo é o conhecimento sistematizado e organizado de modo dinâmico, sob a forma de experiências educativas. É sobre ele que se apoia a prática das operações mentais. Além disso, o conteúdo é o ponto de partida tanto para a aquisição de informações, conceitos e princípios úteis como para o desenvolvimento de hábitos, habilidades e atitudes. Daí sua importância.

Todos os autores recaem sobre questões relacionadas aos hábitos, habilidades, atitudes e afetividade. Pois bem, é esse ponto que estremos tratando nesse momento.

Quais são estes conteúdos que envolvem as atitudes, os procedimentos e o cognitivo? E o que cada um representa?

Vejamos...

2.1 OS CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS, ATITUDINAIS, CONCEITUAIS

Muito bem, até o momento descobrimos que os conteúdos não podem ser vistos de maneira linear, mas que venham de encontro aos interesses e momento histórico do aluno. Isso não significa que os conteúdos já vivenciados historicamente sejam excluídos. Eles devem fazer parte da construção dos novos conteúdos a serem trabalhados. Esses conteúdos necessitam estar interligados com a vivência do aluno, o trabalho do professor (ensino) e a matéria. Desta forma estaremos nos relacionando com os quatro pilares da educação, que Jacques Delors apresentou à Comissão Internacional sobre a Educação do Século XXI – relatório para a UNESCO. Nesse relatório, Delors apresenta os quatro fundamentos da educação que estão apresentados na figura a seguir.

FIGURA 25- OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO – JACQUES DELORS

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FONTE: Disponível em: <https://blogdonikel.wordpress.com/2014/05/06/os-quatro-pilares-da-educacao-jaques-delors-fichamento/>. Acesso em: 9 fev. 2016.

Diante desses quatro pilares, podemos observar que enquanto profissionais da educação temos muito ainda a refletir, a construir, pois até o momento percebemos que o pilar que está sendo mais evidenciado é o “aprender a conhecer” e em segundo lugar o “aprender a fazer”, deixando-se de lado os dois últimos pilares que é o “aprender a viver com os outros” e o “aprender a ser”.

OS CONTEÚDOS CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS EM CORRELAÇÃO COM OS EIXOS TEMÁTICOS DOS PCN

Katya Fernandes

RESUMO: Todos os conteúdos estão veiculados aos quatro pilares da educação, uma vez que estes não podem ser indissociados um do outro. Podemos trabalhar todos eles de maneira a compreender como funcionam, e posteriormente incluí-los em definitivos aos nossos saberes.

Palavras-chave: Conteúdos. Saberes. Habilidades. Indissociáveis.

1 INTRODUCÃO

Através de pesquisas e estudos podemos perceber que os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais estão veiculados com os quatro pilares da educação. Os quatro pilares da educação compõem-se dos seguintes saberes: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Sendo analisado por este caminho podemos nos organizar da seguinte maneira: Aprender a conhecer o quê? Aprender a fazer o quê? Aprender a viver juntos para quê? Aprender a ser por quê? Todas estas perguntas são respondidas respectivamente com: conceituais, procedimentais e atitudinais.

Zabala (1998, p. 42-48) aborda os conteúdos em três categorias: atitudinais, conceituais e procedimentais. Os conteúdos conceituais referem-se à construção ativa de capacidades intelectuais para operar símbolos, imagens, ideias e representações que permitam organizar as realidades. Os conteúdos procedimentais referem-se ao fazer com que os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que obtém e os processos que colocam em ação para atingir as metas que se propõem e os conteúdos atitudinais referem-se à formação de atitudes e valores em relação à informação recebida, visando a intervenção do aluno em sua realidade.

2 CONTEÚDOS CONCEITUAIS: APRENDER A CONHECER

Todos os conteúdos necessitam de uma base teórica, denominados conceitos. Os conceitos nos transportam pela vida sejam: científicos, intelectuais, filosóficos, calculistas ou de outros parâmetros. Esses nos revelam a verdadeira base da descoberta do saber, estimulando a curiosidade de aprender. Os conceitos passam a desenvolver a parte cognitiva do ser levando esse a desenvolver o intelecto, o raciocínio, a dedução, a memória, proporcionando a construção do conhecimento.

O conceito é considerado um instrumento do conhecimento, através dele é que ser humano desenvolve sua compreensão do mundo que o rodeia, ele capacita para o mercado de trabalho e torna-se o maior alvo de pesquisa estudantil.

Os conteúdos conceituais fazem parte da construção do pensamento, nele o indivíduo aprende a discernir o real do abstrato; ou ilusório. Abrem-se as portas da dúvida, essa dúvida estimula a descoberta do conhecimento, gerando novas dúvidas possibilitando descobertas infinitas. Sendo esse um processo onde: "o conhecimento é múltiplo e evolui infinitamente [...] o processo de aprendizagem do conhecimento nunca está acabado”.

Os conteúdos conceituais são a base do aprender a conhecer concebendo-nos a oportunidade de lembrar que aprendemos vastamente com as experiências que adquirimos durante a nossa vivência, e acrescentando que "aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis".

3 CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS: APRENDER A FAZER

Os conteúdos procedimentais resumem-se em colocar em prática o conhecimento que adquirimos com os conteúdos conceituais. Seja em forma de maquete utilizando-se de escala, reprodução de um ambiente visitado, ou uma letra de música transformada em paródia. Toda produção ou reprodução é determinado pelos conteúdos procedimentais. Como antes citado primeiramente o conceito do assunto posteriormente o fazer, e para fazer é preciso procedimentos corretos para o resultado esperado.

Os conteúdos procedimentais também são de caráter profissionalizante, onde se visa que o aluno compreenda o ofício de determinadas profissões, auxiliando no processo da escolha profissional no futuro, desenvolvendo todas as habilidades anteriormente citadas; trabalhando a memória, o intelecto, a dedução, habilidades motoras, e outras especificidades.

Caracterizado pelo estudo de técnicas e estratégias para o avanço do conhecimento proporcionado através da experiência do fazer.

E como pode ser notado, nenhum conhecimento se faz por si só, todos possuem sua base, assim como aprender a conhecer é base do aprender a fazer, aprender a fazer também torna-se base de aprender a viver juntos, pois existem projetos, processos e procedimentos que não poderão ser feitos ou produzidos por um único ser. Para que um livro seja publicado é preciso que haja um escritor, alguém que revise, alguém que publique; para que um edifício se erga é necessário um engenheiro, um técnico, pedreiros, serventes e outras especificidades, ou seja, um conjunto.

Mesmo não possuindo muitas afinidades é possível vivermos juntos, para que o mundo possa desenvolver-se e nós também.

4 CONTEÚDOS ATITIDINAIS: APRENDER A VIVER JUNTOS APRENDENDO A SER

Os conteúdos atitudinais são a vivência do ser com o mundo que o rodeia. O aprendizado de normas e valores torna-se alvo principal para que este conteúdo seja adquirido por quem quer que seja, e na sua proporção e qualificação só é desenvolvido na prática e em seu uso contínuo. O indivíduo é moldado de acordo com suas vivências, porém, não é escravo dessas, podendo redimir-se ou simplesmente questionar-se.

Os conteúdos atitudinais passam pelo processo sociedade-indivíduo-sociedade. Tratando-se de grupos, tribos, comunidades de diferentes escalões sejam eles econômicos ou culturais. Todos seguindo normas estabelecidas por todos: respeito, compreensão, solidariedade, humildade, muitos outros de suma importância.

