IBOPE: PROTESTOS DERRUBAM CREDIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES
População brasileira perdeu confiança não só em partidos e políticos,
mas até em bombeiros -Por José Roberto de Toledo – Estadão Dados
Todas as principais instituições perderam boa parte da
confiança dos brasileiros após os protestos de junho. Mas,
entre elas, nenhuma perdeu mais do que a presidente da
República: três vezes mais do que o resto. É o que mostra
uma pesquisa nacional do Ibope, chamada Índice de Confiança Social.
Feita anualmente desde 2009, a edição de 2013 foi divulgada nesta
quinta-feira.
Entre 2012 e julho passado, todas as 18 instituições avaliadas pelo
Ibope se tornaram menos confiáveis aos olhos da opinião pública. É um
fato inédito nas cinco edições da pesquisa. O índice de confiança nas
instituições caiu 7 pontos, de 54 para 47, e, pela primeira vez, ficou na metade
de baixo da escala, que vai de 0 a 100. Na primeira edição, em 2009, marcava 58.
“É uma crise generalizada de credibilidade. Está refletindo o momento do país,
os protestos de rua. Já havia uma queda leve nos anos anteriores, mas agora a
perda de confiança se acentuou”, diz a CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari.
Nenhuma instituição passou incólume pela onda de protestos. Dos bombeiros aos
partidos políticos, das igrejas aos sindicatos, todas as instituições se tornaram
menos confiáveis para a população – inclusive os meios de comunicação, governo
federal, prefeituras, Congresso e Judiciário.Uns mais, outros menos.
A confiança na instituição “presidente da República” foi a que mais sofreu.
Perdeu 21 pontos em um ano. É três vezes mais do que a perda média de confiança
das 18instituições pesquisadas.
Em 2010, com Lula no cargo, a Presidência era a 3º instituição mais confiável, atrás
apenas dos bombeiros e das igrejas.
No primeiro ano de governo de Dilma Rousseff, seu índice de confiança caiu de 69
para 60. Recuperou-se para 63 no ano seguinte, e despencou agora para 42 – uma
nota “vermelha”. Em um ano, saiu da 4ª posição no ranking para a 11ª. Nenhuma outra
instituição perdeu tantas colocações em tão pouco tempo.
O grau de desconfiança em relação à Presidência varia regionalmente. A queda foi pior
no Sudeste, onde a instituição desabou de 60 para 34 pontos em um ano. Menos ruim
foi no Nordeste, onde caiu de 68 para 54 pontos. Há diferenças entre as classes de
consumo: 36 pontos na classe A/B contra 54 na D/E.
Para Marcia Cavallari, “a Presidência cai mais por causa da personificação dos
protestos”.
Segundo a diretora do Ibope, havia uma grande expectativa na economia que não se
realizou.
“Isso acaba se refletindo mais na instituição Presidência”.
O resultado é ainda mais preocupante para o Congresso e para os partidos políticos.
Mesmo sendo os piores do ranking de confiança das instituições, caíram ainda mais:
de 36 para 29 pontos, e de 29 para 25, respectivamente. Mantêm-se nos dois últimos
lugares da classificação desde 2009.
A confiança no sistema público de saúde sofreu a terceira maior queda, de 42 para 32,
e segue na 16ª posição. Daí candidatos de oposição que sonham disputar a sucessão
presidencial em 2014 começarem a articular suas candidaturas em torno do tema.
A confiança no Judiciário também caiu, de 52 para 46 pontos, mas como as outras
instituições caíram ainda mais, a Justiça foi da 11º para a 10º posição no ranking.
“O Judiciário havia se recuperado em 2012 por causa do julgamento do mensalão”,
lembra a CEO do Ibope. Sinal de que nem toda queda é irreversível.
“Reversível sempre é, desde que ocorram mudanças perceptíveis, concretas para
que essa credibilidade seja recuperada”, avalia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário