PARTIDOS À ESQUERDA E liberais FECHAM POSIÇÃO CONTRA O GOLPE
Com seis deputados federais, PSOL condena a proposta de impeachment em tramitação; PCB defende a legalidade, ataca as direitas e propõe a formação de frente única; PCO sai na linha de frente das manifestações de rua contra impedimento de Dilma Rousseff; PCR diz que Michel Temer não medirá esforços para agradar a burguesia nacional, internacional e o imperialismo
Nunca na história deste País, liberais, esquerdas e a extrema-esquerda do espectro político se uniram quanto na campanha contra a escalada do golpe que pode provocar o impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, Vana Linhares, eleita em outubro de 2014 com 54 milhões de votos. É o que aponta levantamento exclusivo realizado pelo Diário da Manhã.
A executiva e a bancada federal do Partido Socialismo e Liberdade [PSOL], legenda criada em 2004 por uma dissidência à esquerda do PT, desautorizaram a ex-deputada federal Luciana Genro [RS] e anunciaram a posição oficial da sigla. O partido denuncia as investigações seletivas do Judiciário, defende a manutenção do Estado de Direito e ataca a ideia do impedimento.
Os socialistas de esquerda vociferam contra as decisões do juiz de Direito Sérgio Moro. “Elas representam um claro uso político da Justiça”, dispara a Nota Oficial do PSOL divulgada no último dia 29 de março de 2016. O documento insiste ainda que as decisões judiciais possuem objetivos midiáticos e rompem as regras democráticas. ‘Elas favorecem um golpe institucional’,diz
Com seis deputados federais, entre eles, a ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, responsável pela abertura da Vala de Perus, em cemitério onde estariam restos mortais de desaparecidos políticos à época da ditadura civil e militar [1964-1985], o PSOL acredita que o impeachment somente pode ser usado com crime de responsabilidade comprovado.
- Somos contra à crise gestada pelos partidos da oposição conservadora, pelo grande capital e pelos meios de comunicação!
O PSOL crê que o pedido de impeachment se tornou uma saída com a estratégia única e exclusiva de retirar a presidente da República, Dilma Rousseff, do poder. Além de buscar “um acordão para salvar outros citados nas investigações da Operação Lava-Jato”. O texto afirma que eventual troca de governo acelerará os ajustes, a retirada de direitos sociais e a perda de soberania.
- A saída é pela esquerda, com uma reforma política profunda, ampla participação popular e mudança nos rumos da economia!
Tradicional aliado do PSOL na frente de esquerda, nas eleições, o velho Partido Comunista Brasileiro [PCB], fundado em março de 1922, e que teve em seus quadros o ‘Cavaleiro da Esperança’, Luiz Carlos Prestes, morto em 1990, aos 92 anos, publicou nota também contra a escalada autoritária e “Por um bloco de luta anticapitalista para barrar o avanço da direita”.
O PCB defende as liberdades democráticas, repudia a ofensiva da ordem burguesa e denuncia o suposto clima fascistizante de intolerância no debate político no Brasil. Coerente com a sua tradição de 94 anos de luta, os vermelhos garantem ser contra o processo vil do impedimento da presidente. “Por compreender a natureza de classe que os move”, registra.
- Em qualquer hipótese, o resultado desse processo será contra os trabalhadores.
Utilizando conceitos teóricos fundados nas ideias de Karl Marx, F. Engels e Vladimir Ilich Ulianov, codinome Lênin, o líder da revolução russa que completará 100 anos em 2017, os dirigentes explicam que as diferentes frações da burguesia, que antes se dividiam entre o apoio ao governo do PT ou a sua derrubada, agora confluem para interromper o mandato presidencial.
O documento vermelho é taxativo: estamos diante de um processo marcado por casuísmos, contradições e oportunismos de todo tipo, orquestrado pela combinação de ofensivas jurídicas, legislativas e midiáticas. Segundo o PCB, que mal escondem os claros vínculos com as camadas mais poderosas e conservadoras que querem manter e aprofundar os seus privilégios materiais.
- Além disso, promoveram ataques diretos aos trabalhadores!