No meio escolar estes conteúdos são trabalhados todo o tempo, seja ele nos trabalhos individuais ou em grupos, sendo ele melhor trabalhado em grupo já que o tema proposto é aprender a viver juntos respeitando uns aos outros em suas opiniões, concordando ou discordando de determinadas atitudes que ferem as normas e os valores estabelecidos normalmente. Os conteúdos atitudinais "proporcionam ao aluno posicionar-se perante o que apreendem. Detentores dos fatos e de como resolvê-los, é imprescindível que o aluno tenha uma postura perante eles.

Através da convivência e valores o indivíduo se torna ser pensante de suas próprias atitudes amadurecendo seu interior e descobrindo-se membro de sua sociedade, e não mais um indivíduo, mas alguém que pode fazer a diferença.

5 CONCLUSÃO

Podemos trabalhar em nossa sala de aula todos os conteúdos de maneira proveitosa, não tentando separá-los, pois como podemos perceber todos estão correlacionados com a construção como um todo, nenhum deles é mais importante que o outro a importância é encontrada no conjunto da obra, como citam os ditados populares.

FONTE: Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/os-conteudos-conceituais-procedimentais-e-atitudinais-em-correlacao-com-os-eixos-tematicos-dos-pcns/35902/>. Acesso em: 9 fev. 2016.

Frente ao apresentado, acreditamos que você, acadêmico tenha observado que para obtermos maior desenvolvimento na construção do conhecimento a escolha dos conteúdos deve estar embasado na “herança cultural, [...], mas também nas experiências da prática social vivida no presente pelos alunos, isto é, nos problemas e desafios existentes no contexto em que vivem” (LIBÂNEO, 2011, p. 130). O autor ainda nos apresenta que: “os conteúdos de ensino devem ser elaborados numa perspectiva de futuro, uma vez que contribuem para a negação das ações sociais vigentes tendo em vista a construção de uma sociedade verdadeiramente humanizada”.

Assim, termos em mente os quatro pilares da educação, ligados à classificação dos conteúdos apresentados por Zabala, poderemos conquistar o que Libâneo (2011) nos apresentou anteriormente, buscando a conexão entre os vários segmentos que compõem a sociedade, estaremos transformando os conteúdos antes lineares, em conteúdos dinâmicos e construtivos.

Dentro desta perspectiva observamos que ao utilizarmos os conteúdos os mesmos seguem critérios de seleção que o professor deve analisar, sendo eles: a validade, a utilidade, significação, adequação ao nível de desenvolvimento do aluno e a flexibilidade.

Observe o quadro abaixo com suas definições, conforme Haydt (2008, p. 130-131):

QUADRO 3 – CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

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FONTE: Haydt (2008)

Junto aos critérios de seleção dos conteúdos temos também a organização desses, que devem ser apresentados em uma sequência, a qual fará com que os mesmos venham completar o que já foi visto, dando abertura para maiores construções do conhecimento. Essa organização também possui seus critérios de ordenação, pois como relata Haydt (2008, p. 132), os critérios de organização dos conteúdos são:

A Continuidade: a qual “refere-se ao tratamento de um conteúdo repetidas vezes em diferentes fases do curso”.

A Sequência: “está relacionada com a continuidade, massa transcende. A sequência faz com que os tópicos sucessivos de um conteúdo partam sempre dos anteriores, aprofundando-os e ampliando-os progressivamente”.

A Integração: “por sua vez, está ligada à ordenação horizontal e se refere ao relacionamento entre as diversas áreas do currículo, visando garantir a unidade do conhecimento”.

Com isso, podemos determinar que os conteúdos quando bem relacionados com os objetivos tornam a construção do conhecimento mais leve, dinâmica e voltada para a concretização dos objetivos propostos e de alunos críticos, curiosos e prontos para novas descobertas a partir do que o professor apresenta em suas aulas.

FONTE: Haydt (2008, p. 132)

Adentramos então, em outro elemento que compõe todo este processo, são os procedimentos de ensino.

3 ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS DE ENSINO

Para melhor compreensão, propomos o que nos afirma Piletti (1994) com relação aos procedimentos de ensino, sendo que ele se refere a isso dizendo que podemos determinar que procedimentos de ensino, estratégias, técnicas e métodos são termos utilizados para indicar o Como Ensinar. Cabe definir o sentido que cada uma dessas palavras possui dentro deste universo educacional nas ideias de Piletti (1998).

Estratégia: como a própria palavra expressa, é uma definição dos meios a serem utilizados pelo professor para chegar aos objetivos específicos.

Método: vem do grego – méthodos = caminho para chegar a um fim. Assim sendo, o método são as intervenções que o professor utiliza para chegar ao objetivo proposto.

Técnica ou Estratégia de Ensino: é a maneira que o professor se utilizar dos recursos didáticos que serão utilizados para chegar aos objetivos desejados.

Haydt (2008, p. 144) também nos apresenta sua análise com relação aos procedimentos de ensino, dizendo que o professor deve observar no momento da utilização dos procedimentos alguns aspectos básicos, como:

a) Adequação aos objetivos estabelecidos para o ensino e aprendizagem.

b) A natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendizagem a efetivar-se.

c) As características dos alunos, como, por exemplo, sua faixa etária, o nível de desenvolvimento mental, o grau de interesse, suas expectativas de aprendizagem.

d) As condições físicas e o tempo disponíveis.

Podemos determinar que a partir dos objetivos que foram propostos para sua aula; a escolha correta dos conteúdos que se pretende repassar aos alunos; a sondagem de quem são seus alunos e em que nível estão, além do espaço em que se encontram, são critérios que tornam a escolha das estratégias de ensino e sua organização mais condizentes à classe. Percebe-se que “é a partir desses aspectos que se estabelece o como ensinar, isto é, se definem as formas de intervenção na sala de aula para ajudar o aluno no processo de reconstrução do conhecimento” (HAYDT, 2008, p. 145).

Para que os Planos de Aula sejam bem elaborados é necessário também que se observe a utilização dos materiais didáticos, sejam eles relacionados às novas tecnologias como: projetores, computadores, gravadores, aparelho de som, dentre outros, ou como os livros didáticos, revistas, figuras etc., temos que, enquanto professores, “saber explicar os conteúdos”.

Cabe ao professor, além dos materiais propostos para suas aulas, ter a capacidade de saber ensinar. Pois, conforme Haydt (2008, p. 146), é necessário que “os professores expliquem e desenvolvam os conteúdos de forma clara, para que eles possam compreender seu significado e participar mais ativamente do processo de reconstrução do conhecimento. Isso é um direito dos alunos e deveria ser norma de todos os professores”.

Com este parecer, podemos apresentar algumas normas didáticas que vem auxiliar o trabalho do professor, independente dos tipos de procedimentos de ensino que serão utilizados. Os critérios são, no parecer de Haydt (2008, p. 149):

a) Incentivar sempre a participação dos alunos, criando condições para que eles se mantenham numa atitude reflexiva.

b) Aproveitar as experiências anteriores dos alunos, para que eles possam associar os novos conteúdos assimilados às suas vivências significativas.

c) Adequar o conteúdo e a linguagem ao nível de desenvolvimento cognitivo da classe.

d) Oferecer ao aluno oportunidade de transferir e aplicar o conhecimento aprendido a casos concretos e particulares, nas mais variadas situações.

e) Verificar constantemente, por intermédio da avaliação contínua se o aluno assimilou e compreendeu o conteúdo desenvolvido.

