Desenvolvimento Sustentável é a Meta
Dos
quatro pré-candidatos a presidente da República ano que vem, dois deles, a
presidente Dilma Rousseff e o senador tucano Aécio Neves (MG), têm posições
mais próximas da chamada linha progressista em alguns desses temas. Os outros
dois, a ex-senadora Marina Silva (ainda sem partido) segue a linha da
construção de consenso pelo diálogo e o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é mais afinado com os
conservadores.
Em
uma tentativa de reaproximação com a juventude, que se desconectou do PT e foi
para as ruas em junho, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, defendeu,
no lançamento de sua candidatura à reeleição para o comando partidário, no
último dia 13, a descriminalização das drogas leves e a “liberdade sexual”. Ele
sugeriu a inclusão desses pontos no programa de governo a ser proposto por
Dilma Rousseff em sua campanha por um segundo mandato.
—
Precisamos estar atentos às políticas que calam fundo junto à juventude, toda a
questão que diz respeito à liberdade sexual, à questão da descriminalização das
drogas leves, a proteção à juventude, sobretudo a juventude negra, que nós
temos de 20 mil a 25 mil jovens negros assassinados por ano — defendeu Falcão.
A
descriminalização das drogas leves, como a maconha, porém, não é consenso no
PT. Ex-ministro da saúde, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que esse
debate ainda tem que ser aprofundado:
—
Eu já tive posição mais forte em defesa da descriminalização das drogas leves,
mas hoje não defendo com a mesma ênfase. Pessoas que têm predisposição à
dependência têm nas drogas leves uma porta de entrada para drogas mais pesadas.
Mas também não concordo com a criminalização do uso. Não há consenso dentro do
partido e a presidente Dilma, até o momento, também não manifestou essa ideia —
explicou o senador petista.
No
PT, os temas dividem não apenas o seu presidente, Rui Falcão, e Humberto Costa.
Com suas diferentes alas, algumas delas ligadas à Igreja Católica, o partido
dificilmente conseguirá um consenso neste campo. Mas não estará sozinho.
Heloísa Helena, Suplicy e Marina Silva por Uma Nova Política
Ideologias
diferentes, mas discursos nem tanto assim
No
PSDB, ocorre o mesmo dilema do PT. Apesar de o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso defender de público — depois que deixou o Palácio do Planalto — a
descriminalização das drogas, o pré-candidato tucano, senador Aécio Neves (MG),
afirmou não concordar com essa tese. Mas o tucano tem posição mais liberal em relação
a outros temas.
—
Não é coincidente com a minha (a opinião de FH sobre as drogas). Não acho que o
Brasil tenha que ser cobaia dessa experiência. Não conheço nenhum país do mundo
onde essa experiência foi positiva — disse Aécio ao GLOBO.
O
mineiro disse que apoia a interrupção da gravidez só nos casos já previstos em
lei — estupro, risco de vida para a mãe e anencefalia — e que é favorável à
união homoafetiva, já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal.
Ressaltando
que é apenas presidente do PSDB, o tucano disse que a eventual pressão de
lideranças religiosas não mudaria suas convicções:
—
Em uma campanha, você tem que ser verdadeiro, tem que externar suas posições.
Rui
Falcão deu a largada na exploração eleitoral desses temas não só ao defender
que constem da plataforma da campanha de Dilma, mas também ao criticar Marina
Silva, que está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Falcão
disse, na mesma ocasião, que a ex-petista Marina terá dificuldade na campanha,
principalmente junto aos jovens dos centros urbanos, por sua “posição
conservadora”. Marina é evangélica, mas, com formação na Teologia da Libertação.
Nas
eleições de 2010, Marina buscou o consenso e defendeu a realização de um
plebiscito sobre legalização do aborto e descriminalização das drogas. Ela se
posicionou a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas não do
casamento. Aliado de Marina, o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), favorável à
descriminalização das drogas e à legalização do aborto, rebateu o presidente do
PT:
—
Isso apenas registra qual vai ser a linha de ataque do setor mais sectário do
PT, representado por ele (Falcão). Tanto (José) Serra quanto Dilma tiveram
posição muito mais conservadora do que ela (Marina). Marina pareceu mais
moderna do que eles, apesar de seu perfil religioso. Eles foram oportunistas.
Defenderam a vida inteira a legalização do aborto e mudaram de posição na
campanha. Eu prefiro uma pessoa com quem tenho discordância, mas é autêntica,
do que o oportunismo.
Eduardo
Campos afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, ser contra a descriminalização
das drogas e a legalização do aborto, e que apoia a interrupção da gravidez
apenas nos casos já previstos em lei.
Fonte O Globo
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