Para o PCB, defender as liberdades democráticas implica enfrentar as ofensivas do capital. Não há saída para a atual crise política pela via do aprofundamento da lógica da conciliação de classes, observa. “A saída é pela esquerda, com a formação de um bloco de lutas de caráter anticapitalista, com unidade de ação, sem hegemonismos, em torno de uma pauta mínima”
- Que possa expressar as necessidades da classe trabalhadora por emprego, terra, teto, direitos e liberdades.
O comitê central do Partido Comunista Revolucionário [PCR] soltou pública nota em 22 de março de 2016 em que condena o processo de impeachment contra a presidente da República, Dilma Rousseff. Michel Temer é pior do que Dilma Rousseff, aponta a palavra de ordem dos revolucionários que têm forte enraizamento social no nordeste do Brasil e em São Paulo, sudeste do País.
- Não ao retrocesso! A saída para a crise é o poder popular!
“Os partidos derrotados nas eleições de 2014 – PSDB, DEM e PPS -, apoiados pelos poderosos meios de comunicação da burguesia e financiados pelas maiores entidades empresariais, como a Fiesp, vão às ruas e propagam pelos jornais, rádios e TVs que a solução para resolver a crise econômica capitalista em nosso país é o impeachment de Dilma e o fim da corrupção do PT”.
- Vamos derrotar a direita golpista e barrar o retrocesso!
O PCR avalia que nas manifestações pelo impeachment é notável a ausência da classe operária e da imensa maioria dos pobres do país. “O que predomina é uma classe média com roupas de grife, grandes, médios e pequenos empresários e bandos de fascistas”, dispara o panfleto. “Não podemos considerar que o resultado dessa disputa tanto faz, que pouco importa”, analisam.
“Tal posição é um erro, é subestimar o que seria um governo do PMDB em aliança com o PSDB, DEM e as forças mais reacionárias do país. De fato, o impeachment de Dilma Rousseff significa empossar Michel Temer na Presidência da República. Trata-se de um oportunista, que não medirá esforços para agradar a grande burguesia nacional e internacional e o imperialismo”, pontuam.
- A saída para a crise é o poder popular e o socialismo!
Uma dissidência da Organização Socialista Internacionalista [OSI], que criou, primeiro, a tendência interna do PT e o jornal Causa Operária, e que, expulsa da legenda, na década de 90, fundou o Partido da Causa Operária [PCO], presidido pelo jorna¬lista e escritor Rui Costa Pimenta, aparece na linha de frente contra o golpe da direita e o impeachment de Dilma Rousseff.
De linhagem trotskista, o PCO denuncia as ameaças ao Estado Democrático de Direitos, aos direitos econômicos e sociais dos trabalhadores e atacam o vice-presidente da República, Michel Temer. Um dos articuladores do golpe. “Os trabalhadores saíram às ruas na última quinta-feira, 31 de março, no Brasil, nas principais capitais e também nas cidades do interior”, diz o site
Reportagem do causaoperária.net registra que no resto do mundo, Alemanha, Reino Unido, França, Estados Unidos, Portugal, brasileiros e estrangeiros protestaram. ”O principal ato, que ocorreu em São Paulo, deixou a Praça Sé e ruas adjacentes, no centro da cidade, completamente lotados”, aponta o texto jornalístico. Dezenas de milhares de pessoas que se reuniram:
- Para dar um recado contundente aos golpistas e sua imprensa: não vai ter golpe! O clima era de resistência e disposição para enfrentar de maneira organizada, nas ruas, a direita fascista que está tentando ganhar espaço, mas que não será capaz de fazer frente ao povo trabalhador que tem demostrado cada vez maior esclarecimento sobre o que ocorre.
A corrente ‘O Trabalho’, seção brasileira da Quarta Internacional, central mundial da revolução fundada em setembro de 1938, na França, por Liev Davidovich Bronstein, codinome Leon Trotsky, condena a escalada do golpe contra Dilma Rousseff, mobiliza os trabalhadores ao atuar na CUT e teve papel de destaque no ato do dia 31 de março. Marcus Sokol é seu dirigente
- O PSTU é a voz dissonante da extrema-esquerda
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