Podemos determinar que os procedimentos didáticos ou de ensino, para serem eficaz é necessário que venham ao encontro do aluno, ajudando-o na construção e reconstrução do conhecimento, de maneira crítica, curiosa, compreensiva e construtiva. Os métodos de ensino possuem uma classificação que para Carvalho (1973, p. 193) ficam assim apresentados:

Métodos individualizados de ensino: são aqueles que valorizam o atendimento às diferenças individuais e fazem adequação do conteúdo ao nível de maturidade, à capacidade intelectual e ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, considerando individualmente. Entre esses estão o trabalho de fichas, estudo dirigido e o ensino programado.

Métodos socializados de ensino: são os métodos que valorizam a interação social, fazendo a aprendizagem efetivar-se em grupo. Incluem as técnicas de trabalho em grupo, a dramatização e o estudo de casos.

Métodos socioindividualizados: são os que combinam as duas atividades, a individualizada e a socializada, alternando em suas fases os aspectos individuais e sociais. Abrangem, entre outros, o método de problemas, as unidades de trabalho, as unidades didáticas e as unidades de experiências.

A partir desta explanação podemos delinear também que existem diversas formas de trabalharmos dentro dos procedimentos de ensino-aprendizagem. Esses procedimentos ou técnicas estarão sendo apresentadas de maneira mais clara a seguir.

4 PROCEDIMENTOS INDIVIDUALIZANTES DE ENSINO

Vamos ressaltar aqui alguns procedimentos relacionados ao trabalho individualizado, sendo que o primeiro a ser analisado é a aula expositiva.

a) Aula expositiva

A aula expositiva é a mais antiga forma de prática pedagógica em sala de aula. Foi aplicada com a chegada dos Jesuítas ao nosso país, no período colonial.

No século passado, as aulas expositivas foram vistas com desprezo, pois se caracterizava pelo mero repasse das informações, não dando ao aluno a possibilidade de discussão.

Nessa aula, o conhecimento que o aluno já possui, conhecimento prévio, não é levado em conta, sendo o professor o centro das atenções. A forma de avaliar fica restrito ao conteúdo passado pelo professor.

Mas, a mesma, aula expositiva, se bem elaborada, pode vir como auxiliar no desenvolvimento da prática pedagógica com eficácia. Conforme Fernandes (2011, p. 1):

Se bem planejada e realizada, essa estratégia de ensino, em que você é o protagonista e conduz a turma por um raciocínio, pode ser o melhor meio de ensinar determinados conteúdos e garantir a aprendizagem da turma. Mas atenção: ela nunca pode ser o único recurso usado em classe e deve sempre fazer parte de uma sequência de atividades.

A aula expositiva necessita sim de cuidados pelo professor, para que não se torne mero repasse de informações. Ao professor cabe observar e conhecer muito bem seus alunos, tendo uma visão clara de cada aluno em suas reações e que o aluno também esteja interessado no assunto. É preciso levantar questões que tornem o assunto aprazível, onde ocorra a participação de todos. Sabemos que é um desafio aos professores, mas é importante que parta dele buscar os meios para transformar sua aula agradável e construtiva. Esses pequenos detalhes é que fazem com que a aula expositiva não seja tão indesejável como muitos pensam ser.

Outra prática pedagógica que auxilia no processo de ensino e aprendizagem é a aula dialogada.

b) Aula dialogada

Nesta prática pedagógica o aluno expõe suas ideias, as quais são levadas em conta pelo professor, ocorrendo uma troca de conhecimentos e de construção do mesmo.

O professor utiliza-se dos conhecimentos prévios do aluno, sendo o professor “mediador” desse processo, levando ao aluno a questionar, dar opiniões, ser reflexivo e reconstruir seu conhecimento.

Observe a tirinha do Calvin, ela expressa bem esta visão dialógica, que deveria ocorrer, mas muitas vezes é excluída pelo professor.

FIGURA 26 - AULA DIALOGADA: SUAS POSSIBILIDADES E ENTRAVES

<p><br></p>

FONTE: Disponível em: <http://posgraduando.com/as-diferencas-entre-aulas-expositivas-e-aulas dialogadas/>. Acesso em: 12 fev. 2016.

A aula dialogada dá ao aluno a possibilidade de expressar suas ideias, refletir sobre o tema abordado e construir novos conceitos, tendo o professor a preocupação de estar bem preparado para este tipo de prática pedagógica.

A avaliação realizada nesse tipo de prática é voltada ao questionamento, ao diálogo; pois como afirma Freire (2002, p. 39): “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”. Conforme se apresenta na tirinha de Calvin.

Para Haydt (2008, p. 155) na aula dialogada “o aluno desempenha um papel mais ativo, pois participa da exposição do professor, fazendo comentários, relatando fatos, dando exemplos, argumentando, expondo suas dúvidas e respondendo perguntas. ”

c) Estudo dirigido

Nesta prática de ensino o aluno estuda um assunto delimitado, a partir de um roteiro idealizado pelo professor. Conforme Piletti (1994, p. 127) em seu livro Didática Geral:

A técnica de estudo dirigido se fundamenta no princípio didático de que o professor não ensina, ajuda o aluno a aprender. A técnica consiste na solicitação de uma tarefa ao aluno mediante o fornecimento de instruções de como realizá-la. Essas instruções, principalmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental, devem ser claras e simples. A aplicação desta técnica parte de um estímulo comum: a utilização de textos. Com base no texto apresentado formulam-se diversas questões.

O estudo dirigido ocorre em sala de aula com a orientação do professor e respeita o ritmo de aprendizagem do aluno e é individualizado. Sendo assim, é importante saber que:

Com o advento da Psicologia Genética de Jean Piaget, a técnica do estudo dirigido recebeu um reforço no seu suporte teórico. A concepção construtivista de Piaget contribuiu para a utilização do estudo dirigido como técnica pedagógica, na medida em que explicitou as relações entre a ação efetiva e as atividades cognitivas na construção do conhecimento (HAYDT, 2008, p. 162).

Podemos definir como objetivos do estudo dirigido, conforme Haydt (2008, p. 162-163):

a) Desenvolver técnicas e habilidades de estudo, ajudando o aluno a aprender as formas mais adequadas e eficientes de estudar cada área do conhecimento.

b) Promover a aquisição de novos conhecimentos e habilidades, ajudando o aluno no processo de construção do conhecimento.

c) Oferecer aos alunos um roteiro ou guia de estudos contendo questões, tarefas ou problemas significativos. [...].

d) Desenvolver nos alunos uma atitude de independência frente à aquisição do conhecimento e favorecer o sentimento de autoconfiança pelas tarefas realizadas, por meio da própria atividade e do esforço pessoal.

Acadêmico! Para melhor compreensão daremos um exemplo desta técnica.

O professor dá ao aluno um texto que tenha relevância ao estudo desejado, sendo o texto também adequado ao nível da turma. As questões que serão elaboradas pelo professor também devem exigir do aluno a capacidade de analisar, interpretar, ordenar etc. Esse estudo dirigido pode ser realizado tanto em sala de aula como tarefa de casa. Alguns exemplos de questões:

• Busque no dicionário o significado de palavras que estão no texto e que você desconhece.

