Autor de livro sobre o papa, jornalista alemão diz que líder vai encorajar Igreja Católica no Brasil a trazer fiéis de volta
A viagem do papa Francisco ao Brasil, por causa da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, pode começar a marcar uma característica deste novo papado: a tentativa da Igreja Católica de voltar “às raízes cristãs”. Esta é a opinião do correspondente Andreas Englisch, jornalista alemão especialista em Vaticano que acaba de lançar o livro Francisco – O Papa dos Humildes, pela editora Universo dos Livros.
“Eu acho que ele vai ser lembrado como o papa Robin Hood - o papa da revolução interna do Vaticano. Ele é humilde sem dúvida nenhuma, mas isso tem um significado e o significado é que este papa faz algo incrível: ele tenta trazer a igreja de volta às raízes cristãs. Este é o fim do Vaticano aristocrático”, explica.
Na opinião do correspondente, em entrevista ao iG , o papa vai usar sua primeira viagem, desde que assumiu o cargo, em 13 de março, para falar aos pobres. “Ele vai vir para casa na América Latina. Ele vai pedir para os povos da América Latina para ajudar uns aos outros. Vai falar sobre a diferença gigante entre extremamente ricos e extremamente pobres na América Latina. Ele vai pedir que o povo da América do Sul peça apenas uma coisa: ser misericordioso”, afirma.
É que, antes mesmo de se tornar papa, Bergoglio já se preocupava, segundo o jornalista, com a perda de fiéis da Igreja Católica para outras religiões no continente. No livro, Englisch conta que encontrou com o próprio Bergoglio na cidade de Aparecida, interior de São Paulo, em 2007, durante cobertura da visita do então papa Bento XVI ao País. Na ocasião, ouviu o agora papa dizer que o “problema no Brasil ameaçava contaminar todos os países do continente”. Por isso o tema deve ser abordado pelo pontífice nas falas ao povo, segundo o autor.
“Eu tenho certeza que a simpatia de Bergoglio irá ajudar a igreja do Brasil. A Igreja Católica está perdendo muitos fieis no Brasil para outras igrejas, como, por exemplo, para igrejas evangélicas. Papa Francisco vai tentar encorajar a Igreja Católica no Brasil a chamar as pessoas de volta para a comunidade católica”, diz.
Este tipo de discurso deve mostrar também a “grande diferença” entre Francisco e seu antecessor. “O papa Bento XVI se importava principalmente sobre o quê as pessoas devem pensar sobre Deus, como elas devem acreditar. O papa Francisco não fala principalmente sobre o quê pensar, mas o que fazer para um mundo melhor e, antes de tudo, para ajudar as pessoas pobres. A visita do papa Francisco será completamente diferente da visita do Papa Bento XVI (ao Brasil). Papa Francisco ama as pessoas na América do Sul, ele virá para celebrar um grande encontro de alegria e fé”, opina.
Andreas Englisch acredita ainda que o fato da Igreja Católica ter escolhido um papa jesuíta, pela primeira vez na história, mostra vontade de melhorar o relacionamento, inclusive, com outras religiões. “Papa Francisco vai melhorar o diálogo com os judeus, fiéis de outras religiões e, até mesmo, com pessoas que não acreditam em Deus. Ele disse que em Roma muitas vezes.”
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