• Crie um resumo do tema abordado.

• Do texto, retire ideias principais do autor.

São alguns exemplos que tornam o estudo dirigido, como já falamos, mais criativo, dando ao aluno a possibilidade de construir a partir do texto novas ideias e ativar a atividade mental de seu aluno.

d) Método Montessori

Esse método foi visto na Unidade 1 deste Caderno de Estudos. Mas vamos rever algumas questões importantes.

O método Montessori teve seu início com o trabalho direcionado às crianças deficientes, com o objetivo de criar procedimentos de ensino que auxiliassem no desenvolvimento dessas.

Com o passar do tempo, os procedimentos foram introduzidos no ensinamento de crianças com desenvolvimento normal.

Conforme (LOURENÇO FILHO 1969, p. 181 apud HAYDT 2008, p. 164): “As ideias educativas de Montessori foram primeiramente aplicadas a crianças de 4 a 6 anos, ou seja, em jardins de infância. Em 1911, por iniciativa de Marta Mariani Guerrieri, delas se fez uma adaptação ao Ensino Primário, e mesmo aos estudos de Nível Médio”.

Para Montessori seu método consiste em uma concepção que “considera a vida e seu pleno desenvolvimento como um bem supremo” (HAYDT, 2008, p. 165).

O método montessoriano baseia-se nos seguintes princípios:

LIBERDADE: se a vida é desenvolvimento, a educação deve favorecer esse desenvolvimento, deixando a criança a vontade para crescer e desenvolver-se. A liberdade é concebida como condição de expansão da vida (HAYDT, 2008, p. 165).

As carteiras são substituídas por mesinhas e cadeiras na altura da criança e os castigos passam a ser excluídos. Esta liberdade que Montessori oferece não é a de abandono, de deixar as coisas transformarem-se em indisciplina. Muito pelo contrário, para ela “Liberdade e disciplina interior estão interligadas e integradas, caminhando juntas” (HAYDT, 2008, p. 165).

ATIVIDADE: conforme Haydt (2008, p. 165) “é uma manifestação espontânea e deve ser respeitada”. Montessori acreditava que a atividade perpassa pela atividade física e principalmente pelas atividades mental e reflexiva. Haydt (2008, p. 165) ainda diz que o objetivo básico desse método é “educar para a atividade e para o trabalho, e não para a imobilidade, a passividade ou obediência cega. A aprendizagem é concebida, portanto, como um processo ativo”.

VITALIDADE: neste princípio, para Montessori a vida é um bem supremo que precisa ser vivido em todos os seus momentos. “A infância não é uma fase negativa que deva acabar logo, mas um período necessário, que deve ser plenamente vivido” (HAYDT, 2008, p. 165).

INDIVIDUALIDADE: perante esse princípio deve-se respeitar a individualidade de cada aluno e dar liberdade para que o desenvolvimento tanto da personalidade como do caráter.

Nesse método, os materiais didáticos estão relacionados a: cubos, caixas, cartões, papéis finos e rugosos, livros que aguçam os sentidos, materiais muito coloridos.

Podemos apresentar uma pequena relação de material utilizados no método Montessoriano como: sólidos de encaixe; figuras geométricas encaixáveis; livros que tenham a intenção de trabalhar o tato, lixas (grossa e fina); papéis (rugosos e finos); tecidos (lisos, grossos, com tamanhos e espessuras diferentes); reconhecer os sólidos geométricos (tendo como objetivo a percepção da forma, peso).

Como finalização, apresentamos alguns aspectos básicos e meios para alcançar os objetivos dentro do Método Montessori, conforme Haydt (2008, p. 166):

a) A educação dos sentidos, por meio da realização de jogos sensoriais e do uso de material didático próprio.

b) A educação do movimento, por meio da prática de exercícios físicos e rítmicos e do “exercício da linha”, no qual a criança anda sobre uma linha elíptica desenhada no chão, ao som de uma música.

c) A educação da inteligência, por meio de lições e exercícios sistemáticos e de materiais para concretizar os conteúdos a serem assimilados.

d) A prática da “aula do silêncio”, que visa desenvolver a capacidade de atenção, a autodisciplina e a percepção auditiva; nesse momento os alunos ficam em silêncio ouvindo apenas a voz do professor; que fala em tom baixo.

e) A realização dos exercícios de vida prática, que ajudam a criança a adquirir noções referentes aos cuidados com a própria pessoa e com o ambiente.

e) Centros de interesse

Esse método foi criado por Ovídio Decroly, nascido na Bélgica. Seu sistema pedagógico levava em conta “ a evolução natural dos interesses da criança” (PILETTI, 1998, p. 111).

Para Menezes (2001, p. 1) “Decroly elaborou a ideia de “centros de interesse” que seriam uma espécie de ideias-força em torno das quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno”. Esse educador, apresentava seis centros de interesse ou poderíamos também dizer um programa assim delineado:

A criança e suas necessidades:

necessidade de alimentar-se e de fazer sua higiene;

necessidade de lutar contra as intempéries;

necessidade de defender-se contra os perigos e acidentes diversos;

necessidade de ação e do trabalho solidário.

A criança e seu meio:

a criança e a família;

a criança e a escola;

a criança e a sociedade;

a criança e os animais;

a criança e as plantas;

a criança e a Terra, a água, ar, minerais;

a criança e o sol, a Lua e as estrelas (HAYDT, 2008, p. 169).

Decroly, com seu método dizia que “para obter um bom aproveitamento escolar não basta a reforma do programa. É preciso modificar a dinâmica do trabalho escolar, permitindo o desenvolvimento da individualidade através da atividade interessada do educando” (HAYDT, 2008, p. 169).

O método de Centros de Interesse possui três fases:

OBSERVAÇÃO: essa se relaciona ao exercício de observar os objetos, imagens, seres vivos, os fenômenos etc. A criança realiza a observação em relação ao tema. Para Haydt (2008, p. 170) afirma que: “Os exercícios de observação estimulam e apelam para a linguagem e o cálculo, pois o ato de observar gera outras operações mentais como comparar, estabelecer semelhanças e diferenças, classificar, ordenar, contar, medir e pesar”. O movimento de observar está relacionado à aquisição de linguagem e da atividade relacionada a leitura e escrita.

Exemplo: Observação dos animais

ASSOCIAÇÃO: são as atividades que o aluno realiza “associações no tempo e no espaço” (HAYDT, 2008, p. 170), conseguindo assim relacionar os conhecimentos já adquiridos com os novos.

Exemplo: Como nascem, crescem e se desenvolvem.

EXPRESSÃO: o aluno expõe sua opinião sobre o tema, podendo realizar de diversas formas de linguagem como: oral, escrita, musical, corporal. Cabe salientar que o aluno neste momento, “sintetiza o conhecimento adquirido sobre o assunto ou tema estudado e o comunica por meio de um relato oral ou escrito, do desenho, do trabalho manual, de uma dramatização etc.” (HAYDT, 2008, p. 171).

Percebe-se que os centros de interesse estão voltados aos fatos cotidianos da vida do aluno, dando as atividades mais alegria, mais desenvoltura e construção do conhecimento. E ao professor cabe estar preparado para realizar este método, ter conhecimento com relação à temática envolvida, utilizar-se de jogos e brincadeiras educativas.

5 PROCEDIMENTOS SOCIALIZANTES DE ENSINO

Nos procedimentos socializantes, como a própria palavra já diz “socializante” nos determina que a socialização é elemento chave para a busca de novas construções cognitivas. Nesse caso, o jogo é uma atividade que será abordada aqui, buscando determinar seu conceito e sua funcionalidade no processo ensino e aprendizagem.

Podemos retomar o que já vimos na Unidade 1 deste Caderno de Estudos, onde falamos sobre a presença do jogo nas atividades escolares. Isso não é algo tão novo assim, Comenius, em sua Didática Magna, dá relevância as atividades físicas; Froebel, Rousseau, Pestalozzi, também apresentam o jogo como meio de desenvolvimento da criança envolvendo sua socialização. O jogo também recebeu impulso nas atividades escolares a partir do surgimento da Escola Nova. Mas vamos compreender o que é o jogo!

A utilização do jogo trata-se de uma atividade que envolve o físico e mentalmente a criança através de um sistema de regras. Podemos dizer que o jogo é uma atividade lúdica, pois “ joga-se pelo simples prazer de realizar este tipo de atividade. Jogar é uma atividade natural do ser humano” (HAYDT, 2008, p. 175).

Segundo (RONCA e ESCOBAR 1986 apud MORATORI, 2003, p. 17):

Jogos e simulações não são brinquedos que o educador possa usar para ‘criar um clima gostoso em sala de aula’ ou apenas variar as estratégias. Pelo contrário, eles não só devem fazer parte do Planejamento de ensino visando a uma situação de aprendizagem muito clara e específica, como exigem certos procedimentos para a sua elaboração e aplicação.

A utilização do jogo necessita de algumas adaptações, pois dependendo do conteúdo a ser trabalhado o professor precisa criar jogos que se adequem a sua atividade proposta.

Haydt (2008, p. 177-178) nos apresenta algumas sugestões de como utilizar os jogos de maneira adequada e proveitosa no ensino:

a) Defina de forma clara e precisa, os objetivos a serem atingidos com a aprendizagem. Os jogos podem ser usados para adquirir determinados conhecimentos (conceitos, princípios e informações), para praticar certas habilidades cognitivas e para aplicar algumas operações mentais ao conteúdo fixado.

b) Determinar os conteúdos que serão abordados ou fixados através da aprendizagem pelo jogo.

c) Elabore um jogo ou escolha, dentre a relação de jogos existentes o mais adequado para a consecução dos objetivos estabelecidos.

d) Formule as regras de forma clara e precisa para que não deem margem a dúvidas, no caso da criação ou invenção de novos jogos.

e) Especifique os recursos ou materiais que serão usados durante a realização do jogo, preparando-os com antecedência ou verificando se estão completos e em perfeito estado para serem utilizados.

f) Explique aos alunos, oralmente ou por escrito, as regras do jogo, transmitindo instruções claras e objetivas, de modo que todos entendam o que é para ser feito ou como proceder.

g) Permita que os participantes, após a execução do jogo, relatem o que fizeram, perceberam, descobriram ou aprenderam.

Ao jogar, a criança vem a compreender que ela em algum momento necessitará de ajuda e também ajudará seu colega; aprenderá a vencer e também a perder; necessitará desenvolver a capacidade de ao vencer não ridicularizar seu colega e ao perder perceber que na vida existe esta possibilidade, retirando deste momento de “perda” uma reflexão para a vida.

Conforme Haydt (2008, p. 179):

Quando o educador manifesta uma atitude de compreensão e aceitação e quando o clima da sala de aula é de cooperação e respeito mútuo, a criança sente-se segura emocionalmente e tende a aceitar mais facilmente o fato de ganhar ou perder como algo natural, decorrente do próprio jogo. O papel do educador é fundamental no sentido de preparar a criança para a competição sadia, na qual imperam o respeito e a consideração pelo adversário.

5.1 DRAMATIZAÇÃO

Ao falarmos da dramatização estamos nos referindo à representação que alunos realizam em determinado espaço. Na escola essa técnica vem a auxiliar na socialização da criança “pois integra as dimensões cognitivas e afetivas do processo educacional e instrucional” (HAYDT, 2008, p. 179).

As dramatizações não ficam apegadas apenas a textos que são dados para serem representados, busca-se também através de situações do cotidiano a dramatização, onde envolve o aluno em seu cotidiano.

No que diz respeito da dramatização em relação as atividades didáticas, a mesma apresenta alguns objetivos assim determinados por Haydt (2008, p. 180):

1 Proporcionar uma situação de aprendizagem clara e específica que facilite a percepção e análise de situações reais de vida, ajudando o aluno a compreender melhor os fatos e fenômenos estudados.

2 Facilitar a comunicação de situações problemáticas e sua posterior analise, evidenciando os pontos críticos e contribuindo para a indicação de possíveis alternativas de solução.

3 Desenvolver a criatividade, o sendo de observação e a capacidade de expressar-se pela representação corporal e dramática.

Junto a esses objetivos, podemos determinar que a dramatização auxilia o aluno a aumentar seu nível motivacional, estimulando o seu interesse pela construção do conhecimento.

(BORDENAVE e PEREIRA 1986, apud HAYDT 2008, p. 180) afirmam que: “tecnicamente a dramatização é uma forma particular do estudo de casos”, pois ajuda a “desenvolver a empatia, isto é, capacidade de os alunos se colocarem imaginariamente em um papel que não é o próprio”. A dramatização caracteriza-se por duas modalidades: planejada e espontânea.

Planejada: aqui os alunos selecionam as personagens e discutem os papeis que vão exercer. Na dramatização pode ser utilizado também cenários referentes a temática.

Espontânea: sendo espontânea caracteriza-se que não é planejada, onde os alunos acabam improvisando a representação. Os mesmos interferem no momento que decidirem.

Com isso a dramatização passa a ter três fases que são assim determinadas:

Caracterização da situação: quando o professor juntamente com seus alunos busca caracterizar a situação apresentada.

Representação: quando os alunos já sabem seus papéis e realizam a apresentação. Nesta situação, o aluno passa a ter liberdade de voz e expressar seus sentimentos através do personagem escolhido para interpretar.

Discussão: ao final da apresentação ocorre o diálogo entre os alunos e com o professor, buscando apresentar as impressões sobre a apresentação e o significado do tema.

5.2 TRABALHO EM GRUPO

Sabemos que quando lançada a ideia de trabalho em grupo, os alunos costumam unir-se por afinidade, deixando muitas vezes outros colegas a margem desse processo. Cabe ao professor, neste momento, utilizar-se de suas habilidades didáticas e contornar a situação. Como?

Vendo o número de alunos que a sala possui. Visto isso, passar por cada carteira e dar um número a cada aluno. Esse número deve ser determinado para dar o número de grupos desejados pelo professor. Assim pode-se misturar os alunos, não criando as “panelinhas”.

Poderão ocorrer também casos em que alguns alunos acabam levando outros “nas costas”, deixando todo o trabalho para um ou dois colegas. Assim os alunos precisam dialogar com o professor e vice-versa, conseguindo determinar regras em relação à avaliação final.

Diante disso, Haydt (2008, p. 183) determina que os objetivos do trabalho em equipe devem ser: a) Facilitar a construção do conhecimento; b) Permitir a troca de ideias e opiniões; c) Possibilitar a prática da cooperação para conseguir um fim comum.

Outro ponto a ser ressaltado em relação ao trabalho em equipe é que essa técnica beneficia a formação de hábitos e atitudes dentro do convívio social que são assim determinados por Haydt (2008, p. 183):

• cooperar e unir esforços para que o objetivo comum seja atingido;

• planejar, em conjunto, as etapas de um trabalho;

• dividir tarefas e atribuições, tendo em vista a participação de todos;

• expor ideias e opiniões sucinta e objetivamente, de forma a serem compreendidas;

• aceitar e fazer críticas construtivas;

• ouvir com atenção os colegas e esperar a vez de falar;

• respeitar a opinião alheia;

• acatar a decisão quando ficar resolvido que prevalecerá a opinião da maioria.

A técnica de trabalho em grupo resulta em inúmeras possibilidades de construção do saber emocional, cognitivo e auxiliando também na formação de atitudes sociais significativas.

5.3 ESTUDO DE CASOS

Essa é uma técnica interessante também de ser aplicada, pois podemos enquanto professores nos utilizar de filmes, artigos jornalísticos, resenhas, ou através de casos hipotéticos, tendo sempre o cuidado de ter como parâmetro a realidade. Nessa técnica, o aluno é convidado a dar sua opinião, a tentar resolver o problema ali apresentado buscando possíveis saídas ou respostas.

O professor deve organizar os alunos, individualmente ou em grupos, e após a discussão nesses pequenos grupos, realizar um debate geral com o grande grupo. Para Haydt (2008, p. 195) o estudo de casos, apresenta os seguintes objetivos, como técnica didática:

a) Oferecer oportunidade para que o aluno possa aplicar os conhecimentos assimilados a situações reais.

b) Criar condições para que o educando exercite a atitude analítica e pratique a capacidade de tomar decisões.

5.4 ESTUDO DO MEIO

O estudo do meio é uma prática pedagógica que envolve o meio natural e social que envolve o aluno. Haydt (2008, p. 198):

[...] é uma prática que se utiliza de entrevistas, excursões e visitas como formas de observar e pesquisar diretamente a realidade. No entanto, não se deve confundir o estudo do meio como uma simples excursão, visita ou viagem. É uma atividade mais ampla que começa e termina na sala de aula, embora se desenvolva em grande parte fora dela. Assim sendo, o estudo do meio é uma atividade curricular extraclasse, que consiste em promover o estudo de parcelas significativas da realidade por meio de observação e pesquisa realizadas diretamente pelos alunos.

O professor necessita organizar-se para que esse estudo de caso não se transforme em mero passeio. Precisa criar meios para que ocorra a aquisição de conhecimentos relacionados a todos os níveis que o mesmo desejar. Podendo ser históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais etc.; cabe a ele relacionar com o conhecimento que desejar. Observando que esses conhecimentos serão retirados do cotidiano do aluno, em seu meio circundante.

O papel do professor, nessa prática pedagógica, então, é de orientar e coordenar o planejamento, a execução o a avaliação.

6 PROCEDIMENTOS SOCIOINDIVIDUALIZANTES DE ENSINO

Nos procedimentos socioindividualizantes encontramos sem distinção a presença dos trabalhos individual e em grupo. Os dois possuem a mesma importância. Nas técnicas socioindividualizantes encontramos:

6.1 MÉTODO DE DESCOBERTA

São propostos aos alunos experiências que levarão o aluno a observação e que “formulem por si próprios conceitos e princípios utilizando o raciocínio indutivo”. (HAYDT, 2008, p. 205). Ainda em Haydt (2008, p. 205), nesse método:

[...] o professor não transmite os conceitos e princípios de forma pronta e explícita. Ele cria situações de ensino nas quais o aluno observa, manipula materiais, experimenta, coleta dados e informações, para depois sistematizá-los e chegar as conclusões e generalizações necessárias que lhe permitirão formular os conceitos e princípios. Dessa forma ele, por si mesmo, descobre, ou melhor dizendo, redescobre o conhecimento. É por isso que esse método é também chamado de método da redescoberta.

Podemos definir essa técnica como a que dá ao aluno a possibilidade de desenvolver suas habilidades tanto cognitivas como a de chegar a descoberta de soluções em relação a problemas apresentados.

6.2 MÉTODO DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

É dado ao aluno uma situação problema para que encontre uma solução. Pode ser realizado individual ou coletivamente.

Salienta-se que neste método é preciso possuir uma postura científica tendo como base as cinco fases fundamentais que são:

1. Formulação e delimitação do problema.

2. Coleta e organização dos dados.

3. Elaboração de hipóteses.

4. Seleção de uma hipótese.

5. Verificação da hipótese escolhida.

O professor na utilização dessa técnica tem a função de selecionar problemas desafiadores e que tenham significado para os alunos; apresentar de maneira clara o objetiva a situação problema; estimular os alunos na definição e delimitação do problema, coletando dados; auxiliar, quando necessário, no referencial para a busca da solução do problema, deixando o aluno buscar as possíveis respostas e apresentar ao final para o grande grupo as soluções possíveis ao problema.

6.3 MÉTODO DE PROJETOS

O ensino passa a ser realizado, nas palavras de Haydt (2006, p. 34) “através de amplas unidades de trabalho com um fim em vista e supõe a atividade propositada do aluno, isto é, o esforço motivado com um propósito definido”.

O aluno é levado a realizar este método de maneira individual ou coletiva, buscando resolver algo através de atitudes concretas executando-as.

O método de projetos deve ter sua essência em algo que motive o aluno e que ele solicite realizar. Por exemplo: a biblioteca da escola está desorganizada, faltam livros, outros estão rasgados, o espaço está necessitando de mudanças. Os alunos verificam essa situação-problema e criam um projeto. Tendo como modelo de projeto e baseado nas ideias de Piletti

(1998):

Nome do projeto: Nossa biblioteca, nossa amiga.

Objetivo: Organizar e dinamizar a biblioteca dando nova roupagem a mesma.

Participantes: vê-se o número de alunos, turmas que participarão do projeto.

Problema: Os livros estavam desordenados nas estantes e nas mesas. Falta de limpeza e de uma pessoa para cuidar do espaço; Número baixo de livros para leitura.

Discussão e Planejamento: os alunos reúnem-se para ver como serão organizadas as frentes de trabalho para mudar a situação na biblioteca.

Resultados: tanto professor como alunos reúnem-se para ver quais os resultados da ação realizada e verificar os pontos positivos e negativos de todo o projeto.

FONTE: Piletti (1998)

Com isso, caro acadêmico, os alunos constroem valores como a responsabilidade individual e de equipe; sente-se um membro da comunidade escolar; constroem com sua experiência ideias relacionadas a determinados problemas e a possibilidade de resolvê-los.

6.4 UNIDADES DIDÁTICAS

Consiste em: “organizar e desenvolver o ensino através de unidades amplas, significativas e globalizadas de conhecimento de forma a integrar os conteúdos de uma mesma disciplina ou de várias disciplinas curriculares” (HAYDT, 2008, p. 215). Observa-se que existe aqui um ensino globalizado, interdisciplinar, cabendo ao professor ser o facilitador do processo ensino-aprendizagem “orientando os alunos quanto a aquisição de conhecimentos e habilidades cognitivas”, Haydt (2008, p. 215).

6.5 MOVIMENTO FREINET

Esse procedimento de ensino baseia-se nas ideias de seu fundador Freinet que defendia “a ideia que o professor deve considerar os interesses de seus alunos, deixando que eles se manifestem espontânea e livremente para, em seguida, fazer um trabalho pedagógico que tenha por base a livre expressão dos alunos” (HAYDT, 2008, p. 220).

Todos os espaços escolares devem ser utilizados, por exemplo, a biblioteca não pode ser vista como um espaço de mera consulta de manuais, mas um espaço de pesquisa, de busca de novos conhecimentos, espaço que o aluno se comunica, colabora e se integra com os demais alunos. A comunicação oral e a escrita devem ocorrer em um espaço de espontaneidade, no qual pode-se explorar a curiosidade dos alunos frente as atividades realizadas.

Com todos esses conhecimentos, podemos verificar que todos os procedimentos aqui apresentados e outros mais que você poderá obter através de pesquisas em materiais relacionados à Didática, englobam também os recursos audiovisuais que estão presentes em nossas escolas e que vem com o intuído de auxiliar neste processo frenético de ensino e aprendizagem.

Saber utilizá-los também cabe ao professor reconhecer. Para cada momento, situação os recursos são bem-vindos, mas cabe salientar que é preciso existir objetivos bem claros e que estejam interligados com todos os elementos formadores do plano de aula.

Saber planejar é essencial!

Buscamos, nesse caderno, delinear os caminhos que você está seguindo dentro da Educação. O caminho é incrivelmente instigante, há muito que fazer; muito que refletir; muito que estudar; muito que conhecer!

Ser professor(a) é a todo instante buscar para seus alunos, os cuidados com relação às atividades, aos planos, a sua postura como profissional da educação.

É uma profissão que exige conhecimentos científicos além da humanização.

Frente a essas palavras percebemos que o profissional da educação precisa buscar o conhecimento, estar informado, ser crítico, ter visão do todo e do que ocorre em sua sala e no entorno da escola.

Não somos uma ilha, somos profissionais que precisam aprender a trabalhar em equipe, deixar de visualizar-se como o detentor de todo o saber, pois ser professor pressupõe “esforço pessoal e formação que possibilitem o domínio de aspectos teóricos e práticos ligados à aprendizagem” (NOVA ESCOLA, 2011, p. 38).

Tenha esse Caderno de Estudos como a bússola para seus trabalhos acadêmicos e profissionais. Ele acompanhará você em seus estágios, dando-lhe orientação teórica e prática.

Paulo Freire (2001, p. 26) afirma:

Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade.

A relação entre a ética e nossa autenticidade, enquanto profissional e pessoa, devem estar interligadas em nosso processo de formação e de formar-se cotidianamente.

Acadêmico! Busque sempre, sem medo de errar!

LEITURA COMPLEMENTAR

O aprendizado do trabalho em grupo

O professor pode ensinar a turma a cooperar, escolher e decidir ao mesmo tempo em que dá conta dos conteúdos das disciplinas.

Na família e na vida profissional e social, é preciso saber se expressar, consultar, questionar, fazer planos, tomar decisões, estabelecer compromissos e partilhar tarefas. Essas ações, envolvendo aspectos práticos, éticos e estéticos, podem ser relativamente simples, como é o caso de escolher o que preparar para uma refeição ou um trajeto. Outras vezes, são complexas, como estabelecer prioridades num orçamento e atribuir responsabilidades na realização de um projeto. Na escola, atividades em grupo qualificariam para desafios como esses, tão necessários na vida social. Mas isso frequentemente esbarra em obstáculos. 

Quem acha que o papel do professor é só "passar" conhecimentos talvez veja a aprendizagem ativa e interativa como um devaneio teórico ou como ilusões de certas propostas pedagógicas. Isso, na prática, reduz o ensino à instrução individual em massa, quando as classes não são coletivos de trabalho cooperativo. Essa visão leva a uma prática em que só o professor tem a palavra e a interação dos estudantes é desprezada. Por isso, as turmas são simplesmente reunidas, não se pensa em construí-las. Atitudes dessa natureza, aliás, têm o respaldo de famílias que veem um convite à diversão quando se abre espaço à participação dos filhos.

Já quem reconhece a importância dessa participação ativa e interativa e se dispõe a promovê-la em situações reais enfrenta bem o desafio de colocá-la em prática mesmo em classes numerosas, como mostrou a reportagem “Como Agrupo Meus Alunos?”, capa da edição de março de NOVA ESCOLA. Para promover a autonomia, não bastam materiais didáticos e um professor protagonista. É preciso propor à classe atividades coletivas mais estruturadas do que as aulas expositivas, pois todos devem estar motivados e conscientes do sentido delas. 

Para isso, cabe ao professor atuar com seus colegas e com a coordenação pedagógica, aliás, com a mesma dinâmica que pretende propor em sala de aula. Além de se perguntar "de que forma a atividade em grupo melhora o ensino da minha disciplina?", é necessário formular outra: "De que forma minha disciplina pode promover nos grupos a aprendizagem cooperativa?" Sim, é possível também ter a disciplina a serviço dessa formação coletiva e não apenas o inverso. Com isso, tem-se o foco na aprendizagem e no desenvolvimento da turma, não somente no ensino de conteúdos. 

É claro que nem tudo deve ser feito de forma coletiva, pois são igualmente essenciais a exposição do professor e tarefas individuais de crianças e jovens, mas é preciso compor esses momentos articulando com coerência as ações pessoais e coletivas. Essa construção conceitual e afetiva depende do trabalho em grupo, em que se desenvolvem afinidade e confiança, identificam-se potencialidades e aprende-se com os demais. Com a diversificação do planejamento, são contempladas as diferentes necessidades e propensões dos alunos. Não só na rede pública, mas especialmente nela, os mais beneficiados por essa construção são os que vêm de contexto cultural limitado, sem outras oportunidades que não as da escola para a sua emancipação. 

As boas escolas desenvolvem práticas apropriadas a cada faixa etária. Isso porque é bem diferente desenvolver conteúdos de instrução em atividades cooperativas se for uma classe de alfabetização com professora única ou se for uma sala de adolescentes com vários professores de disciplinas. Mas a prática faz sentido desde a Educação Infantil até a pós-graduação. Aliás, logo mais estarei com quase 40 mestrandos, que não esperam minha chegada para começar a aula. Já estarão discutindo as leituras da semana em seus grupos de referência. Atitudes semelhantes podem ser encontradas em diferentes cursos, famílias e empresas, mas sempre em coletivos que valorizem a autonomia e a cooperação.

FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/aprendizado-trabalho-grupo-451879.shtml>. Acesso em: 26 abr. 2016.

RESUMO DO TÓPICO

Neste tópico, vimos que:

• Conteúdos de ensino são para Libâneo (1994, p. 128): “o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e a aplicação pelos alunos na sua prática de vida”.

• Libâneo (2011, p. 128) ainda ressalta que os conteúdos de ensino englobam “conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras; habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social; valores, convicções, atitudes”.

• Os quatro pilares da Educação são: aprender a conhecer; aprender a fazer, aprender a viver junto, aprender a ser.

• Zabala (1998, p. 42-48) aborda os conteúdos em três categorias: “atitudinais, conceituais e procedimentais. Os conteúdos conceituais referem-se à construção ativa de capacidades intelectuais para operar símbolos, imagens, ideias e representações que permitam organizar as realidades. Os conteúdos procedimentais referem-se ao fazer com que os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que obtém e os processos que colocam em ação para atingir as metas que se propõem e os conteúdos atitudinais referem-se à formação de atitudes e valores em relação à informação recebida, visando a intervenção do aluno em sua realidade. ”

• Os conteúdos possuem critérios de seleção que são: validade, utilidade, significação. Adequação ao nível de desenvolvimento do aluno; flexibilidade.

• Os critérios de organização dos conteúdos são:

a) A continuidade: a qual se refere ao tratamento de um conteúdo repetidas vezes em diferentes fases do curso.

b) A sequência: está relacionada com a continuidade, massa transcende. A sequência faz com que os tópicos sucessivos de um conteúdo partam sempre dos anteriores, aprofundando-os e ampliando-os progressivamente.

c) A integração: por sua vez, está ligada à ordenação horizontal e se refere ao relacionamento entre as diversas áreas do currículo, visando garantir a unidade do conhecimento.

• Os métodos de ensino possuem sua classificação que é assim apresentada:

a) Métodos individualizados de ensino: são aqueles que valorizam o atendimento às diferenças individuais e fazem adequação do conteúdo ao nível de maturidade, à capacidade intelectual e ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, considerando individualmente. Entre estes estão o trabalho de fichas, estudo dirigido e o ensino programado.

b) Métodos socializados de ensino: são os métodos que valorizam a interação social, fazendo a aprendizagem efetivar-se em grupo. Incluem as técnicas de trabalho em grupo, a dramatização e o estudo de casos.

c) Métodos socioindividualizados: são os que combinam as duas atividades, a individualizada e a socializada, alternando em suas fases os aspectos individuais e sociais. Abrangem, entre outros, o método de problemas, as unidades de trabalho, as unidades didáticas e as unidades de experiências.

• A aula expositiva é a mais antiga forma de prática pedagógica em sala de aula. Foi aplicada com a chegada dos jesuítas ao nosso país, no período colonial. No século passado, as aulas expositivas foram vistas com desprezo, pois se caracterizavam pelo mero repasse das informações, não dando ao aluno a possibilidade de discussão.

• Aula dialogada: nesta prática pedagógica o aluno expõe suas ideias, as quais são levadas em conta pelo professor, ocorrendo uma troca de conhecimentos e de construção desse. Observa-se que o professor se utiliza dos conhecimentos prévios do aluno, sendo o professor “mediador” deste processo, levando ao aluno a questionar, dar opiniões, ser reflexivo e reconstruir seu conhecimento.

• Estudo dirigido: nesta prática de ensino o aluno estuda um assunto delimitado, a partir de um roteiro idealizado pelo professor.

• Método Montessori: Para Montessori seu método consiste em uma concepção que “considera a vida e seu pleno desenvolvimento como um bem supremo” (HAYDT, 2008, p. 165).

• O método Montessoriano baseia-se nos seguintes princípios: liberdade, atividade, vitalidade, individualidade.

• Centros de interesse: Foi criado por Ovídio Decroly, nascido na Bélgica. Seu sistema pedagógico levava em conta “a evolução natural dos interesses da criança” (PILETTI, 1998, p. 111). Para Menezes (2001, p. 1) “Decroly elaborou a ideia de “centros de interesse” que seriam uma espécie de ideias-força em torno das quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno”.

• Procedimentos socializados de ensino são:

a) Jogo: a utilização do jogo trata-se de uma atividade que envolve o físico e mentalmente a criança através de um sistema de regras. Podemos dizer que o jogo é uma atividade lúdica, pois “joga-se pelo simples prazer de realizar este tipo de atividade. Jogar é uma atividade natural do ser humano” (HAYDT, 2008, p. 175).

• Dramatização: Ao falarmos da dramatização estamos nos referindo à representação que alunos realizam em determinado espaço. Na escola essa técnica vem a auxiliar na socialização da criança “pois integra as dimensões cognitivas e afetivas do processo educacional e instrucional” (HAYDT, 2008, p. 179). As dramatizações não ficam apegadas apenas a textos que são dados para serem representados, busca-se também através de situações do cotidiano a dramatização, onde envolve o aluno em seu cotidiano.

• Trabalho em grupo: os objetivos do trabalho em equipe sejam: facilitar a construção do conhecimento; permitir a troca de ideias e opiniões; possibilitar a prática da cooperação para conseguir um fim comum. Outro ponto a ser ressaltado em relação ao trabalho em equipe é que esta técnica beneficia a formação de hábitos e atitudes dentro do convívio social.

• Estudo de casos: É uma técnica interessante também de ser aplicada, pois podemos enquanto professores utilizar filmes, artigos jornalísticos, resenhas, ou através de casos hipotéticos, tendo sempre o cuidado de ter como parâmetro a realidade. Nela, o aluno é convidado a dar sua opinião, a tentar resolver o problema ali apresentado buscando possíveis saídas ou respostas.

• Estudo do meio: é uma prática pedagógica que envolve o meio natural e social que envolve o aluno.

• Os procedimentos socioindividualizantes são:

a) Método da descoberta: onde são propostos aos alunos experiências que levarão o aluno a observação e que “formulem por si próprios conceitos e princípios utilizando o raciocínio indutivo” (HAYDT, 2008, p. 205).

b) Método de solução de problemas: é dada ao aluno uma situação problema para que encontre uma solução. Pode ser realizado individual ou coletivamente. Salienta-se que neste método é preciso possuir uma postura científica tendo como base as cinco fases fundamentais que são: formulação e delimitação do problema; coleta e organização dos dados; elaboração de hipóteses; seleção de uma hipótese; verificação da hipótese escolhida.

c) Método de projetos: o ensino passa a ser realizado “através de amplas unidades de trabalho com um fim em vista e supõe a atividade propositada do aluno, isto é, o esforço motivado com um propósito definido”. O aluno é levado a realizar este método de maneira individual ou coletiva, buscando resolver algo através de atitudes concretas executando-as.

• Unidades Didáticas: Consiste em: “organizar e desenvolver o ensino através de unidades amplas, significativas e globalizadas de conhecimento de forma a integrar os conteúdos de uma mesma disciplina ou de várias disciplinas curriculares” (HAYDT, 2008, p. 215). Existe aqui um ensino globalizado, interdisciplinar, cabendo ao professor ser o facilitador do processo ensino-aprendizagem “orientando os alunos quanto à aquisição de conhecimentos e habilidades cognitivas” (HAYDT, 2008, p. 215).

• Movimento Freinet: este procedimento de ensino baseia-se nas ideias de seu fundador Freinet que defendia “a ideia que o professor deve considerar os interesses de seus alunos, deixando que eles se manifestem espontânea e livremente para, em seguida, fazer um trabalho pedagógico que tenha por base a livre expressão dos alunos” (HAYDT, 2008, p. 220).

AUTOATIVIDADES

UNIDADE 2 TÓPICO 3

Caro estudante, após estas várias leituras, vamos refletir um pouco sobre este movimento que envolve todo o processo de ensino-aprendizagem. Descreva como você vê a utilização de técnicas dentro do processo de ensino e aprendizagem.

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